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27 de março de 2025

Mar da Tranquilidade, de Emily St. John Mandel: uma leitura quase 5 estrelas

Vai ser difícil escrever essa resenha, mas vamos lá: vou começar dizendo que a vontade de ler esse livro surgiu depois que o Victor Almeida (Geek Freak) o indicou. Eu gosto das indicações do Victor porque, na maioria das vezes, nossos gostos combinam e as recomendações dele quase sempre funcionam comigo.

Recebi o livro e demoreeeeei pra começar a ler. Não sei explicar o porquê, mas toda vez que eu via o livro em cima da minha mesa, eu simplesmente preferia fazer qualquer outra coisa. Até que, cansada de procrastinar essa tarefa, eu iniciei a leitura. Foi difícil no começo e até procurei resenhas de outras pessoas pra tentar entender o que eu não estava conseguindo captar da história. E o tempo todo pensando: "Victor, você me prometeu!"

Essa dificuldade para me conectar com a história aconteceu principalmente porque não se trata de UMA história, mas de várias, em diferentes lugares e tempos. Começamos acompanhando o jovem Edwin St. Andrew, em 1912. Em seguida, o livro da um salto de 108 anos e nos apresenta outros personagens no ano de 2020. Mais algumas páginas e conhecemos Olive, uma autora em turnê de lançamento de seu novo livro no ano de 2203, quando os humanos já povoaram a lua. Mas é só na parte 4 do romance, que se passa no ano de 2401, que iremos conhecer nosso personagem principal (ou o mais próximo que temos de um personagem principal neste livro), Gaspery. E é só a partir daí que tudo vai fazer sentido, pois há uma estranha experiência que conecta todos esses personagens.

No geral, eu preciso de tempo para me envolver com uma história e fica difícil me vincular quando o livro fica pulando de uma época para outra. Então eu tive que insistir. E valeu muuuuito a pena ter insistido. Não que a história seja 100% original. Na verdade, eu tenho certeza que você, assim como eu, já assistiu ao menos um filme ou leu pelo menos um livro com essa mesma temática. Mas é uma temática tão interessante que não se esgota facilmente. E a autora, Emily St. John Mandel, conseguiu trazer inovação e, principalmente, sentimento pra essa história, com uma pitada de dilemas morais.

Eu sei que estou soando misteriosa e gostaria de poder falar mais sobre minha experiência, mas eu realmente não quero estragar o seu processo de leitura, pois tudo que eu disser a partir daqui será um grande spoiler (apesar da sinopse entregar TUDO). Eu não sou o tipo de leitora que gosta de ficar tentando desvendar os mistérios de um livro. Eu gosto de me deixar levar e de me permitir ser surpreendida na hora que a autora quis que eu me surpreendesse. Isso, na minha opinião, também garantiu que minha experiência de leitura fosse boa, porque eu senti o impacto de cada plot twist. Se você também gosta de se surpreender com o andamento da história enquanto ela acontece, não leia a sinopse do livro. Mas, mesmo lendo a sinopse e sabendo o tema principal, eu garanto que a leitura tem muito mais a oferecer. A revelação final é realmente incrível e muito tocante.

Mas não só de plot twists sobrevive um bom livro, né?! Mar da Tranquilidade também é cheio de reflexões tocantes sobre a vida e as conexões humanas. Eu marquei várias frases e é evidente que a bagagem literária da autora é grande, pois há também várias citações e paráfrases ao longo da história. 

Um personagem que me interessou muito foi o primeiro apresentado no livro: o jovem de 1912. Todos os personagens voltam a aparecer posteriormente e eu aguardei ansiosamente o reaparecimento dele. Fiquei pensando que eu facilmente leria um livro inteiro só sobre ele e sobre tudo que o livro não mostrou da vida dele.

É divertido pensar que todas as respostas estiveram ali o tempo todo e esse é um daqueles livros que você tem vontade de voltar ao início assim que termina de ler, pra tentar ver os sinais que você ignorou na primeira leitura.

Terminei o livro com muitos sentimentos. Não foi uma leitura 5 estrelas pra mim, mas chegou muito perto. A história é muito boa, mas faltou envolvimento. Estranhamente, eu cheguei a conclusão de que faltaram páginas. Eu queria mais dessa história, com mais detalhes, mais desenvolvimento e menos saltos abruptos no tempo. Queria ter me apegado mais aos personagens pra ter me importado mais com as coisas que aconteciam com eles. O livro já tem uma carga emocional forte, mas com mais páginas isso teria sido ainda mais intenso. E digo isso principalmente quanto ao Gaspery. A história dele é linda e comovente, mas suas escolhas e decisões são pouco contextualizadas, simplesmente porque parece que não o conhecemos tão bem e não entendemos seus valores e o que o motiva.

