Mulherzinhas, livro que deu origem ao filme Adoráveis Mulheres — e a várias outras adaptações —, com Emma Watson e Saoirse Ronan, é um clássico escrito por Louisa May Alcott, publicado pela primeira vez em 1868. É considerado como uma semi-biografia da própria autora. Quanto ao enredo, não há nada de excepcional, já que conta a história de quatro irmãs, Meg, Jo, Beth e Amy, que dividem a casa e a vida com a mãe e a cozinheira Hannah enquanto aguardam o pai retornar da Guerra Civil Americana.
Não há, de fato, acontecimentos marcantes, apenas o dia a dia dessas mulheres que eram de família rica mas, por um infortúnio do destino, perderam tudo e ficaram "pobres". Nesse ponto já digo que, apesar de entender como viviam e como vivem durante a narrativa, não consigo aceitar que ela era extremamente pobre como algumas das irmãs insistiam em lamuriar. Passavam por dificuldades? Sim, mas a ponto de ficarem o tempo todo reclamando do quanto eram pobres e não podiam ter as coisas, porque não era bem assim.
Outro aspecto que toma conta da obra é a religião, que tem um papel enorme na vida das meninas. Por exemplo, tudo é dividido entre bem e mal, certo e errado. Se você pecasse de alguma forma, pagaria por isso, da mesma forma que seria recompensado se seguisse por um caminho justo. Então, sempre que as meninas achavam que estavam desviando desse caminho perfeito, pediam conselho à amável mãezinha, que sempre dava alguma lição de moral. Isso fazia que a personagem Jo vivesse eternamente em conflito, já que era a irmã de personalidade forte que odiava seguir regras.
E por falar nas irmãs, cada uma tem sua personalidade e uma característica que a faz única. Meg, a mais velha, é a mocinha recatada, dotada de boas maneiras, a esposinha perfeita; Jo é aventureira e sonha em ser escritora, vai totalmente contra a sociedade, já que sua última prioridade é o casamento; Beth é a irmã pacificadora, por assim dizer, vive única e exclusivamente para o lar e é extremamente tímida; Amy é a que possui alma de artista, sonha em voltar a ser rica e é extremamente vaidosa. Lembram quando eu disse que duas das irmãs nunca cansavam de reclamar da situação financeira em que se encontravam? Pois é, Amy e Meg, rs.
Como vocês puderam perceber, existe um tom sexista na obra de May Alcott, principalmente porque ela deixa claro o tempo inteiro que o casamento e a maternidade são o ponto alto da vida de uma mulher — por isso Jo é sempre retratada como a irmã atrevida. Vejo muitas pessoas apontando isso, mas vejam bem... O que esperar de um livro escrito em 1868? Inclusive, gosto de frisar que as meninas March tinham tanta liberdade — elas trabalhavam, tinham amigos homens... — que acredito que, em um primeiro momento, Mulherzinhas deve ter sido metralhado pela crítica. Não dá para negar que esse livro deve ter mudado a vida de muitas jovens naquela época.
A edição que eu li, da Penguin Companhia, possui as partes I e II. Na parte I acompanhamos o crescimento das meninas, enquanto a parte II foca na vida delas como adultas e, consequentemente, como esposas. Gosto de dizer que essa segunda parte foi um delírio coletivo e que nunca existiu, de tão ruim e desnecessária. Na minha concepção ela não se encaixa na parte I, que apesar de morna, é muito fofa. Não gostei dos desfechos de Jo e Amy, foi tão forçado que os últimos dez capítulos foram um sacrilégio para mim. Falando nisso, se vocês estiverem em busca de algum romance apaixonante, é melhor procurar outra obra para ler...
De forma geral, Mulherzinhas não é um livro ruim. É bem parado, não existe reviravolta na vida das meninas, mas a escrita de May Alcott é bem cativante. Se vocês gostarem de narrativas no estilo Anne de Green Gables e Polyanna, com certeza serão fisgados na primeira página. Porém, o meu conselho de amiga é não irem com sede ao pote, principalmente na parte II — pode ser cruel da minha parte falar, mas se puderem, fiquem apenas com a parte I, que é realmente mais tocante e não estraga a construção da melhor personagem do livro, a Jo.
Título Original: Little Women ✦ Autora: Louisa May Alcott
Páginas: 704 ✦ Tradução: Julia Romeu
✦ Editora: Penguin
Livro recebido em parceria com a editora
Que edição linda!
ResponderExcluirEstou com muita vontade de ler Mulherzinhas, mas sem tanta expectativa.
Já li uma versão super adaptada (menos de 200 páginas) e eu gostei das irmãs.
Apesar de não ter tantos acontecimentos marcantes, acho que posso gostar desse clássico.
Beijos
1 milhão de reais para quem pronunciar corretamente Saoirse Ronan rsrs.
