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19 de abril de 2024

Uma Rua no Brooklyn, de Jenny Jackson: um romance com teor de crônica para os amantes de Nova York

Confesso, não fui uma daquelas jovens obcecadas pela Disney ou cultura estadunidense. Consumia as músicas, séries e filmes, mas sem nenhum deslumbramento. Tudo mudou há 2 anos quando comecei a assistir Sex And The City: se você não é fascinado por Nova York, Sarah Jessica Parker vai te fazer mudar de ideia. Com as noites de gala, vida boêmia e círculos sociais bem definidos onde todos se conhecem, a Big Apple é uma cidade cheia de encantos como já nos avisava Alicia Keys em Empire State of Mind - "In New York / Concrete jungle where dreams are made of / There's nothin' you can't do".

Quando vi o lançamento da Companhia das Letras com ambientação no submundo dos milionários da Brooklyn Heights, comecei a leitura e terminei em 2 dias. É um romance leve, mas com reflexões sobre família, dinheiro, elite e aparências. Comecei o livro me perguntando o quão maravilhoso deveria ser uma vida com tantos luxos e regalias, mas terminei com a clássica pergunta perene: "dinheiro realmente traz felicidade?". 

Havia um sem-fim de coisas que poderia dar errado, e dinheiro era a melhor maneira de se proteger de uma tragédia.

Uma Rua no Brooklyn é escrito sobre o ponto de vista de 3 mulheres. As duas irmãs e clássicas nova-iorquinas frequentadoras dos melhores clubes, são as irmãs Georgiana e Darley. A primeira, uma jovem que trabalha numa organização que visa levar saúde para países menos favorecidos, vivendo sua solteirice e avançando em uma paixonite do escritório. Mimada como a irmã, Darley abriu mão de sua herança milionária no acordo pré-nupcial para casar com Malcolm, descendente de coreanos e um mago do mercado financeiro da aviação. 

A última mulher é a que tira a narrativa do seu eixo Real Housewives. Sasha foi criada numa família de classe média e teve a sorte de conhecer seu grande amor no começo da vida adulta após anos de idas e vindas com o namorado do ensino médio. Cord é o marido de Sasha, irmão de Georgiana e Darley, que resistem em aceitar o casamento e chamam a cunhada de "a interesseira". Após o casamento, o casal mudou-se para o grande sobrado de 4 andares da família na Pineapple Street, mas a recém-chegada à família não pode sequer mudar as cortinas ou jogar recordações de família no lixo. É um lembrete silencioso de que a família Stockton é um clã e ela não é de todo bem-vinda. 

Estavam sempre desesperados em manter as aparências e se certificar de que não houvesse nenhuma rachadura em sua fachada.

Com essa dinâmica instalada, o livro se desenrola em meio a fofocas, dramas e conflitos dos 1% mais ricos do mundo. Os encontros em clubes de tênis da alta sociedade e as festas à fantasia, revelam um pouco sobre como o dinheiro pode ser um grande criador de problemas, na mesma medida que pode solucioná-los. 

Aos desavisados: não é um romance água com açúcar. Em alguns momentos, vai te deixar com a garganta seca sem saber o que acontecerá e se os personagens ficarão bem. É totalmente humano, são problemas tão cotidianos que provam que os super-ricos também são humanos sujeitos às suas emoções e às consequências destas. 

Fiquei muito feliz em poder ler sobre temas que gosto como dilemas familiares e vida em Nova York com uma narrativa tão adulta, sagaz e questionadora. Um romance leve, mas com o peso de uma vida cotidiana o que traz um teor de crônica do The New York Times de domingo. Aos amantes de NY, uma leitura inesquecível. Aos que ainda não se deslumbram com a energia cosmopolita da cidade, uma oportunidade de deleitar-se. 