Eu diria que foi uma leitura 4 estrelas, mas favoritada. Vocês favoritam livros que não são 5 estrelas? Pra mim não é tão comum, mas acontece de vez em quando. E aconteceu com Mar da Tranquilidade. Foi uma leitura emocionante e inteligente, mas poderia ter sido ainda melhor se eu tivesse me apegado mais aos personagens.

Título Original: Sea of Tranquility ✦ Autora: Emily St. John Mandel
Páginas: 272 ✦ Tradução: Débora Landsberg ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

20 de março de 2025

Olhe de Novo, de Tali Sharot e Cass R. Sunstein: uma reflexão sobre a capacidade de ser (re)impressionar com o cotidiano


Recentemente, eu, aos 31 anos de idade, viajei de avião pela primeira vez na vida. Durante o voo, enquanto eu olhava pela janela com olhos marejados, vendo as nuvens passando e o solo ficando mais e mais distante, reparei em outros passageiros, claramente habituados com aquela experiência, indiferentes à paisagem. Alguns até mantiveram suas janelas fechadas e passaram a viagem toda sem admirar aquela vista surreal. Por dentro, eu estava gritando: "Você está perdendo isso. Eu sei que você já viajou de avião antes e que isso não é novidade pra você, mas olhe de novo. É lindo! Você precisa ver!"

Olhe de Novo, livro publicado no Brasil em 2025 pela Intrínseca, vai falar justamente sobre isso: a importância de não se habituar completamente, de preservar a capacidade de se maravilhar com o velho e de recuperar a sensibilidade frente àquilo que já virou rotina. Quem não se lembra de uma primeira vez emocionante, né?! A primeira noite na casa nova, o primeiro dia de trabalho naquele emprego tão sonhado, a primeira vez que você ouviu aquela música que se tornou a sua favorita. Nós, leitores, dizemos frequentemente que queríamos "desler" um livro que amamos só para podermos ler de novo pela primeira vez, sentindo todas as emoções e surpresas.

Como psicóloga, muitas vezes eu busco, junto a minhas pacientes, a chamada habituação. Quando lidamos com medos e fobias em terapia, precisamos expor graduadamente o paciente àquilo que o deixa ansioso para, dessa forma, gerarmos um processo de dessenssibilização e habituação. Recentemente, tratei uma jovem com fobia de agulha e foi justamente isso que fizemos (essa história termina com ela colocando um piercing kk'). Por outro lado, como afirmam Sharot e Sunstein, habituar-se a tudo pode ser um problema.

O excesso de habituação pode nos levar a parar de apreciar as belezas da vida comum, os prazeres da rotina e as qualidades de nossos companheiros. Os autores vão ainda mais longe e afirmam que a habituação às coisas ruins também pode ter efeitos negativos. Isso porque, quando nos habituamos a algo ruim, nos desmotivamos a buscar a mudança. Se você se acostuma àquele trabalho ruim ou àquele relacionamento tóxico, você corre o risco de se acomodar. Mas como manter o encantamento com o cotidiano? E como não se acomodar ao que é ruim e nocivo? São essas e outras questões que os autores irão explorar ao longo do livro.

Eu gostei muito dessa leitura e sempre gosto de enaltecer livros com fundo técnico publicados por editoras que não são especialistas nesse tipo de publicação. A Intrínseca, inclusive, tem trazido ótimos títulos voltados para a área da Psicologia, Neurociência e Saúde Mental.

Uma das ideias mais intrigantes do livro é a de que "as coisas boas da vida só vão desencadear uma explosão de alegria se você as tiver de vez em quando". Aposto que você tem vários exemplos disso na prática. Eu, por exemplo, sempre amei Pizza Hut. Na minha cidade não tinha essa franquia, então eu comia sempre que viajava. Era sempre tão bom e tão prazeroso. Então eu me mudei e na minha nova cidade tem Pizza Hut. No início foi um sonho, chegou ao ponto de eu passar uma semana inteira comendo Pizza Hut todos os dias. Adivinhem o que aconteceu? Isso mesmo: eu enjoei. Faz meses que não como Pizza Hut. A conclusão dos autores é interessante: se você quer manter o encantamento, faça pausas, pois "o prazer resulta da satisfação incompleta e intermitente dos desejos".

