Rachel Rabinowitz tinha apenas quatro aninhos de idade quando viu sua família se desintegrar quando a mãe descobre que Harry, o marido, estava de caso com uma mulher da fábrica onde trabalhava. Logo após essa descoberta, a mãe de Rachel e Sam morre, fazendo Harry fugir sem deixar rastros. Assim, as duas crianças são levadas por uma assistente social e logo separados. Sam é levado para o Lar de Órfãos Hebraico e Rachel vai para o Lar Infantil Hebraico, lugar onde conhece o terror com a chegada da Dra. Mildred Solomon.
Em 1919, Mildred Solomon era uma médica recém formada em uma época onde mulheres não possuíam muito espaço e não eram bem vistas quando procuravam independência. Para provar o seu valor, a médica, especialista em raios-x, fez diversos experimentos com os órfãos do Lar Infantil Hebraico, incluindo a pequena Rachel Rabinowitz. Todas as crianças que foram usadas nos testes foram expostas a horas e horas de raios-x sem nenhuma proteção, fazendo com que todos os pelos do corpo caíssem, até mesmo os cabelos. Só depois de sofrer bastante, Rachel é transferira para Lar de Órfãos Hebraico, onde finalmente encontra seu irmão mais velho. É claro que como nem tudo são flores, por causa da sua falta de cabelo, Rachel sofre muito preconceito.
35 anos depois, Rachel se torna uma enfermeira muito responsável e adorada por todos, pois faz o seu trabalho com amor. Eis que em um dia extremamente quente, uma idosa chamada Mildred Solomon é internada como paciente no Lar Hebraico de Idosos, exatamente o local onde Rachel exerce sua profissão. Já não bastasse isso, a Dra. Solomon é designada para ficar aos cuidados daquela que foi sua vítima há tantos anos atrás. A partir daí, Rabinowitz tenta entender o que levou a médica a praticar tanta crueldade com ela e os outros órfãos.
Órfã #8 possui uma narrativa que mescla passado e presente, onde os capítulos que mostram os anos onde Rachel passou nos lares é narrado em terceira pessoa, enquanto sua vida já em 1954 é narrada em primeira pessoa, pela visão da protagonista. Confesso que, apesar de ter gostado bastante de conhecer a enfermeira Rabinowitz e presenciar a sua relação com a Dra. Solomon após tanto tempo, as partes que mais prenderam minha atenção foram as da infância da personagem. Kim van Alkemade retratou a vida em orfanatos de uma forma muito real: apesar de sofrer um pouco lá dentro, a autora mostrou que dava sim para viver com dignidade e que existiam muitas pessoas legais e amigáveis lá dentro.
É claro que, mesclado a isso, a curiosidade para saber o que Rachel ia fazer com Mildred Solomon era gigantesca. Pensem só, o que vocês fariam se tivessem que cuidar da mulher que, com o perdão da palavra, desgraçou a sua vida inteira? Apesar de o foco da história ser esse, a autora abordou outros temas muito importantes, principalmente dada a época em que a personagem vivia. Por exemplo, Rachel é lésbica e vive com a mulher que ama, mas tem que esconder isso de todo mundo, porque esse tipo de relacionamento era considerado imoral. Fico impressionada como temas tão atuais conseguem ser encaixados em histórias que se passam em uma época completamente diferente e em como se encaixam.
Outra coisa que chamou bastante minha atenção foi o fato de Órfã #8 ter sido baseado em fatos. No final do livro a autora apresenta todas as pessoas e lugares que a inspiraram. Dá para imaginar que, apesar do nome do livro ser ficcional, realmente existiu uma Mildred Solomon que fazia coisas terríveis com crianças e que não se arrependeu de nada do que fez? Adorei ter acesso às curiosidades, com certeza enriqueceram bastante a leitura.
A única coisa que me incomodou foi o final. Pelo desenrolar da história, Órfã #8 merecia um desfecho condizente e digno, mas me deparei com algo fraco, como se van Alkemade não soubesse como terminar a história, mas tivesse que o fazer de uma forma ou de outra. A parte boa é que esse último capítulo, felizmente, não conseguiu acabar com a obra por completo.
Título Original: Orphan #8
Autora: Kim van Alkemade
Páginas: 336
Tradução: Edmundo Barreiros
Editora: Fábrica 231
Livro recebido em parceria com a editora
Esse é um livro que não vi muita coisa e por isso não acabou chamando muita atenção pra mim. Mas é legal poder ver um pouco mais dele e conhecer a história melhor assim. Tem umas coisas que gostei nele. Esse tom mais antigo e de mostrar a infância da personagem e a narrativa mesclando passado e presente me chama atenção porque costumo gostar de umas coisas que leio e são assim. E esse negócio dela se ver cuidando da mulher que infernizou a vida dela é muito louco. Não sei se teria colhões pra isso. Imagino só como foi pra ela...
ResponderExcluirNão sabia que era baseado em fatos reais. Deve ter sido uma surpresa boa depois de ler e ver isso. Torna a história mais impactante, não é?
No geral parece um bom livro então. Acho que iria gostar de ler ^^
Esse parece ser um livro tens e Rachel uma protagonista forte, nem consigo imaginar o que seria estar no lugar dela, além de sofrer muito na infância ainda é posta a prova ao ter que cuidar de sua carrasca. Gostei da resenha e de saber que a autora conseguiu inserir pessoas legais dentro do cenário do orfanato e essa parte não é somente triste. Achei interessante também que há temas que parecem nunca perder a atualidade. Gostei da resenha ;)
ResponderExcluirAna!
ResponderExcluirGosto de livros baseados em fatos reais, porque mostram uma visão mais crível dos fatos, por mais que haja uma ficção criada.