Título Original: Pineapple Street ✦ Autora: Jenny Jackson
Páginas: 256 ✦ Tradução: Lígia Azevedo ✦ Editora: Companhia das Letras
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15 de abril de 2024

A Biblioteca da Meia-Noite, de Matt Haig, mostra que independentemente das nossas decisões, viver é sempre um processo muito difícil

Acho que o primeiro contato que tive com uma história com foco em realidades alternativas foi Efeito Borboleta, filme de 2004 protagonizado por Ashton Kutcher. Nele, Evan, o personagem, consegue viajar no tempo e alterar o passado, trazendo consequências não muito boas para o presente. "Efeito borboleta" é uma expressão muito utilizada na Teoria do Caos para explicar uma das características mais marcantes dos sistemas caóticos, isto é, a sensibilidade das condições iniciais. No caso desse filme, ou do livro A Biblioteca da Meia-Noite, até mesmo as menores decisões, aparentemente insignificantes, têm capacidade de gerar mudanças gigantescas ao longo do tempo

Nora Seed é uma mulher que coleciona arrependimentos. Vive uma vida totalmente sem emoção, o que faz com que ela se questione constantemente como estaria e aonde teria chegado se tivesse tomado algumas decisões diferentes no passado. Após ser demitida, seu gato ser atropelado e ser dispensada pelo vizinho idoso da única tarefa que fazia com seus dias tivessem um pouquinho de sentido, Nora sente que sua existência na Terra não é mais necessária, que ninguém mais precisa dela. E é assim que a personagem vai parar na Biblioteca da Meia-Noite. 

A Biblioteca da Meia-Noite é um lugar onde o tempo não passa. Nora não está morta, mas também não está viva. Mas ao chegar nesse lugar, ela recebe a oportunidade única de viver todas as vidas que poderia ter vivido caso tivesse tomado outras decisões. Cada livro da biblioteca é uma vida diferente: o que teria acontecido se Nora não tivesse terminado um relacionamento de anos? Ou fosse viajar com a melhor amiga, ou tivesse seguido carreira musical, ou tivesse se tornado uma nadadora olímpica, ou, ao invés de Filosofia, tivesse cursado Glaciologia na faculdade? A partir dos seus arrependimentos, Nora tem a oportunidade de consertar seu passado e, quem sabe, achar uma vida que realmente faça sentido a ponto de desejar ficar nela. 

Após finalizar essa leitura, entendo o porquê de ela fazer tanto sucesso. Afinal, todos nós temos vontade de mudar uma decisão ruim que tomamos no passado... Mas, assim como Nora, acho que nunca paramos para refletir sobre as reais consequências dessas alterações. Alguns exemplos práticos: eu estaria casada com meu marido mesmo se eu tivesse aceitado aquela primeira solicitação dele no Facebook, que eu recusei por não saber quem ele era direito? Se eu tivesse contrariado a vontade da minha família e tivesse feito Letras na faculdade ao invés de Geologia, eu já estaria terminando o meu doutorado agora, ou sequer estaria fazendo doutorado? A questão é justamente essa: nós nunca saberemos! 

Percebe-se por esse texto que A Biblioteca da Meia-Noite é um livro extremamente melancólico, cheio de gatilhos, do início ao fim. As primeiras tentativas de Nora de encontrar a vida perfeita, por exemplo, são extremamente dolorosas, até um pouco difíceis de digerir. Mas, assim como Nora, queremos saber os rumos que ela poderia ter tomado na vida. E é aqui que admito uma das maiores vitórias de Matt Haig com esse livro: é fácil demais se perder em uma narrativa com multiversos, uma vez que essas muitas vidas podem não agregar muita coisa na história como um todo, e não é isso o que acontece aqui. Cada universo alternativo de Nora causam algum impacto na personagem, na sua versão "definitiva". 

Os capítulos curtos ajudam muito na fluidez da narrativa, mas não deixa de ser um livro muito difícil. À medida que avançamos na leitura, temos a percepção de que a vida perfeita não existe. Coisas boas e ruins vão existir na mesma proporção, não importa a decisão que a gente tome. Acredito que essa é a grande reflexão desse livro, e é por isso que vejo tanta gente dizendo que ele flerta um pouco com o gênero autoajuda: viver não é fácil e, diferentemente de Nora Seed, não temos o privilégio de escolher entre milhares de possibilidades, não temos como voltar atrás. Nos resta, no fim, aproveitarmos as partes boas e aprendermos a lidar com as ruins.

