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3 de janeiro de 2019

A Nuvem | Neal Shusterman


Antes de começar a ler A Nuvem eu jurava, jurava mesmo, que Scythe era uma duologia. Não sei por que essa ideia passou pela minha cabeça, mas quanto mais eu me aproximava do fim do livro, mais percebia que não seria possível concluir a história nesse volume. Neal Shusterman tinha muita coisa para contar, muita trama para desenrolar e, com tudo o que estava acontecendo, eu fiquei chocada com a forma como essa continuação de O Ceifador terminou.

O futuro criado por Shusterman é bastante interessante, já que a tecnologia atingiu seu ápice e agora é a Nimbo-Cúmulo — a nuvem — quem governa a humanidade. Não de uma forma ruim, como estamos acostumados a ver nos filmes em que as máquinas passam a dominar, pois a Nimbo-Cúmulo é perfeita e justa. Esse contexto já havia sido mostrado no livro anterior, mas esse segundo volume aprofunda a consciência da nuvem e, mais importante, mostra as consequências da luta de Citra e Rowan contra a corrupção na Ceifa — cada um por seus próprios meios.

Se no primeiro volume a narração intercalava os pontos de vista dos dois aprendizes — que agora são ceifadores —, neste segundo livro surgem capítulos com as perspectivas de outros personagens, para mostrar os reflexos dessa luta dissimulada entre benevolência e corrupção. Assim, além de Citra e Rowan, podemos acompanhar o que acontece com diversos ceifadores, bons ou maus, e com personagens que, no primeiro volume, pareciam não ter grande relevância, como Tyger Salazar e Greyson Tolliver.

Ele não podia culpar ninguém além de si mesmo por ter depositado sua confiança em um garoto que o ceifador Faraday escolhera por sua compaixão.

Também, os capítulos são intercalados por trechos narrados pela própria Nimbo, o que ajuda a compreender suas regras e suas atitudes. É instigante observar como cada passo é calculado e como tudo tem uma razão, mesmo quando as decisões da nuvem não parecem, a primeira vista, ter qualquer sentido.

Essa dinâmica de narração dá ainda mais agilidade à trama, visto que os acontecimentos se espraiam em diversos ângulos ao mesmo tempo. São tantas tramas paralelas que o livro ganha uma complexidade inesperada, considerado seu enredo jovem, pois ainda que seja carregado de crítica social, sua trama seguia, até então, por um caminho linear. Ademais, embora dê a impressão de que está perdendo o foco de sua narrativa, é surpreendente a forma como o autor consegue unir todos esses contextos em um grande acontecimento no final.

Sobre esse acontecimento final, aliás, só posso dizer que estou até agora paralisada e angustiada para saber o que vai acontecer. Não consigo acreditar quando um livro termina assim, com tudo posto abaixo e sem respostas, na ansiedade para saber como as coisas serão resolvidas. É aquela sensação de amor e ódio ao mesmo tempo, pois o autor foi corajoso o suficiente para arriscar tudo, mas em que se sabe que o próximo passo pode fazer a história se perder. Eu espero sinceramente que não.

A Nuvem é uma trama ágil e viciante, que sabe explorar o mundo criado em suas páginas de uma forma original e única. Embora se pareça um pouco com uma fantasia, não há nada de poderes mágicos por aqui, já que trata, na verdade, de uma realidade quase possível. Além disso, nos presenteia com uma capa linda que, embora simples, é bastante representativa de sua história.

Título Original: Thunderhead
Autor: Neal Shusterman
Páginas: 496
Tradução: Guilherme Miranda
Editora: Seguinte
Livro recebido em parceria com a editora

10 comentários :

  1. Oi Ju,
    Ah, não tem como negar que é um enredo mais do que inteligente, e melhor, traz a tona um tema bem atual, que é a corrupção, mesmo em um futuro distópico, é mais do que importante falar sobre isso.
    Como não conhecia os livros, e sei poucas informações sobre o primeiro, fiquei bem curiosa para saber mais sobre os Ceifadores, e como é o trabalho deles.
    Outro ponto importante é a evolução dos personagens, algo que sem dúvida deixa a história mais rica.
    Beijos

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  2. Eu li recentemente que este segundo livro conseguiu ser até melhor que o primeiro e achei isso fascinante!
    Aliás, o primeiro livro foi muito elogiado pela crítica e pelos leitores também.
    Pelo que li acima, neste segundo, há o iniciar dos ceifadores, tão jovens e com tanto peso, mas também há a inserção de novos personagens e isso é maravilhoso.
    Quero muito conhecer esta série!
    beijo

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  3. Um livro que superou o primeiro não é?
    A narração sob o ponto de vista de alguns personagens deixou a trama mais dinâmica com uma narrativa ágil e plot twist de tirar o fôlego.
    A discussão que Neal gera sobre humanidade e imortalidade é muito interessante.

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  4. Não li O ceifador, mas li muitas resenhas sobre; se eu não estiver enganada, essa é a primeira que leio sobre Nuvem.
    É interessante saber que esse tem mais aprofundamento, mas eu não curto leituras com muitos narradores; acho que fica um pouco confuso e quando é início de série, há uma certa demora para familiarizar com as personagens.
    O tema abordado é bem interessante, mas não é uma leitura que eu faria no momento.

    Beijos

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  5. Oi, Ju
    Ainda não li, mas acompanho as resenhas.
    Gostei como o autor escreveu esse segundo livro mostrando outros personagens com mais detalhes, Citra e Rowan estão mais amadurecidos como personagens, mesmo ainda tendo medo do que pode acontecer com o futuro dos ceifadores.
    Espero que o terceiro livro não estregue toda essa maravilha que foi A Nuvem.
    Beijos

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  6. Também me confundi com o número de livros dele. Acho que porque toda vez que vejo lembro daqueles livros de melodia feroz. Sei la porque. Bem, é mais um que gostaria de ler. Amei a ideia do primeiro e parece que o segundo ficou ainda mais interessante pela narrativa com pontos diferentes. Amo isso, dá uma dinâmica legal pra história. Parece estar bem gostoso de ler e com uma trama que instiga vontade de mais. Quero ler também.

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  7. Não tinha conhecimento dessa série, mas adorei saber um pouco mais, mesmo começando pelo segundo livro. Como você descreveu, A Nuvem parece mesmo possuir um cenário e uma narrativa muito fiel e original, um ponto que me conquistou - além da narrativa com mais de um ponto de vista, ainda mais personagens que na primeira obra. O livro também é cheio de surpresas pelo visto. Amei!

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  8. Eu gostei muito das resenhas de O Ceifador e achei a história bem marcante.
    Não vejo a hora de ler essa série, pois pelo visto promete bastante reviravoltas.

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  9. Oi, Ju!!
    Que bom que esse segundo chega a ser melhor que o primeiro livro. Adorei a dinâmica da história e estou louca para conhecer mais sobre essa série Scythe. Espero que o próximo livro não demore a sair. Enfim, ansiosa para adquirir essa distopia tão sensacional.
    Bjos

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  10. Eu concordo com você em relação a esse livro ser melhor que o primeiro eu me lembro de ter parado a leitura do primeiro umas duas ou três vezes mas essa foi completamente eletrizante eu não conseguia desgrudar do livro eu só espero que o desfecho não seja decepcionante já que eu vi algumas pessoas no exterior falando sobre as expectativas para o último livro

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