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16 de maio de 2019

Vem Comigo | Karma Brown


Não sei vocês, mas eu olho para a capa de Vem Comigo e logo me vem na cabeça um enredo estilo Sessão da Tarde, com um romance bem água com açúcar numa colônia de férias — exatamente o que eu estava procurando para ler nesses últimos dias. Obviamente fui feita de trouxa, porque o livro de estreia da Karma Brown não é nada leve: a carga de drama aqui é tão grande que, em alguns momentos, tive vontade de abandonar a leitura. Vou explicar melhor.

A trama se inicia em um ponto que já sabemos que Tegan sofreu um acidente de carro com o marido, Gabe. A protagonista estava grávida e acabou perdendo o bebê. Um "detalhe" importante é que Gabe estava dirigindo naquela noite e Tegan se sente incapaz de perdoá-lo por ter "estragado os sonhos do casal". Não acho que seja necessário dizer, mas a personagem entra em um quadro depressivo tão grave que, mesmo depois de passado um tempo considerável do acidente, ela simplesmente não consegue fazer nada. 

Gostaria de começar a minha opinião dizendo que eu não estou aqui para julgar ninguém, muito menos tenho posição para tal: eu nunca estive grávida, eu nunca perdi um bebê que já estava praticamente pronto para nascer, então eu realmente não posso mensurar a dor de uma mãe que já passou por isso. Mas convenhamos que é um pouco difícil ler 305 páginas de uma protagonista que não faz nada além de reclamar e culpar uma pessoa por algo que, obviamente, ela não fez de propósito.

A morte deixa uma dor que ninguém consegue curar. O amor deixa uma lembrança que ninguém é capaz de roubar. (Lápide na Irlanda)

Não estou dizendo que a personagem não pode lamentar a morte do filho. É óbvio que pode e deve. O grande problema é que Tegan negligenciava totalmente o tratamento para a depressão: não tomava os remédios, conversava com o psiquiatra de forma totalmente irônica. Gente, não é normal um período de luto tão prolongado. Aliás, eu só queria deixar claro também que não poder ter mais filhos não significa que você não possa ser mãe.

Tegan acusava Gabe tão fortemente que não consegui desenvolver um pingo de empatia por ela: poxa, será que não dava pra pensar um pouquinho que ele também perdeu um filho? Além disso, eu estava esperando uma história de superação, mas encontrei basicamente um enredo repetitivo e arrastado sobre uma pessoa amargurada que não consegue aceitar que, por mais que as coisas sejam ruins, infelizmente a vida segue. 

Ai gente, eu me sinto até meio mal, mas é muito difícil sentir empatia por uma protagonista tão chata e egoísta! Não consegui derramar uma lagriminha sequer, que é o que se espera em livros tão dramáticos. Queria muito ter sido cativada pelo primeira obra do clube do Romance da Carina, mas infelizmente... Nem os personagens secundários valem o sofrimento que é ler páginas e mais páginas das lamúrias de Tegan.

Apesar de parecer contraditório, mesmo com tantos defeitos na minha visão de leitora, fui surpreendida no final do livro por um plot twist que realmente eu não esperava. Até agora eu não sei dizer se foi forçado demais, mas acho que o fato de ter sido pega de surpresa mostra que Karma Brown consegue, ao menos, levar o leitor na conversa. Por causa desse detalhe, acabei dando uma nota razoável para Vem Comigo, mas acho que cada pessoa deve ler para tirar suas próprias conclusões.

Título Original: Come Away With Me
Autora: Karma Brown
Páginas: 305
Tradução: Mauricio Tamboni
Editora: Verus
Livro recebido em parceria com a editora

12 comentários :

  1. Venho vendo tanta coisa legal dele que até fiquei surpresa agora. Bem, uma visão diferente das coisas ajuda a gente a pensar mais sobre o livro né. Achei legal os temas pesados da história, foi isso que me chamou atenção nela e até deu vontade de ler. Mas pelo jeito pode ter muita coisa errada. Pelo que já tinha visto também tava me incomodando isso dela culpar tanto outra pessoa. A gente até dá o crédito pelo luto, mas foi algo que fiquei curiosa por achar bem estranho. As coisas de depressão aí, ai, não parece estar tão bom assim também...Mas agora pra entender só lendo. Ainda tenho vontade, mas baixou um pouco da bola dele agora. Tomara que não ache a protagonista tão ruim e ainda tenho fé nesse final que muita gente se surpreendeu também.

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  2. Olá Ana. Esse livro está sendo bastante divulgada pela editora que em todo instagtam literário ou blog, tem algo sobre ele e com isso fiquei muito ansiosa para ler. Sabemos que nós duas temos gêneros literários bem diferentes, mas sempre gostei da sua opinião sincera e obrigada mais uma vez, depois dessa sua resenha fiquei decepcionada, não tenho paciência pra lidar com personagens que ficam reclamando de tudo ou não fazem nada para se ajudar quando a ajuda está ali pra você e além do mais, ela não estava sozinha nisso. Seria interessante ter um ponto de vista do marido também pq como você disse, ele também perdeu um filho, então acho que daria um pouco mais de verdade e mais premissa para a história. Uma pena que a realidade da leitura não condiz com a imagem que está sendo demonstrada pela editora não tenha lhe safisfeita e nem a mim, a propósito. Kkk

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    1. Miga, na realidade a gente é totalmente oposta né! hahahaha
      Mas eu bem sei que você também não tem paciência pra esse tipo de personagem. Também acho que seria legal o ponto de vista masculino, MAS, rs, não sei se seria possível.