O que me deixou curiosa também foi por querer saber como foi o comportamento de Rachel com a doutora que praticamente destruiu sua vida...
Desejo uma ótima semana!
“Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada.” (Immanuel Kant)
Cheirinhos
Rudy
Oi, deve ser muito difícil não fazer nada nessa situação. Eu não suporto crueldade com incapaz, e mesmo que ela mereça torço pra que Rachel não tenha pago com a mesma moeda. Realmente acho que existiram não só uma mais várias "Mildred", crimes e épocas diferentes mais o mesmo horror.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Oi Ana,
ResponderExcluirFiquei imaginando quantas pessoas sofreram nas mãos de alguém e queriam obter respostas do porque isso havia acontecido ou então se vingar de alguma forma e fazer com que esta pagasse por todo o mal que fez. Este tema poderia ser bem pesado para se abordar, afinal de contas, tudo que envolve crianças e mal tratos é difícil de digerir. Mas Órfã tem bem mais a abordar em sua trama como orientação sexual e o papel da mulher em algumas profissões em uma época onde ambas situações não eram respeitadas ou aceitas pela sociedade. Fiquei curiosa para entender os motivos de Mildred para agir de tal forma e a reação de Rachel ao ficar cara a cara com seu passado.
E a primeira vez que leio a resenha desta obra, e me surpreendi, pelo fato da trama ser tão bem construída. A autora conseguiu intercalar de forma clara, presente e passado, e entendemos o motivo deste tipo de narrativa, outro ponto e de falar como a sociedade lidava naquela época com a opção sexual de mulheres se relacionar com outas mulheres, gostei do fato da estória tem alguns ponto reais, da mulher maltratar as crianças.
ResponderExcluirParticipe do TOP COMENTARISTA de Julho, para participar e concorrer aos livros "O Casal que mora ao lado" e "Paris para um e outros contos".
http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/
Oi Ana! Tudo bem?
ResponderExcluirVi a capa em igs do Instagram e não tive curiosidade alguma, e também nunca havia visto nenhuma crítica a sua foi a primeira que li e me deixou parcialmente curioso, pois não gostei muito da premissa e a capa pouco me agradou. A resenha está ótima, pois repassa e deixa mais claro os fatos que são colocados na sinopse, fiquei curioso porque os temas tratados são tão atuais que fiquei surpreso, mas a maior curiosidade é de como Rachel vai lidar com a médica, porque no lugar dela não sei o que faria.
Grande abraço,
www.cafeidilico.com
Oi Ana!
ResponderExcluirAdorei saber mais sob re esse livro, e se trás fatos reais é melhor ainda.
Vou qrer ler em breve!
Bjs!
Nunca tinha ouvido falar do livro, mas a proposta do livro é bem interessante, realmente o que Rachel passou em sua infância é algo muito triste, e ainda ter que sofrer preconceito. Porém fiquei curiosa pra saber como será os cuidados que Rachel vai ter com a mulher, é um livro que trás mensagens fortes e realmente mostra a verdade de alguns orfanatos. Fiquei curiosa pra saber como fica a relação dela com o irmão e se dps de grande os dois ainda mantiveram contato.
ResponderExcluirQue livro mais bacana, confesso que eu ainda não o conhecia, e nunca li nada sobre esta temática de orfanato e ainda se tratando de uma historia tão forte como essa sobre criança e orfanato, e ainda mais por ser baseado em fatos reais. Creio que seja uma excelente leitura, e apesar de você não ter gostado tanto do final será um livro que irei adicionar a lista de desejados.
ResponderExcluirNunca li algo parecido e achei bem legal a sinopse do livro!
ResponderExcluirDeve ser horrível ser submetida ainda criança á vários testes de raio-X e depois sofrer com provocações pela queda do cabelo.
Muito interessante esse livro, tipo o feitiço virou contra a feiticeira, fiquei intrigada querendo saber o que a personagem vai fazer com a malvada, eu confesso que não sei o que faria, se me vingaria ou não. Deve ser angustiante as cenas em que a personagem sofreu os experimentos.
ResponderExcluirOi! Adorei a proposta do livro e gostei mais ainda depois de ler que é baseado em fatos! Não sei o que eu faria se eu tivesse que cuidar de alguém que me maltratou um dia (de uma forma tão cruel). Quero muito ler o livro pra saber como a protagonista reage! Uma pena que o livro n teve um final digno. Beijoss
ResponderExcluirAdorei sua resenha!
ResponderExcluirGostei bastante de sua resenha e ao ler suas impressões percebi que esse livro é minha cara! Gosto de livros assim, emocionantes e que levam-nos a pensar e refletir sobre como as coisas poderiam ser se alguns fatos tivessem ocorrido de forma diferente...
Amei sua dica e já anotei no topo dos meus desejados ;)
Eu estou lendo esse livro e ainda não o terminei, mas estou adorando. Outro tópico atual e que me surpreendeu foi a abordagem do racismo contra asiáticos nos estados unidos (embora também se apresente aqui). Outro tema muito recente. Fiquei surpresa e movida, visto que sou uma descendente de japoneses pansexual (atraída por qualquer gênero), ainda muito jovem , busco representatividade saudável. Comprei o livro por me interessar pela resenha, porque capa me passava a impressão de mais um desses livros de órfãos feitos sem pesquisa nenhuma. Me ver em um romance histórico pareceu improvável, mas aconteceu. Mas nessa seção de comentários vejo algumas pessoas tratando Rachel como uma vítima apenas. É óbvio que ela sofreu muito, mas mesmo assim ela roubou o dinheiro da Naomi e cortou a trança de Amélia.
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