Recentemente tive meu primeiro contato com a escrita de Graciliano
Ramos, com o livro Caetés, e que curiosamente também foi o primeiro
livro que ele escreveu e publicou em sua vida. Eu tenho certeza que essa
primeira experiência deve ter causado diferentes sensações em cada um
de nós dois. Não sei e nunca saberei como ele se sentiu ao escrever esse
livro, mas falo com certeza que, como leitora, eu tive uma experiência
muito diferente de todas as leituras que já fiz em minha vida, isso
porque eu não sou uma leitora assídua de livros clássicos nacionais e
não estou habituada com a abordagem desses autores para contar suas
histórias.
Caetés pode ser analisado de duas formas diferentes:
1. A história em si, com a
premissa do personagem com seus objetivos e a sua jornada;
2. As entrelinhas, uma história por trás da história.
Aí que começa o problema para mim, pois
eu não acredito que tenha entendido de verdade o que o autor estava
querendo contar com essa história, se realmente existe algo escondido em suas páginas. Talvez isso seja
problemático e mostre que eu não tenha uma bagagem literária tão culta?
Talvez. Mas a minha experiência não foi ruim só por causa disso, já que
achei a história até que interessante.
Então ,
analisando a parte de Caetés que é um romance, vou falar do personagem
João Valério, um homem que pretende escrever um romance histórico que
fale sobre os índios Caetés e se sente frustrado por nunca sair do lugar ou por não saber tantos fatos históricos — ou seja, só quer escrever para ser reconhecido, se sentir importante. Além disso, ele está apaixonado por Luísa, uma moça que é
casada com um dos homens mais poderosos da cidade interiorana de
Alagoas. Daí que eu penso que o livro fala muito a respeito da cobiça, o que pode ser uma crítica dentre tantas outras que o autor deve ter
colocado na obra e eu não consegui enxergar.
De forma geral, João Valério foi, para mim, um personagem odiável. Desde início ele demonstra um amor incontrolável por Luísa, mas quando estava prestes a conseguir realizar todos os desejos, tudo o que imaginou para eles dois, começa a desprezá-la — sabe aquela história de que quando as pessoas conseguem algo param de dar valor à conquista? Pois é. Além de tudo, li algumas criticas sobre o fato do João Valério querer ser um
escritor e ok, concordo, porém durante toda a história o que o personagem menos
foca é nisso, então será que era realmente algo que ele queria?
Também há personagens peculiares no livro, que representam bastante essa atmosfera de interior, como a senhora dona da
pensão que ele mora, uma jovem que precisa casar, o farmacêutico que
todos odeiam, dentre outros. Eu fiquei um pouco confusa com alguns
personagens que ora eram chamados pelo primeiro nome e ora pelo
sobrenome, entretanto até a escolha feita pelo autor a respeito dos
tratamentos faz sentido com o que entendi do livro, algo como mostrar uma sociedade que vive apenas de aparências, talvez.
É claro que Caetés é
um bom livro, o talento de Graciliano Ramos é incontestável. Diferente de outros clássicos que vemos por aí, esse tem a escrita fácil, mesmo com algumas palavras diferentes das que usamos nos
dias atuais. A leitura em si é super fluída, todo o contexto é dado para quem consigamos entender o que os personagens dizem, mas acredito que para quem está
acostumado com outros livros dessa época, a leitura será muito mais
proveitosa.
Título Original: Caetés ✦ Autora: Graciliano Ramos
Páginas: 336
✦ Editora: Rosa dos Tempos
Livro recebido em parceria com a editora
Por isso eu admiro demais você e seu blog!!Isso do resgatar grandes clássicos da nossa literatura é maravilhoso!!!
ResponderExcluirEu li essa obra do Graciliano há muito tempo, posso até ter perdido na memória muitos detalhes da obra,mas afirmo que não é uma das melhores do autor. Mas mesmo assim, dá para se ter bem noção de como o autor deseja seus enredos e a crueza das situações.