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  3. Fujo um pouco de livros tristes. Quando vi Vem Comigo no Clube da Carina jurava que ou era chick lit ou romance do tipo que você falou. Fique #chocada quando vi que era drama.
    Eu até entendo que ela sofra e tenha certas atitudes egoístas mas pelo te você falou ela extrapolou um pouco o limite aceitável.
    Que plot twist é esse????? Me conta Anaaaa
    Vou te perturbar lá no Twitter

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  4. Puxa, tudo que tinha lido até o momento era super positivo em relação a este livro e até tive que ler a resenha duas vezes para ter certeza de que era sobre o mesmo livro.
    Caramba!rs Uma opinião totalmente oposta a tudo que li até agora e vou admitir, não sei que lado fico.
    Eu amo um bom drama, mas amo mesmo. Adoro esse misto de sentimentos que perdas, brigas tem e pelo que havia entendido até antes de ler esta resenha era isso: uma mulher sofrendo a perda e o casal meio que aprendendo a suportarem a dor.
    Por isso, estou meio surpresa com tudo que li e agora mais que nunca, quero sim, tirar minhas próprias conclusões!
    A capa se formos olhar pelo lado da dor, não tem é nada a ver! rs
    Beijo

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  5. Ah, eu amei essa leitura.
    Tegan é chatinha mesmo, mas acabei dando um desconto pra ela; e pra Gabe eu dei meu coração.
    É uma leitura intensa, achei os dois inconsequentes mo início, mas... o que foi aquele plot? Vontade de reler porque parecia estar errado.

    Beijos

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  6. Tendo por premissa a tríade perdão, amor e esperança, esperava uma história de superação, porém o livro parece ser bem repetitivo e apenas o final é surpreendente. Bom, pelo menos isso,né?!

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  7. Oi Ana,
    Vem comigo é um dos livros com a premissa mais impactante que li nos últimos meses e me lembrou de um livro que li ano passado que se tornou um de meus favoritos. Nem imagino como deve ser perder um filho, mas consigo entender porque a protagonista estava tão perdida. Sei que a taxa de divórcio entre casais que perdem um filho é muito grande e muito disso se deve pela culpa e pela raiva, que vai crescendo e acumulando no meio da relação. Mas acredito que nessa história Gabe fará de tudo para que isso não ocorra entre eles. Concordo com você a respeito de Tegan não ter sido a única a perder o filho e culpar o marido não é o certo. Talvez este pudesse ser um caso onde a personagem já vinha sofrendo de uma depressão durante a gravidez ou até antes disso e a autora poderia ter trazido isso para a trama. Em todo caso quero muito realizar a leitura deste livro e espero que isso não demore a acontecer.

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    1. Acho até um pouco difícil a gente que nunca teve filho opinar sobre isso né. Mas sei lá, essa carga de ódio dela durante o livro inteiro me incomodou demais. Num tô julgando não, deve ser realmente desesperador, mas pensa ficar lendo só isso um livro inteiro. COmplicado viu.

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  8. Olá, Ana
    Li várias resenhas desse livro durante essa semana que passou e não parece ser uma nada fácil, exige uma dose de carga emocional.
    Assim como você não estive grávida e nem tive filhos, mas deve ser uma dor insuportável perder um e ainda saber que não poderá ter filhos. Por um lado compreendo a dor e amargura de Tegan, mas Gabe parece ser um marido bondoso, dedicado e amoroso. Só lendo para saber acompanhada de lenços e chocolate.
    Beijos

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  9. Oi, Ana!
    Ai que protagonista mais chata!
    Compreendo toda a dor dela, mas ficar bate nesse ponto e culpando quem não lhe fez mal porque quis, realmente não dá.
    Infelizmente isso acontece na vida. A gente é obrigado a superar porque a vida não para. Não tem jeito.
    Eu gosto de livros de superação porque aprendo com eles, mas um que só tem mais mágoas, tô fora! kkkk
    bjs

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  10. Oi, Ana!!
    Nossa realmente a capa parece um daqueles filmes que passam na sessão da tarde, mas a história não tem nada de fofinha o romântica. Achei a protagonista super desagradável, mesmo sabendo que ela passou por um acidente e que perdeu um filho, mas ficar culpando outra pessoa sabendo que foi um acidente que poderia muito bem todos terem morrido não só o bebê, mas ela e o marido. Enfim, sei que a Tegan sofreu muito mais não adianta culpar outras pessoas por coisas que infelizmente ninguém poderia imaginar que aconteceria.
    Bjs

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