Título Original: The Midnight Library ✦ Autor: Matt Haig 
Tradução: Adriana Fidalgo ✦ Páginas: 320 ✦ Editora: TAG Experiências Literárias & Bertrand Brasil

8 de abril de 2024

De Volta aos Anos 90, de Maurene Goo: um retrotáxi e a relação entre gerações de uma família coreana


Sam é uma menina de 2025 que está no último ano do ensino médio, concorrendo à rainha do baile na sua escola. Ao contrário do que possa parecer, Sam não é uma garota fútil, ao estilo meninas malvadas. Ela se importa com o meio ambiente, é ótima escritora e gosta muito das suas raízes coreanas. Ela é totalmente oposta a sua mãe, Priscilla.

Por causa das diferenças abissais entre as duas, elas brigam constantemente sobre tudo. Um dia, em meio a uma briga muito feia, Sam se vê obrigada a pedir um carro por aplicativo para "fugir" de Priscilla. Ela nota algumas coisas estranhas, mas só quer acabar aquela corrida, chegar na escola e tomar conta da sua própria vida e seus problemas. Só que ao descer do carro, Sam descobre que ela foi parar em 1995.

Não tendo a menor ideia dos motivos que fizeram ela ir parar ali, precisando encontrar um meio de voltar pra casa, ela entende que precisa ajudar a versão adolescente (e insuportável) da mãe a ganhar o concurso de rainha do baile e, consequentemente, melhorar seu relacionamento familiar.

Em meio a essa confusão, Sam começa a entender a si mesma, e também começa a ver como a relação entre ela e sua mãe se tornou tão pesada com o passar dos anos. Ah, e temos crushes de outras épocas também, um personagem muito fofo que vai roubar seu coração, assim como roubou o de Sam. Além disso, o livro tem mil referências aos anos 90, óbvio, mas também tem coisas atuais como k-pop e k-dramas, Taylor Swift e muito mais.

No meio de todo esse universo pop, De Volta aos Anos 90 mergulha na dinâmica entre três gerações de uma família coreana, navegando por diferentes épocas através de uma jornada no tempo. Ao fazê-lo, ele habilmente aborda questões sensíveis como as experiências de famílias imigrantes, o racismo arraigado e a xenofobia estrutural dos anos 90, cujas repercussões ainda ecoam nos dias atuais. Apesar da profundidade desses temas, a narrativa é leve e muito divertida.

Uma coisa sobre essa questão das dinâmicas familiares que eu gostei bastante foi perceber como a gente tende, mesmo que inconscientemente, a reproduzir comportamentos dos nossos pais. Por exemplo, a relação da Sam com a avó é maravilhosa, mas a relação da Priscilla com a mãe é tão ruim quanto a de Sam com Priscilla. Inclusive, é essa ruptura da relação entre a mãe e a avó que "justifica", de certa forma, a rigidez da relação entre Sam e Priscilla. Será que a interferência de Sam no ano de 1995 vai ajudar? Só vocês lendo para saber. 

Como é boa a surpresa de pegar um livro sem pretensão nenhuma e simplesmente acabar com um favorito da vida em suas mãos. Amei de mais De volta aos anos 90, me diverti horrores e chorei também. Um livro ótimo e uma recomendação um pouco diferente do que eu costumo trazer por aqui!  

Título Original: Throwback ✦ Autora: Maurene Goo
Páginas: 416 ✦ Tradução: Lígia Azevedo ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora

4 de abril de 2024

Babel, de R. F. Kuang: magia, tradução e colonialismo


Você provavelmente já ouviu aquela frase: "Saudade não tem tradução", né?! De fato, existem palavras, em diferentes línguas, que não podem ser perfeitamente traduzidas em outras línguas. Sabe aquele momento da vida cotidiana que te dá uma intensa sensação de conforto, aconchego e contentamento? Como quando, por exemplo, você senta na sua poltrona, lendo um livro muito bom e se sentindo extremamente satisfeito com aquele momento? Os dinamarqueses têm uma palavra para isso: hygge. Já os suecos possuem uma palavra que significa acordar cedo e sair para ouvir o primeiro canto dos pássaros: gökotta. Os alemães chamam de waldeinsamkeit a sensação de estar sozinho no meio da floresta e se sentir parte dela, parte da natureza, numa forte conexão espiritual. Essas palavras, intraduzíveis por assim dizer, são o foco em Babel. Mas eu estou me adiantando. Vamos do início.