Amei!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Olá!
ResponderExcluirDo Graciliano eu só li Vidas Secas, e embora a história seja extremamente complexa e marcante (no bom sentido), senti dificuldade com a escrita rebuscada do autor (sim, eu não leio muitos clássicos).
Nesta obra, talvez o maior problema seja captar as entrelinhas, de modo que uma contida pertinente seja fazer uma releitura no futuro.
De modo geral, o história se destaca pelo grande foco na cobiça do protagonista, sendo que Ramos mostra como as pessoas ficam cegas para ascender e conquistar aquilo que almejam, ignorando outras pendências que talvez sejam mais importantes.
Beijos.
Graciliano Ramos é gênio. Suas obras, podem até ser difíceis de ler, mas são repletas de críticas.
ResponderExcluirCom Caetés não podia ser diferente.
Crítica ao status social, fofoca, poder do dinheiro.
É real, forte e triste como muitas vezes é a vida.
Oi!
ResponderExcluirGRaciliano traz todo um contexto diferenciado no livro, porque mostra além do romance malfadado e de aparências, traz também toda uma crítica social inerente dentro do texto.
Vale a pena a leitura.
cheirinhos
Rudy
Olá!
ResponderExcluirNão li nada do autor e preciso mudar isso.
O enredo Graciliano retrata a sociedade que vivia na época com um certo toque de realismo.
Vai para a lista de desejos.
Estou adorando conhecer mais sobre nossa literatura, beijos.
Eu, infelizmente, não tenho o hábito de ler clássicos nacionais; na verdade, não leio nada mesmo. Mas tenho vontade de mudar isso.
ResponderExcluirAchei a interessante a premissa desse livro, mas por essa falta de costume, acredito que também não seria uma leitura proveitosa para mim.
Beijos
Graciliano Ramos foi um dos poucos autores que fui obrigada a ler no ensino médio que teve uma obra que realmente me prendeu e fez com que gostasse da narrativa, da escrita sem sentir que tinha que ler somente por obrigação. Apesar disso, nunca li Caetés. Esse livro realmente me pareceu arrancar a gente da zona de conforto. Embora você jé tenha o veredito do João Valério, dessa vez eu mesma serei a juíza hahaha irei ler Caetés para tirar as minhas próprias conclusões sobre essa suposta paixão tanto pelo desejo de ser escritor e pela Luiza.
ResponderExcluirObrigada por despertar essa vontade de ler mais esse clássico nacional.
Clássicos e autores clássicos sempre me chamam atenção e acho que gostaria de ler esse livro do autor. Achei interessante o que disse da leitura ter esses dois lados pra analisar, mas me chamou atenção o odiável personagem. Ahh, em clássico eu fico com vontade de ler pra odiar também xD
ResponderExcluirIsso de parar de dar valor quando tem o que quer me chamou atenção pra ver como essa história se desenrolou. Além daquele clima antigo, interior, personagens e vidas de modos diferentes e os dramas da época. Parece legal. Com uma escrita nem tão enrolada como muitos mais antigos tem. Parece fácil de ler.
Oi,
ResponderExcluirOlha pela premissa não me animo de ler.
Achei chatinho e esse João parece bem intragável rsrsrsrs
A escrita do Graciliano é algo engraçado pra mim, porque amei em São Bernardo, superfluida e gostosa de ler.
Mas em Vidas secas achei bem confusa e arrastada.
Bjs
Olá!
ResponderExcluirJá li um livro do autor e meio que não entendi muito bem. Tenho curiosidade em ler outros mais, só que fico receio de não entender. O livro tem uma premissa boa e talvez eu consiga ler em algum momento.
Meu blog:
Tempos Literários
Sempre fui uma grande fã do Graciliano Ramos mas nunca tive oportunidade de ler esse livro pois acabava dando prioridade a outros livros de outros autores Depois dessa sinopse vou tentar mudar isso gostei da delicadeza e brutalidade equilibrada nesse livro
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