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15 de abril de 2020

A Última Festa | Lucy Foley


Há cerca de dez anos um grupo de amigos celebram o ano novo juntos. É uma regra: mesmo que passem muito tempo sem contato, a festa de fim de ano já está marcada na agenda de cada um deles, afinal, uma amizade tão duradoura quanto a deles precisa de uma comemoração digna. No ano em questão, Emma, que entrou por último no grupo e anseia por ser aceita, reservou um luxuoso chalé nas montanhas escocesas, longe de tudo, para que tudo fosse inesquecível. Realmente foi, mas não da forma como esperavam, já que um deles foi brutalmente assassinado. 
  
A Última Festa, de Lucy Foley, segue um estilo de narrativa que gosto muito, pois alterna o ponto de vista entre os personagens, além nos mostrar passado, através dos olhos de alguns dos amigos — Emma, Katie, Miranda —, e presente, na perspectiva de dois funcionários do chalé, Doug e Heather, e é nesse pano de fundo que o suspense se desenvolve. A gente já começa a leitura sabendo que alguém morreu, mas não sabe quem, muito menos quem matou. Não é difícil descobrir a personagem assassinada, mas o plot envolvendo o assassino tem capacidade de pegar o leitor de surpresa.  

Apesar de ser vendido como um suspense de tirar o fôlego, a obra se prende mais no desenvolvimento dos personagens. Os amigos, por exemplo, parecem não querer estar ali, mas foram para cumprir essa obrigação boba que se impuseram ao invés de aceitarem que cada qual resolveu seguir seu próprio caminho. São quase todos intragáveis, com exceção, talvez, de Katie. Mark e Julien são homens horríveis e péssimos companheiros; Samira e Giles & Nick e Bo, apesar de cumprirem bem seus respectivos papéis, parecem estar ali só para cumprir uma cota, já que a narrativa quase não foca neles. Porém, Miranda consegue ser a pior personagem de todas. Desagradável, invejosa, sente prazer em humilhar os amigos simplesmente porque se sente superior a todos eles. 

Agora, gostei bastante de Heather e Doug, que cuidam do chalé. Os dois possuem passados difíceis que explicam terem ido trabalhar em um lugar tão inóspito. Mas, de todos, o meu preferido foi Doug, pelo simples fato de ser o mais real, estava ali porque o destino não pôde dar nada melhor para ele. Inclusive acho que Lucy Foley leva o leitor a pensar muito mal dele, talvez por algum objetivo em específico, né? 
  
Eu descobri quem foi morto logo de início. Não sei bem se isso é um spoiler, mas por via das dúvidas salte esse parágrafo caso não queria ter nenhuma pista. Existe um personagem que, no fundo, todos odeiam, mesmo que não admitam. Cada um deles têm um motivo, por mais simples que seja, de querer essa pessoa morta. Então, por mais fácil que tenha sido desvendar o mistério acerca da morte, foi proporcionalmente difícil descobrir quem era o assassino. A atmosfera de falsidade era muito grande, até eles sabiam que não eram mais amigos de verdade, cruz credo. 

De forma geral, o livro A Última Festa é uma obra bem dinâmica. O desenvolvimento é super satisfatório, apesar de ter sido um pouco lento na primeira metade da história. É o primeiro livro de Lucy Foley do gênero e foi uma ótima estreia, já que a construção do mistério foi bastante inteligente — repito, não por parte de quem foi assassinado, mas de quem cometeu o crime. A única coisa que me incomodou foi o excesso de descrições de refeições, encontros regados à drogas e champanhe e conversas aleatórias que, no fim, não acrescentaram muito ao enredo.

Título Original: The Hunting Party ✦ Autora: Lucy Foley
 Páginas: 304Tradução: Marina Vargas Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora 

14 comentários :

  1. Ana!
    Adoro livros nesse estilo policial, cheio de suspense e muito mistério para se descobrir quem é o criminoso.
    E acredito que justamente essa forma que a autora trouxe, tentando confundir o leitor e só entregando no final, é emocionante.
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Realmente o livro está sendo vendido como um grande suspense, mas desde que o vi pela primeira vez, já percebi que era mais como um desvendar dos personagens. E não, isso não é ruim de jeito nenhum, só muda um pouquinho nossa visão.
    De todas as formas, é um livro que desejo demais conferir e será que eu adivinharia quem morreu? Sou uma negação nisso.rs
    Espero ler o quanto antes!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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    1. Super isso. É muito mais focado na construção dos personagens que do enredo em si. Mas não acho que seja um defeito também.
      CERTEZA que pelo menos quem morreu você notaria logo de cara!

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  3. A Última Festa tá com um hype não é?! Tenho visto muitos elogios a esse livro.. E também muito ranço a um determinado personagem, provavelmente esse que você mencionou.
    Também não conhecia a autora.
    Mas quero muito ler

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  4. Oi, Ana
    Desejo esse livro desde que vi seu lançamento, além do amarelo da capa chamar atenção a premissa é fascinante.
    Gostei de como a autora soube esconder quem cometeu o crime, todo esse suspense aumenta minha vontade de ler.
    Beijos

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  5. Olá Ana!
    Quando li a sinopse dessa obra sabia que precisava conferir essa história, porque simplesmente adoro esse tipo de suspense.
    O livro parece cumprir bem o que promete, embora deixe de focar na caracterização de alguns personagens para investir em detalhes desnecessários que só servem pra enrolar.
    Gosto do fato de a autora não esconder quem morreu, mas sim as circustâncias do ocorrido, tornando tudo mais instigante.
    Beijos.

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  6. Achei essa premissa bem legal, mas não sei se vou ler - estou evitando o desconforto que os thrillers me causam.
    Teria sido sensacional se ficasse um suspense entre o falecido e o assassino, né? Mas tentar adivinhar um já é empolgante.
    Bom saber sua opinião sobre.

    Beijos

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  7. Oii!
    Gostei da premissa, embora eu também leia pouco suspense. A sua resenha me despertou para o livro que parece ser cheio de tensão.

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    1. Oi, Nicoly!
      Às vezes é bom aumentar nosso leque de opções. Espero que você leia e goste!

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  8. Essa capa me atraiu 0% a ler o livro, mas esse enredo me deixou muito curiosa. Primeiro, amo essas coisas de grupo de amigos, sério. Mesmo que, pelo que você falou, eles nem seja tão amigos assim hahahaa E eu amo um bom suspense, então estou bem curiosa para ler
    Os Delírios Literários de Lex

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  9. Parece um livro bom de ler e mais pelo jeito que os personagens são desenvolvidos do que pelo mistério e aquele clima de quem fez o que e etc. A curiosidade neles parece ter ganhado mais foco do que o mistério. Gosto disso, de uma trama que entregue bem os personagens e te faça ficar criando teorias por isso. Parece prender e ser uma leitura bem interessante.

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  10. adoro aqueles livros gostozinhos de suspense. Esse livro me lembrou muito o livro os seis suspeitos do vikas swarup. Tenho que reconhecer que os thiller da arqueiro são muito bons. correndo para ler esse

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  11. Oi, Ana
    Esse não é meu o gênero que costumo ler, mas achei a história e o mistério do assassinato todo muito instigante e curioso.
    Esse grupo de amigos parecem ser superchatos, daqueles personagens que não gostamos de nenhum. Kkk
    Bjs

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    1. Também não leio tantos livros do gênero. Inclusive acho que é por isso que gosto de praticamente todos que eu leio. Não tenho olho clínico pra notar as coisas ou perceber erros no enredo.
      E sim, personagens muito chatos e FALSOS, nossa.

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