Um Caminho Para a Liberdade é o primeiro livro da Jojo Moyes desde Ainda Sou Eu, volume que encerra a trajetória de Lou Clark, famosa protagonista da trilogia Como Eu Era Antes de Você. Famosa por seus romances arrebatadores, ninguém imaginaria que a autora lançaria um livro tão político quanto esse, fato que, inclusive, chamou minha atenção para ele.
A história se passa no interior do Kentucky ― na região leste, a mais pobre de todo o estado ―, num cenário onde os Estados Unidos estão se recuperando da depressão econômica causada pela Crise de 1929. Entre 1933 e 1937, o presidente Roosevelt instaurou o New Deal, uma série de programas que visavam ajudar o país a sair da crise. Nesse contexto real, conhecemos as personagens fictícias criadas por Jojo Moyes: Alice, Margery, Sophie, Izzy e Beth, funcionárias do projeto Biblioteca a Cavalo da Works Progress Administration (WPA), agência americana criada no New Deal que empregou milhões de pessoas para realizar projetos de obras públicas.
O projeto em si era bastante simples: levar livros para os moradores mais desfavorecidos da região, aqueles que moravam em locais de mais difícil acesso. O complicado mesmo era suportar o preconceito das pessoas mais conservadoras, principalmente homens ― até porque onde já se viu mulheres cavalgando sozinhas para levar literatura de qualidade para pessoas pobres, né? ―, e convencer a cidade inteira de que promover a educação ajudaria o país. Não acredito que Um Caminho Para a Liberdade tenha uma
protagonista simplesmente porque todas as bibliotecárias são importantes
demais, mas a maior parte da história gira em torno de Alice e Margery.
Alice é uma moça inglesa de boa família, mas que nunca foi considerada uma dama pela sociedade. Eis que o caminho dela se cruza com o de Bennet Van Clave, um norte-americano rico e bonitão. Com o casamento e sua ida para os Estados Unidos, Alice vê aí uma oportunidade de sair da prisão que é sua própria casa. Porém, a personagem sai de uma prisão para entrar em outra, já que não se dá muito bem com o marido e é obrigada a conviver com o sogro, um homem horrível que só sabe diminuir as mulheres. Ao entrar no projeto, mesmo com a desaprovação de todos, Alice tem uma chance de se reencontrar.
Margery, ao contrário de Alice, é uma alma naturalmente livre. Sofreu muito nas mãos do pai quando era criança e presenciou o sofrimento da mãe, por isso jurou nunca se casar. Não é que ela não ame ninguém, muito pelo contrario, mas não quer se sentir presa por uma convenção pelo resto da vida. Margery é aquele tipo de mulher que bate de frente com todo mundo, não leva desaforo pra casa e, principalmente, não aceita injustiça. Se em pleno século XXI somos julgadas por temos esse tipo de personalidade, imagina na década de 30? Era um ultraje, né?
Um Caminho Para a Liberdade tem tudo o que eu gosto em um livro, mulheres fortes que resistem independente do que possa acontecer, um cenário real envolvendo política como plano de fundo, personagens diretamente ligadas à literatura é claro, uma pitada de romance, o que não faz mal a ninguém. O foco são as bibliotecárias a cavalo e o desenvolvimento delas durante a história, mas é importante lembrar que elas lideravam um projeto numa época onde o racismo reinava e mulheres não tinham direitos. Sophie, por exemplo, na condição de mulher negra, sofreu infinitamente mais que as outras: era a única que não cavalgava e trabalhada à noite reparando e catalogando os livros, escondida, por medo de ser retaliada.
Como leitora, não existe coisa que me deixa mais feliz do que livros que falam sobre livros, mas essa obra da Jojo não é apenas isso. A cada página é possível notar as mudanças que as histórias levados pelas meninas acarretavam nas pessoas, só confirmando nossa teoria de que os livros podem sim mudar o mundo. Então, em Um Caminho Para a Liberdade, os livros representam transformação social e resistência. Conhecimento é a base de tudo, então nem preciso explicar o ódio dos ricos, que não suportam pobres letrados, pelo projeto.