Também da autora:

Em Babel, R. F. Kuang, mesma autora de A Guerra da Papoula, nos apresenta a uma ficção especulativa, misturando eventos históricos reais e elementos fantásticos. A história se passa na década de 1830 e tem início na cidade de Cantão, na China. Um menino, que será chamado de Robin Swift, perde toda a sua família para a Cólera. À beira da morte, o menino é resgatado por um homem misterioso que será seu tutor daqui pra frente, levando-o para viver com ele em Londres, dando-lhe moradia, comida e educação. Em troca, Robin deverá se dedicar ao estudo das línguas e, futuramente, ingressar na Universidade de Oxford, onde está localizado o Real Instituto de Tradução, um prédio de oito andares também chamado de Babel, em referência à Babel bíblica. 

O sistema de magia criado por Kuang consegue ser muito simples e muito complexo ao mesmo tempo. A magia aqui é canalizada em pequenas barras de prata. Mas o real elemento mágico são as palavras, já que a prata serve apenas como um veículo para a magia. Em cada lado dessa barra de prata se escreve uma palavra, em duas línguas diferentes, e a prata manifesta exatamente aquilo que se perde na tradução, ou seja, aquela lacuna entre o significado real da palavra original e o significado aproximado da palavra traduzida. Confuso? Um pouco, mas a autora dá diversos exemplos ao longo do livro que vão tornando mais fácil compreender.

O fato é que, para ser capaz de utilizar essa magia, a pessoa precisa ser falante das línguas impressas na prata. Não basta ler a palavra, nem mesmo conhecer a língua superficialmente. É necessário ser fluente e ter total domínio da língua. Por isso, os estudantes de Babel costumam ser estrangeiros que passam boa parte do seu tempo estudando diferentes línguas para serem capazes de produzir barras de prata mágicas. É para esse trabalho que Robin é treinado desde criança. E para onde vão essas barras mágicas? Bom, é aqui que começa o problema. As barras são um produto caro e sua produção e comercialização se concentra na Grã-Bretanha. Isso, para alguns, é uma forma de "exploração deliberada de cultura e recursos estrangeiros" (palavras de um certo personagem que vai surgir no livro pra deixar nosso protagonista confuso).

Robin é apaixonado por esse mundo, por Babel, pelos amigos que conheceu na Universidade e pela magia da tradução. Tão apaixonado que, inicialmente, ele nem se importa de estar se afastando das suas origens. Afinal, a vida que ele tem agora é tão melhor do que a vida na China. Mas será que tudo isso está certo? O conflito moral do personagem é um dos pontos que Kuang vai explorar. Mas são tantos outros pontos que se destacam nessa história que é até difícil pontuar. Acho que já ficou claro que Babel fala sobre colonialismo, sobre o valor da cultura e da língua, sobre usar os recursos de um povo para construir riqueza para outro povo. E Kuang não tem medo de ser ácida em sua escrita.

Robin é o tipo de protagonista que o leitor não vai amar justamente porque ele é muito real. Senti raiva dele em muitos momentos porque ele é covarde, prioriza as escolhas mais fáceis e é egoísta. Ele não é o típico herói que coloca o seu próprio bem-estar em segundo lugar para priorizar o bem comum. Ele é confuso e adora ficar em cima do muro... Pelo menos até o muro desmoronar. Robin, inevitavelmente, vai perceber que os dois lados não podem prosperar juntos. Para Babel e o império prosperarem, seu povo, a China, continuará sendo explorado. Robin ama traduzir e ama a Universidade, mas será que conseguirá viver em paz vendo os chineses definhando? Quando a guerra se tornar inadiável, de qual lado Robin lutará?