Ao longo do livro, os autores fazem conexões entre a habituação e a criatividade, a saúde, a avaliação de riscos e a felicidade, além de analisarem eventos históricos e conceitos sociais pela perspectiva da habituação, explorando, por exemplo, a forma como as sociedades se habituam a coisas terríveis, o que eles chamam de habituação das massas.

Olhe de Novo é uma leitura fácil e cheia de insights e reflexões pessoais. Adorei a capa, que é simples, mas brinca com a ideia de limpar os olhos para ver melhor. Recomendo!

Título Original: Look Again ✦ Autores: Tali Sharot e Cass R. Sunstein
Páginas: 240 ✦ Tradução: Cláudia Mello Belhassof ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

17 de março de 2025

Um olhar científico sobre o livro Terapeuta de Bolso, de Annie Zimmerman

Eu já expressei aqui no blog algumas vezes o apreço que eu sinto com o catálogo de livros sobre Psicologia e Saúde Mental da Intrínseca. Sempre que vejo um novo título, especialmente aqueles escritos por profissionais e pesquisadores da área, eu me interesso. Com Terapeuta de Bolso não foi diferente. O livro, escrito pela psicoterapeuta e pesquisadora Annie Zimmerman, promete ajudar as pessoas a se libertarem de velhos padrões e transformarem sua vida. Apesar da promessa um pouco exagerada, a autora realmente conseguiu incluir alguns assuntos interessantes e dicas muito boas.

O livro aborda problemas e desafios pontuais e fornece dicas e estratégias pontuais para lidar com eles. Os capítulos falam sobre temas como depressão, ansiedade, traumas, dependência, relacionamentos, solidão, traição, término e luto. A autora introduz através de histórias de pacientes ficctícios, demonstrando como acontece o trabalho prático do psicoterapeuta. É interessante acompanhar caso a caso, se identificar com os "personagens" e ver como a autora trabalhou cada assunto.

Porém, eu não gostei desse livro tanto quanto eu gostei de outros no mesmo estilo publicados pela editora. De todos os que li recentemente, esse foi o que eu achei menos "científico". Por exemplo, outro título publicado pela Intrínseca que eu li recentemente e também resenhei aqui no blog, chamado Felicidade Não é a Cura, traz conceitos muito bem embasados científicamente, enquanto que este parece mais um amontoado de reflexões, pensamentos e conclusões pessoais.

O perigo das conclusões pessoais é que elas não são verdades científicas e, logo, não servem para todo mundo. E, se estão impressas num livro, muitas pessoas vão achar que as respostas que estão ali são verdades absolutas. Vamos aos exemplos:

Na página 118, a autora afirma que "uma crítica interior é sempre uma crítica exterior que foi internalizada". Não! Apenas não. Uma crítica interior pode ter diversas origens, como comparações, autocobrança excessiva, rigidez cognitiva e, sim, uma crítica exterior que foi internalizada. Mas não se resume a isso.

Na página 156, Annie diz que "relacionamentos fantasiosos são uma defesa contra a intimidade. Enquanto acontecem na nossa cabeça, não estamos arriscando o amor verdadeiro". Fonte? Nenhuma! Fantasiar relações ou idealizar parceiros pode ter diversas causas e pode, inclusive, ter influencias midiátiicas envolvidas. Quem nunca quis viver um relacionamento digno de uma comédia romântica dos anos 2000?

O livro está repleto de declarações deterministas desse tipo e eu me pergunto: como alguém que trabalha com a mente e o comportamento humano pode ter uma visão tão limitada das experiências humanas? Eu tenho 8 anos de atuação como psicoterapeuta e se tem uma coisa que eu aprendi é que nada é simples, nada é preto no branco e toda experiência é subjetiva. Não existe resposta padrão. Não existe solução simples para problemas complexos.

O problema de você achar que tem todas as respostas é que você não se abre para ouvir genuinamente e entender o outro de verdade. Imagina você chegar na terapia, começar a expor seu problema e a psicoterapeuta dizer "É isso!!!!" sem te dar chance de explorar melhor aquilo, sem analisar seu caso de forma individual e subjetiva. Para a autora, tudo que o paciente trás é a "ponta do iceberg" (essa expressão é usada incontáveis vezes). E ela, claro, é quem tem as respostas e sabe o que está no inconsciente do iceberg (vocês não estão vendo, mas estou revirando os olhos agora). 