ResponderExcluirBem... falando sobre Mulherzinhas, odiei essa tradução, preferia Adoráveis Mulheres, mas enfim.... A primeira vez que ouvi falar sobre o livro foi em Friends, quando Joey lê o livro da Rachel e meio que dá um spoiler sobre uma das meninas.
Li Oito Primos da Louisa e a leitura não fluiu como eu esperava e desejava, tinha altas expectativas na leitura. Fiquei com um pé atrás em relação a Mulherzinhas. Mas as vezes me dá vontade de ler.
Essa questão de história, digamos, monótona, sem grandes reviravoltas e acontecimentos, acredito que é uma característica da Louisa, pois é assim mesmo com Os Oito Primos.
Eu acho Mulherzinhas meio pejorativo, sei lá? Mas é bem a tradução literal né, então não temos muito o que fazer.
ExcluirTODA VEZ que eu via esse livro lembrava do Joey chorando hahahaha.
Mas sinceramente me decepcionei muito, esperava muito mais.
Acabei fazendo essa leitura nesse ano de 2020 e amei a leitura. Realmente é um livro bem parado, por isso, talvez não tenha agradado a muitos leitores.
ResponderExcluirEu li noutra versão, mas amei a relação de amor entre as irmãs. A conexão entre elas. Me identifiquei demais com Jo..rs
E odiei Amy.
Mas amei muito e super recomendo rs
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Oi, Ana
ResponderExcluirEsse livro tem várias edições e nem sei dizer qual é a mais linda!
Prefiro o título do filme o do livro para nós brasileiros soa pejorativo, como se tivéssemos menor valor.
Vi alguns vídeos sobre o livro e filme, a autora na época foi meio que "obrigada" a escrever a segunda parte. Levando em conta para a época em que foi escrito às mulheres tinham que se casar, aff.
Obrigada pela dica, não vou criar expectativas quando ler.
Beijos
O bom de livro de domínio público é que tem muita edição, fica até difícil escolher, né? hahaha
ExcluirEU FALEI ISSO LÁ EM CIMA COM A MICHELLE, acho o título meio pejorativo também. :(
Ana!
ResponderExcluirSuas resenhas tem análises tão precisas que me agradam muito pelo fato de sabermos o que podermos encontrar realmente no livro.
Está na lista dos meus desejados há muito tempo.
Já me espanto nessa época uma mulher escrever um livro, porque é bem complicado.
A premissa familiar a princípio me pareceu interessante, mas como falou, o livro de certa forma é entediante, porque na verdade é uma época e conceitos não vividos por nós.
Ainda ssim, acredito que seja uma leitura de conhecimento e isso é o que importa.
cheirinhos
Rudy
Conheci essa história primeiro em adaptação. Vi a série que saiu dela e amei tanto, tem tanta coisa legal e que me aqueceu o coração lá. O filme ficou bem legal também. Mas gostaria de ler pra ver como essa vida delas é retratada no livro. Parece dar umas raivinhas que adaptação não deu. E ser bem paradinho, mas pra época meio que se espera. Tem muito que esperaria de bem parado aí. Mesmo assim faz imaginar o que algumas das personalidades delas causaram em quem leu na época do lançamento mesmo...Jo segue sendo a que mais adimiro, mas fiquei preocupada com os finais delas no livro. Hum...
ResponderExcluirMinha relação com este livro é um pouco complicada já que eu só descobri que existia Depois de ler uma releitura dele chamada pequenas mulheres vampiras mas de toda e qualquer forma nenhum dos dois livros me agradaram apesar de ter gostado da adaptação de adoráveis mulheres para televisão
ResponderExcluirOi, Ana
ResponderExcluirNossa, comecei ler ele duas vezes e não fluia, parei.
Lendo sua resenha já deu pra ver que não vou gostar mesmo. Bem chatinhas essas moças, hein.
Vou querer ler não.
Bjs
Oi amiga,
ResponderExcluirTinha ficado com vontade de ler esse livro, gostei da premissa de ver as vidas dessas mulheres, mas como não é algo tão instigante e que tem mais de 700 páginas sendo que nem era necessário essa segunda parte, acho que vou passar essa leitura hahaha. Obrigada por sua opinião sempre sincera!
Beijos.
Olá!
ResponderExcluirTenho vontade de ler o livro, já que vi o trailer da adaptação. Como é um clássico queria ler primeiro antes de assistir. Tem uma premissa boa e espero conseguir ler logo.
Meu blog:
Tempos Literários
Olá Ana!
ResponderExcluirConfesso que acho essa obra um tanto trivial demais, embora possa ser considerada renovadora se formos levar em consideração a época de publicação.
O ponto alto talvez seja a forma com a qual Alcott constrói cada uma das irmãs, de modo que as personalidades individuais ficam muito bem delineadas.
Agora essa ênfase que o livro dá em relação à posição da mulher, realmente é difícil de engolir, embora nos faça refletir sobre o que realmente mudou de lá pra cá.
Beijos.