Babel é uma leitura densa, então não vá esperando um livro rápido e fácil de ler. Eu levei muito mais tempo para ler Babel do que costumo levar com livros do mesmo tamanho. Em muitos momentos, me senti lendo um livro acadêmico, técnico, são tantos termos, teorias e explicações para conceitos complexos que eu lia um capítulo por vez e precisava parar para pensar. Alguns trechos são revoltantes e difíceis de ler e as falas xenofóbicas e machistas são comuns. Por exemplo, quando o professor Lovell, tutor de Robin, lhe diz:

Preguiça e dissimulação são traços comuns nos indivíduos do seu povo. É por isso que a China continua sendo um país indolente e atrasado enquanto seus vizinhos avançam em direção ao progresso. Por natureza, vocês são tolos, têm a mente fraca e são pouco inclinados ao trabalho árduo. Você tem que lutar contra essas características, Robin. Tem que aprender a superar a impureza de seu sangue. Eu apostei alto na sua capacidade de fazer isso. Prove-me que valeu a pena ou compre você mesmo sua passagem de volta para Cantão.

E isso é na página 56, ta?! Imagina o resto do livro.

Essa história me fez pensar sobre tanta coisa. Nós, leitores, precisamos tanto das traduções para termos acesso a maioria dos livros que lemos e, às vezes, nem paramos para pensar no quão desafiador deve ser traduzir um texto, escolher as melhores equivalências e tentar manter o significado do texto original, sem distorcer a mensagem que o autor desejava passar. Basta uma palavra ser traduzida inadequadamente e todo um parágrafo corre o risco de ser distorcido. E será que isso é realmente possível? Traduzir sem distorcer? De acordo com um dos professores de Babel, não. Segundo ele: "os tradutores não transmitem uma mensagem, mas reescrevem o original. [...] a distorção é inevitável. A questão é como distorcer com ponderação."

Outro ponto muito interessante sobre Babel é que existem notas de rodapé ao longo de todo o livro. Porém, não são notas de rodapé comuns. É como se a pessoa que escreveu as notas fosse uma personagem à parte, com personalidade e opiniões próprias. Eu imaginava a própria Kuang como essa narradora à parte, aparecendo como narradora e personagem em seu próprio livro. Kuang que, inclusive, deve ser uma mulher brilhante que eu adoraria ter como amiga. Atualmente, a escritora está cursando doutorado em Literatura e Línguas do Leste da Ásia. Ou seja, a gata sabe do que tá falando.

Particularmente, gostei bem mais de Babel do que gostei de A Guerra da Papoula, mas acho que ambas as histórias demonstram muito bem o quão potente é a escrita da Kuang. Principalmente no primeiro terço da história, Babel me lembrou A História Secreta da Donna Tartt, já que, especialmente no início, Babel até pode ser chamado de Dark Academia (inclusive com a presença de sociedades secretas). Mas acho que o que Kuang criou é tão único e com características tão próprias que fica difícil enquadrar num só gênero. É, de certa forma, uma ficção histórica, porque resgata acontecimentos reais. É fantasia, mas pode frustrar os amantes do gênero, já que os elementos fantásticos aqui servem apenas como pano de fundo para outras discussões. É Dark Academia, porque se passa no ambiente acadêmico e tem essa vibe obscura.

Babel foi uma leitura lenta que me custou muitos dias, mas que eu não pude deixar de apreciar. O final foi um pouco corrido e acho que tinham elementos dessa história que poderiam ter sido melhor explorados, mas, mesmo assim, eu considero uma leitura que vale a pena. Recomendo a leitura, principalmente para quem busca um livro complexo que não vai ser facilmente esquecido. São quase 600 páginas (e em letras pequenas) de uma história cheia de nuances e debates éticos, morais, sociais, culturais, psicológicos e identitários. E são tantas camadas que eu sinto que dava pra criar um clube do livro só pra falar sobre Babel. A história está cheia de jogos de palavras e trocadilhos que eu fiquei tentando decifrar, mas confesso que não obtive 100% de sucesso. Por exemplo, a maioria dos personagens tem nomes que podem ser traduzidos (parcial ou integralmente) e eu fiquei pensando se isso foi intencional (creio que sim) e tentando ligar o nome (a palavra) ao personagem.