Mas, por outro lado, o livro também trás algumas (poucas) boas reflexões, como alertar sobre a importância de aceitarmos nossas emoções e sabermos comunicá-las. Pra não citar só trechos horríveis, vou citar um bom aqui. Na página 277, a autora diz que "aprender a confiar nas pessoas tem menos a ver com encontrar alguém que nunca vai nos machucar, e mais a ver com aprender a confiar que seremos capazes de lidar com a situação se elas nos traírem". E sim!! Quando trabalhamos confiança em terapia estamos trabalhando a sua confiança em si mesmo e na sua capacidade de lidar com os problemas e desafios que aparecerem. Não uma confiança cega nos outros, mas uma confiança realista em si mesmo.

Enfim, como psicóloga que adora ler livros de Psicologia, eu infelizmente não gostei desse livro. Tem toda uma questão sobre abordagem psicológica que eu não estou nem um pouco a fim de abordar, porque esse assunto é polêmico. Mas, minha dica é: se você estiver em busca de ajuda psicológica, cuidado com abordagens que não cumprem todos os critérios tradicionalmente exigidos para serem classificadas como ciência.

Título Original: Your Pocket Therapist ✦ Autora: Annie Zimmerman
Páginas: 320 ✦ Tradução: Paula Diniz ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

14 de março de 2025

Top Comentarista: Março 2025

Com o atraso de sempre, mas nunca me esquecendo de vocês! A minha qualificação do mestrado está batendo na porta, aí já viram, né? Orem por mim, porque tenho pensado demais em desistir, está muito cansativo e todo dia sinto que não saio do lugar e não vou dar conta. É isso, Deus no controle. E vamos para mais um top comentarista, "antes tarde que mais tarde"?

As regrinhas continuam as mesmas, mas não custa relembrar, né? Nos primórdios do blog, era obrigatório comentar em todas as postagens para não ser desclassificado do concurso, mas agora vocês são sorteadas a partir dos comentários. Isso significa que não é obrigatório comentar em todos os posts: cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia — recomendo que vocês comentem e preencham o formulário sempre que sair post novo, já que quanto mais comentários cadastrados, maior a chance de ganhar. Todos os meses um comentário será sorteado pelo aplicativo. Outra coisa, agora que o Twitter ressuscitou, voltei com as entradas referentes à ele no formulário, fiquem atentas!

Atenção: só preencha o formulário nos dias em que comentar no blog. Por exemplo, se em determinado mês tiverem 13 posts, o número máximo de entradas que cada participante pode ter no formulário é 13! Outra coisinha: já tem alguns anos que o Rafflecopter não é mais responsivo, então acho que no computador a visualização fica melhor! Até pensei em fazer o formulário pelo Google, mas o sorteio é mais trabalhoso para mim. Quaisquer dúvidas, podem entrar em contato comigo no Twitter ou Instagram! 💖

O prêmio é um vale de trinta reais na Amazon! Ah, as chances extras continuam: comentar nos posts do Instagram e tweetar sobre o top todos os dias em que tiver postagem nova por aqui, então aproveitem! Caso tenha restado alguma dúvida, podem me procurar nas redes sociais, tá bom?

Observações
- O período de validade desse top comentarista é de 14/03/2025 à 31/03/2025. Cada comentário que vocês fizerem devem ser cadastrados no formulário do Rafflecopter, que só aceita uma entrada por dia.
Não serão computados comentários genéricos, só aqueles que exprimem a opinião do leitor e mostram que ele realmente leu o post. Comentários plagiados de outras plataformas (lembrem-se que plágio é crime) ou que se repetem em outros blogs não serão considerados. Comentários do tipo serão excluídos sem aviso prévio e o participante será automaticamente desclassificado;
- É permitido apenas um comentário por post;
- É obrigatório seguir o Roendo Livros via GFC e seguir o perfil @anadoroendo no Instagram para validar a participação;
- A entrada "tweet about de giveaway" só será válida se a pessoa estiver seguindo o Twitter informado (@anadoroendo);
- Após o término do top, o Roendo Livros tem até 30 dias para divulgar o resultado;
- O ganhador tem 48h para responder o e-mail com os dados de envio, caso contrário o sorteio será refeito. O livro escolhido (na faixa de preço estabelecida) deverá ser informado no corpo do e-mail;
- Após feito o contato, o prêmio será enviado dentro de até 60 dias úteis;
- Para o livro ser enviado, é necessário que o ganhador passe o número do CPF para a Ana, já que agora os Correios solicitam uma declaração de conteúdo (saiba mais aqui) Só participe do sorteio se estiver de acordo;
- O Roendo Livros não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios, bem como danos causados no livro. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador, e ausência de recebedor. O livro não será enviado novamente;
- O Roendo Livros se reserva o direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.
- Este concurso é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita.
a Rafflecopter giveaway