Claro que como em toda história com protagonistas mulheres que lutam para ter voz, passei um bocado de raiva com várias situações que elas foram obrigadas a passar. Odiei o sr. Van Clave com todas as minhas forças, toda hora queria entrar no livro pra socar a cara dele, mas odiei Bennet, marido da Alice, igualmente simplesmente por ser um bananão, covarde, filhinho do papai, insuportável. Os dois são o clássico exemplo do machista que se dói horrores quando vê uma mulher andando com as próprias pernas, ganhando dinheiro, se recusando a ficar em casa sendo mandada.
Acredito que já dei motivos suficientes para vocês lerem Um Caminho Para a Liberdade, mas ainda tem a cereja do bolo: sororidade. Toda a história sobre os livros é, de fato, muito emocionante, mas não existe nada mais bonito que essa união entre essas mulheres. Mulheres que lutam juntas pelos direitos da população, então... Só tinha que dar certo mesmo. Todas essas características me levam a acreditar que de todos os livros que a Jojo publicou até hoje, esse é o mais cru, construído inteiramente de exemplos reais, coisas que podem acontecer com qualquer mulher. Às vezes é bem difícil ler sobre tanta injustiça, mas ao mesmo tempo esse livro dá esperança de que dias melhores virão.
Como leitora, não existe coisa que me deixa mais feliz do que livros que falam sobre livros, mas essa obra da Jojo não é apenas isso. A cada página é possível notar as mudanças que as histórias levados pelas meninas acarretavam nas pessoas, só confirmando nossa teoria de que os livros podem sim mudar o mundo. Então, em Um Caminho Para a Liberdade, os livros representam transformação social e resistência. Conhecimento é a base de tudo, então nem preciso explicar o ódio dos ricos, que não suportam pobres letrados, pelo projeto.
Claro que como em toda história com protagonistas mulheres que lutam para ter voz, passei um bocado de raiva com várias situações que elas foram obrigadas a passar. Odiei o sr. Van Clave com todas as minhas forças, toda hora queria entrar no livro pra socar a cara dele, mas odiei Bennet, marido da Alice, igualmente simplesmente por ser um bananão, covarde, filhinho do papai, insuportável. Os dois são o clássico exemplo do machista que se dói horrores quando vê uma mulher andando com as próprias pernas, ganhando dinheiro, se recusando a ficar em casa sendo mandada.
Acredito que já dei motivos suficientes para vocês lerem Um Caminho Para a Liberdade, mas ainda tem a cereja do bolo: sororidade. Toda a história sobre os livros é, de fato, muito emocionante, mas não existe nada mais bonito que essa união entre essas mulheres. Mulheres que lutam juntas pelos direitos da população, então... Só tinha que dar certo mesmo. Todas essas características me levam a acreditar que de todos os livros que a Jojo publicou até hoje, esse é o mais cru, construído inteiramente de exemplos reais, coisas que podem acontecer com qualquer mulher. Às vezes é bem difícil ler sobre tanta injustiça, mas ao mesmo tempo esse livro dá esperança de que dias melhores virão.
Título Original: The Giver of Stars ✦ Autora: Jojo Moyes ✦ Páginas: 368
Tradução: Ana Rodrigues, Catharina Pinheiro, Julia Sobral Campos e Maria Camelita
✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
Amiga! Eu já tava no clima de ler esse livro, e depois desse post a vontade só aumentou! Nós duas temos muitas características e pensamentos em comum, então acho que vou acabar gostando da obra. Eu adoro os livros da Jojo ❣que bom que vc gostou desse!
ResponderExcluirUm beijo da sua amiga campineira mais linda
www.procurei-em-sonhos.com
Sou #JojoLover com muito orgulho. Apesar de Depois de Você e Ainda Sou Eu...
ResponderExcluirFiquei feliz ao ver que Jojo se aventurou por outros caminhos e mandou muito bem.
Já tenho grande admiração por Alice e Margery e um ranço sem precedentes contra Clave e seu filho.
Miga, não quis ler de jeito nenhum as continuações de Como Eu Era Antes de Você... Nem vejo sentido nessas continuações, aliás.
ExcluirEu gostei muito desse livro, viu? Você como JojoLover com certeza vai gostar.
Oi Ana! Da Jojo eu só li mesmo o clássico Como eu era antes de você hahahaha Mas ando querendo demais ler esse livro agora e saber que tem essas personagens femininas me anima ainda mais! Os Delírios Literários de Lex
ResponderExcluirAh, sua resenha só me fez querer ler esse livro ainda mais.