Valeu a pena passar tantas horas lendo Babel. A edição da Intrínseca está linda. Eu gosto da capa, da escolha elegante de cores e o livro é super maleável, daqueles que você consegue abrir totalmente sem estragar a lombada. A tradução está impecável. Nem imagino o quão desafiador foi para a Marina Vargas traduzir um livro que fala sobre o ato de traduzir e que mistura tantas línguas numa só história. Só me resta parabenizá-la por trabalho cuidadoso que ela fez.

Título Original: Babel: Or the Necessity of Violence: An Arcane History of the Oxford Translators` Revolution 
Autora: R. F. Kuang ✦ Páginas: 592 ✦ Tradução: Marina Vargas ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
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1 de abril de 2024

Top Comentarista: Abril 2024

Simplesmente chocada que mal pisquei e já chegamos em abril, mais conhecido como o melhor mês do ano — sim, é quando faço aniversário. Gente, tô tão feliz que finalmente tô lendo de novo! Parece besteira, mas é muito difícil simplesmente tentar de tudo, todos os gêneros, e não conseguir sair das primeiras páginas... Fiquei muito tempo me perguntando porque isso acontece, já que ler é uma das coisas que mais amo fazer. Mas enfim, volto com mais notícias das minhas leituras em breve!

Falando sobre o top comentarista: as regrinhas vocês já sabem de cor, mas não custa relembrar, né? Nos primórdios do blog, era obrigatório comentar em todas as postagens para não ser desclassificado do concurso, mas agora vocês são sorteados a partir dos comentários. Isso significa que não é obrigatório comentar em todos os posts: cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar. Todos os meses um comentário será sorteado pelo aplicativo.

Atenção: só preencha o formulário nos dias em que comentar no blog. Por exemplo, se em determinado mês tiverem 13 posts, o número máximo de entradas que cada participante pode ter no formulário é 13! Outra coisinha: já tem alguns anos que o Rafflecopter não é mais responsivo, então acho que no computador a visualização fica melhor! Até pensei em fazer o formulário pelo Google, mas o sorteio é mais trabalhoso para mim. Quaisquer dúvidas, podem entrar em contato comigo no Twitter ou Instagram! 💖

O prêmio é um vale de trinta reais na Amazon! Ah, as chances extras continuam: comentar nos posts do Instagram e tweetar sobre o top todos os dias em que tiver postagem nova por aqui, então aproveitem! Caso tenha restado alguma dúvida, podem me procurar nas redes sociais, tá bom?

Observações
- O período de validade desse top comentarista é de 01/04/2024 à 30/04/2024. Cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia.
Não serão computados comentários genéricos, só aqueles que exprimem a opinião do leitor e mostram que ele realmente leu o post. Comentários plagiados de outras plataformas (lembrem-se que plágio é crime) ou que se repetem em outros blogs não serão considerados. Comentários do tipo serão excluídos sem aviso prévio e o participante será automaticamente desclassificado;
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- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo o Twitter informado (@anadoroendo);
- Após o término do top, o Roendo Livros tem até 15 dias para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito. O livro escolhido (na faixa de preço estabelecida) deverá ser informado no corpo do e-mail;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- O Roendo Livros não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados no livro. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e ausência de recebedor. O livro não será enviado novamente;
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- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.

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19 de março de 2024

A Deusa em Chamas, conclusão da trilogia de sucesso de R. F. Kuang: "Sou a força da criação. Sou o fim e o começo. O mundo é uma pintura e eu tenho o pincel. Sou uma deusa"

Oi gente! Aqui é a Gabs, do Podcast Terminei! Mais uma vez tô aqui no Roendo Livros para fazer uma resenha! Hoje venho falar sobre o final mais que esperado para a trilogia de fantasia mais comentada nos últimos tempos, A Guerra da Papoula. Depois de muito tempo do lançamento, finalmente consegui terminar essa trilogia da R. F. Kuang. E não digo isso porque a série é ruim ou demorada, mas sim pela perfeição que ela tem em apresentar e criar os fatos históricos e ficcionais, o que demanda um tempo maior de leitura.