15 de fevereiro de 2025

A Ladra Amaldiçoada, de Margaret Owen: um "conto de fadas" ao contrário


Eu escolhi A Ladra Amaldiçoada de Margaret Owen a dedo, porque apesar de ser uma fantasia juvenil, não é um conto de fadas. Fiquei interessada nessa história justamente por contar o outro lado da história, a que não é tão bonitinha e que nem sempre tem um final feliz. Vanja é uma garota que foi abandonada pela própria mãe aos quatro anos de idade e foi apadrinhada por duas deusas, a Morte e a Fortuna. Aos treze anos ela teve que decidir qual das duas servir, mas não quis escolher nenhum dos dois caminhos. 

10 de fevereiro de 2025

Chuvas Esparsas, um livro de contos de amor da autora Rainbow Rowell

Olha ela, voltando com mais um livro de contos! 2024 foi o ano deles aqui na minha estante. E vou confessar que adorei, já que passei por meses difíceis e empaquei na leitura em diversos momentos. Contos são sempre mais fáceis de ler, e aqui está um livro que é muito fofo e divertido.

Chuvas Esparsas é uma coletânea com nove contos de amor, da autora Rainbow Rowell. É aquele tipo de livro que você não precisa ler de uma vez. Como pessoa trevosa que sou, gosto muito dos livros de suspense e terror, mas às vezes gosto de pegar algo mais suave para poder aquecer meu coraçãozinho trevoso. Como ele vem pela Seguinte, vocês já devem imaginar que são coisas mais leves e jovens mesmo. Temos conto com temática de Natal (um que inclusive é com o Simon e Baz, da famosa trilogia Simon Snow), amigos para amantes, medos e inseguranças adolescentes.

Para mim, o melhor conto é Músicas para esquecer um ex de merda KKKKKKKKK. Gente, esse foi tudo mesmo, tanto que preciso dar uma contextualizada. Summer termina seu relacionamento com Charlie, mas só porque ela sabia que ele já estava pensando nisso. Eles passaram a brigar muito e o fim era inevitável. O que acontece é que ela ter terminado seu namoro não a deixou menos triste e foi assim que ela se enfiou em um looping de "Silent All These Years", uma música mais triste ainda, que mexia com ela profundamente. Ouvia a voz de Tori Amos no seu dormitório da faculdade todos os dias. Quando acordava, depois que voltava das suas aulas, até durante seus estudos. Mas sabia que uma hora teria que parar com isso. Ela só não imaginou que seu vizinho de dormitório, Benji, um amante de músicas, pediria pelo amor de deus para que ela deixasse ao menos ele escolher as músicas desse "velório" já que ele teria que participar de maneira involuntária. E aí eu imagino que vocês saibam onde isso vai dar.

Acredito que essa tenha sido a primeira vez que eu li alguma coisa da Rainbow Rowell, já que eu passei a leitura de Eleanor & Park e não quis começar ainda a série Simon Snow (pois só tenho o primeiro volume), mas já posso dizer que gostei de como ela escreve. É uma autora que parece se voltar bastante para o público jovem, então sua escrita não tem a pretensão de mover montanhas ou ser super marcante, mas ainda assim é legal. Fora que ela faz uma coisa que eu gosto muito que é acrescentar coisas da cultura pop que a gente gosta e conhece, para ambientar e trazer o leitor ainda mais para a história. Claro que vi alguns probleminhas aqui e ali, como em um conto em que uma personagem é questionada sobre sua vestimenta, já que estão dando em cima dela... Nem preciso falar sobre o que eu acho disso né.

E agora chegou a hora de realmente reclamar sobre uma coisa. A diagramação dele me incomodou bastante. Sem querer ser chata, mas a letra ser rosa me atrapalhou um pouco e eu tive que dar um tempinho da leitura às vezes, ou dar continuidade no Kindle, por ser mais complicado de enxergar. Entendo a proposta, mas eu preferia que a letra fosse preta. Poxa, me ajuda dona Seguinte. Mas o resto ficou muito fofo e inclusive queria deixar claro que amei as ilustrações, são lindas ♥️

De modo geral, achei que ele tem um climinha de festinhas de fim de ano, ainda que nem todos os contos sejam necessariamente sobre essas datas. Um livro leve, divertido e sem pretensões, mas que vai te deixar feliz no final.

Título Original: Scattered Showers: stories ✦ Autor: Rainbow Rowell
Páginas: 304 ✦ Tradução: Lígia Azevedo ✦ Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora