Conheci a escrita de Jamie McGuire quando eu tinha uns 17 anos e li Belo Desastre. Na época eu me apaixonei pela história, mas sei que hoje eu apontaria várias coisas erradas no relacionamento tóxico de Abby e Travis, mas essa reflexão fica para outro dia. Enfim, fiz essa introdução só para dizer que eu esperava de Todas as Pequenas Luzes um desses romances adolescentes problemáticos, mas McGuire tenta fazer uma coisa um pouco diferente aqui e, em partes, consegue chegar a algum lugar.
Nesse livro, conhecemos a história de Elliott Youngblood e Catherine Calhoun, dois adolescentes que cultivam um vínculo desde muito tempo, já que Elliott passava as férias de verão na cidade onde Catherine mora. Quando finalmente se tornam amigos, a mãe do garoto o força a voltar para casa sem nem se despedir, no exato momento em que a menina descobre que seu pai morreu. Quando Elliott volta, dois anos depois, Catherine é uma pessoa totalmente diferente, além de não tê-lo perdoado por ter ido embora quando ela mais precisou dele.
Todas as Pequenas Luzes não passa nem perto de ser fofo e apaixonante. Apesar do romance estar ali, ele acaba ficando totalmente em segundo plano quando Jamie McGuire adiciona um mistério à história, fazendo a trama se transformar em um thriller psicológico. Em todo momento a gente sabe que existe alguma coisa muito errada com Catherine e a pousada da família, lugar onde trabalha e mora. A menina, que nunca foi muito popular, se isola de todos e usa a Pousada Juniper como desculpa para tudo, como se alguma coisa lá dentro a impedisse de viver.
Acontece que Elliott tenta de todo jeito entender Catherine e ajudá-la de alguma forma, mas em muitos momentos senti que ele estava sendo deveras controlador. Talvez o fato de o personagem estar completamente no escuro em relação à protagonista justifique o fato, porém, ainda assim, fiquei incomodada. Por exemplo, em determinada parte do livro Elliott meio que tenta arranjar amigos para Catherine, o que não é nem um pouco legal. Ah, sem contar que ele praticamente desiste da faculdade para ficar com ela ― o que, consequentemente, faz com que ela se sinta culpada ―, mas na vida real sabemos que não é bem assim que a banda toca.
[...] as pessoas só podem nos magoar se a gente deixar, e, se a gente deixa, damos poder a essas pessoas.
Porém, teve uma coisa que me indignou mais que tudo, mas para falar sobre preciso dar um spoiler gigantesco, portanto, se você pretende ler esse livro, salte este e os próximos dois parágrafos. Resumindo, não existe um hóspede sequer na pousada: todos os seis que vivem lá regularmente são a mãe de Catherine, que tem transtorno dissociativo de personalidade. Esse é o grande segredo da adolescente, o motivo pelo qual não deixa ninguém entrar na casa e de não poder deixar a cidade. Parece um plot twist incrível e que pode realmente funcionar para algumas pessoas, mas tirando a previsibilidade do enredo, o que me deixou nervosa foi o fato de, em momento algum depois dos acontecimentos finais, Catherine receber algum tipo de acompanhamento psiquiátrico/psicológico.
Agora pense só você, uma adolescente convive sozinha com o transtorno da mãe ― SETE personalidades diferentes, SETE ― por dois longos anos e a autora não pensa, em nenhum momento, em incluir uma terapia intensiva no enredo. Para ser totalmente sincera, acho que a maioria dos personagens desse livro precisavam de uma terapia, incluindo Elliott, que além de ter tido uma infância muito violenta e sofrida, pode se tornar bastante agressivo em algumas situações. Fiquei indignada porque fico de cara como problemas psicológicos geralmente são tratados com descaso em livros do gênero.
Além disso, existe um furo gigantesco no enredo. Em certo momento da história aparece uma personagem chamada Tess, que aparentemente é a única "amiga" da Catherine. Então, quando a gente descobre o transtorno dissociativo de personalidade da mãe dela, tudo leva a entender que a Tess é uma das sete "pessoas", mas quando a protagonista fala sobre, a Tess não está incluída. Aí comecei a me questionar se Jamie McGuire esqueceu de acrescentá-la, se ela realmente existe ou, a minha teoria preferida, se ela é uma personalidade da própria Catherine, que pode ter começado a apresentar o mesmo transtorno da mãe. Se você leu o livro, por favor, me chame para conversarmos sobre.
Apesar de tudo, estaria mentindo se dissesse que não me prendi a Todas as Pequenas Luzes. A narrativa é bastante fluida e até me senti angustiada em alguns momentos para entender o que estava acontecendo, então acabei finalizando o livro em uma sentada ― e convenhamos que, para isso acontecer, a gente precisa estar curtindo a história. Acho que para o livro me conquistar por completo, só faltou mesmo um pouco de desenvolvimento na trama, já que a única coisa que deixa a desejar são os furos e algumas coisas que poderiam ter sido melhor explicadas.