ResponderExcluirAmo a escrita da Jojo, ela sempre me envolve - às vezes demora, mas envolve.
Essa premissa me chama muita atenção, sinto que irá se tornar um dos meus favoritos dela.
Histórias com sororidade são essenciais.
Beijos
Apesar de ter lido bem pouco da autora, gosto demais dos trabalhos dela, mas oh, cá entre nós, este último livro além da capa perfeita demais, traz isso de mulheres fortes e determinadas e? Livros!!!
ResponderExcluirNão vejo a hora de poder ter essa obra em mãos e devorar cada pedacinho dela.
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Oi, Ana
ResponderExcluirJojo Moyes é uma das minhas autoras favoritas da vida e li apenas 6 livros dela, me apaixonei por sua escrita.
Tive oportunidade de ganhar esse livro e ele é lindo, que capa maravilhosa. Conforme a luz bate no livro as cores ficam diferentes nas fotos.
Não li porque estou lendo uns encalhados desde o ano passado, mas depois de ler sua resenha preciso ler urgente.
Protagonistas mulheres, fortes, batalhadoras, que gostam de livros, lutam pela liberdade não só delas mas da população que levam os livros.
Beijos
"Apenas 6 livros"
ExcluirAMADAH isso é muita coisa! Ei de concordar que a escrita dela é muito boa mesmo, super fluida. SIM, A CAPA É UM SONHO!
Por favor, leia logo e me fala se gostou!
Histórias dessa autora sempre me chamam atenção e já amei por ter uma trama tão interessante assim e com mulheres fortes que enfrentam uma luta além do que a gente imaginaria. A história é surpreendente e inspira. Parece bem gostoso de ler e acompanhar. E ainda tem o tempo da história, que também me chama muita atenção, ainda mais pelas coisas que faziam e aquelas pequenas atitudes que pro povo eram um absurdo. Mulher sofre desde sempre né. Mas quando a gente vê história de garotas que quebram barreiras é sempre um sentimento de esperança e força que surge, acho isso lindo. Dá pra se inspirar e passar aquelas raivas também pelo visto. Amar uns e odiar outros. Bem envolvente essa trama. Adoraria ler.
ResponderExcluirOlá Ana!
ResponderExcluirEu, como um fã assíduo das obras de Moyes, estava com as expectativas lá em cima para este livro, que felizmente se tornou um dos meus favoritos do ano, embora não tenha recebido 5 estrelas como eu esperava.
É possível perceber claramente a inspiração retirada de Mulherzinhas para a elaboração da trama, mas Moyes vai muito além e entrega uma história empoderadora e com personagens femininas que expressam perfeitamente a libertação, de diversas formas.
Uma cena linda é quando todas se juntam para cantar para Margery, é de uma sensibilidade sem igual.
Mas o que me deixou refletindo muito no final foi uma decisão da protagonista que foi um tanto incompatível com o que ela prega durante TODO o livro, e faz exatamente o contrário depois.
Por outro lado, a evolução de Alice é definidamente o ponto alto do livro, e fiquei muito satisfeito com seu desfecho.
Beijos.
Ana!
ResponderExcluirO livro me parece bem atual, trazendo além dos problemas sociais e políticos, a luta da mulher para impor suas vontades e não se deixar intimidar.
Gosto da Jojo e já quero ler.
cheirinhos
Rudy
O Livro é legal mas não foi o melhor da autora mas eu gostei por ser mais atual e realista. Eu me surpreendi muito com a capa do livro que foge do padrão estabelecido pelas outras capas.
ResponderExcluirEu só li dois livros dela até hoje, mas gosto bastante da forma como consegue contar uma história. Esse livro com certeza vai entrar para minha lista! Adoro livros assim, porque sempre me deixam com vontade de mudar as coisas e evitar que voltem a acontecer. Com certeza é um livro que merece ser lido!
ResponderExcluirOi, Ana
ResponderExcluirTô looooouca para lê-lo!
Amei sua resenha e outras que li dele.
Parece ser um livro forte e muito inspirador.
A Alice e a Margery parecem ser personagens admiráveis, que sofrem, mas também lutam muito.
E saber que mostra o quanto os livros mudam as pessoas já é um mega motivo para lê-lo.
Bjs
Alice e Margery foram umas das melhores protagonistas femininas que tive o prazer de ler. Espero que você goste!
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