Título Original: All the Little Lights
Autora: Jamie McGuire
Páginas: 350
Tradução: Ana Guadalupe
Editora: Verus
Livo recebido em parceria com a editora
Sendo bem sincera achei a sinopse um tanto quanto confusa. Conforme lia a resenha achei que seria mais uma história de amor clichê, onde o casal se reencontra depois de um tempo separados. Mas Jamie tentou sair da sua zona de conforto e introduziu a mãe da protagonista, teria sido uma boa desde que a doença tivesse sido retratada com veracidade. E mais uma vez, pelo que entendi, temos um homem controlador disfarçado de vou magia.
ResponderExcluirNão sei se darei uma chance ao livro.
Eu só conheço o trabalho da autora por Belo Desastre, que devorei na época do seu lançamento!
ResponderExcluirTenho lido algumas resenhas sobre este livro e pelo que li acima, é realmente bem oposto a tudo que a autora já escreveu.
Até por deixar o romance em segundo plano e colocar aí no enredo uma espécie de Sexto Sentido,Fragmentado e Vidro..rs
Poderia ter funcionado? Sim. Pode ter funcionado? Sim.
Mas que realmente pelo que você disse, há furos, isso é inegável!
Mesmo assim, quero muito conferir e formar minha própria opinião.
Beijo
Bem, nada do que esperava pelo visto. Também sou outra que leu aos 17 aquela história dela e me apaixonei, mas hoje sei que seria um custo ler e não ver todos os defeitos e coisas muito erradas. Achei legal os temas desse, que não fique no romance fofo e as coisas de mistério e personalidades são bem interessantes e dá pra render muito na história. Tem uns erros, furos, mas no geral parece bom. Ao menos prende pra entender isso. É um livro dela que espero bastante coisa. Tomara que ache bom quando ler.
ResponderExcluirBelo Desastre oficialmente faz parte da adolescência de todos nós, socorro!
ExcluirAssim, de um modo geral foi uma leitura proveitosa. Espero que você goste!
Pois é, também me apaixonar por Belo desastre nessa kesma época que você, hoje pode ser que a visão seja outra.
ResponderExcluirApesar disso, gosto muito da escrita da Jamie e pretendo ler esse livro.
Pulei a parte do spoiler, mas gostei de saber que tem um toque de thriller; como não sou fã do gênero, a vontade de ler ficou em segundo plano.
Beijos
Oi, Ana!!
ResponderExcluirNunca li nenhum livro da Jamie McGuire, e achei Todas as Pequenas Luzes bem confuso. Achei essa história da mãe dela bem doida e sinceramente o livro parece ser bem intrigante. Não me importei com spoiler pois sou um pouco curiosa demais, e também quero muito ler essa história.
Beijos
Eu normalmente não ligo com spoiler também, mas gosto de avisar porque se não tem gente que me mata! Se você ler, me chama pra gente conversar sobre!
ExcluirMas que livro tosco, pelamor!
ResponderExcluirGente, como assim, se vai falar de problemas psicológicos, PRECISA MUITO colocar as formas de tratamento etc.
Gente, que loucura!
Muito ruim,hein, não lerei não, credo.
bjs
Oi, Ana
ResponderExcluirAinda não li nada da autora, porém quero conhecer sua escrita.
O livro tem capa e título maravilhosos, mas concordo com você que quando trás algum transtorno a forma de tratamento tem que ter.
É um enredo fantástico que poderia ter um potencial incrível se fosse melhor trabalhado.
Mesmo parecendo confuso quero ler e ter minha opinião a respeito.
Beijos
Acabei de terminar o livro e fui no Google com palavras chaves “todas as pequenas luzes” e “tess” kkk fiquei perdida quando terminei o livro e fiquei na dúvida se a autora tinha esquecido uma personagem ou se realmente foi algo passado de mãe pra filha. A conversa das duas no final também deixa bem implícito. Não sei se são pontas soltas ou a autora fez isso pra ficar o questionamento. Amei sua resenha
ResponderExcluirTambém acho que ela também tem a mesma doença da mãe, porque quando ela vai visitar a mãe dela, a conversa entre as duas dá a entender que a mãe dela ainda está em contato com o pai da protagonista, e a mãe dela fala uma frase que parece deixar implícito que o tal pai da protagonista com quem ela tem contato é uma das personalidades da própria protagonista. Tinha me esquecido da Tess, mas aí você me lembrou dela através da resenha. E sim, Também acho que que a Tess possa ser uma dessa personalidade da Catherine, justamente por a Catherine ter afastado os únicos amigos que tinha desde que a pousada foi criada e ter ficado solitária. Há também uma parte em que a Catherine tem um "apagão", isso acontece no quarto dela, quando ela está se preparando para dormir. Onde ela não se lembra de nada do que fez, de como ela estava ali, então acho que esse é um indício de que durante esse "apagão" dela, significa que uma dessas duas personalidades dela assumiu, acho que foi a personalidade do "pai".
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