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17 de julho de 2020

A Guerra que Salvou a Minha Vida | Kimberly Brubaker Bradley


A Guerra que Salvou Minha Vida é um dos livros mais bem avaliados da editora DarkSide Books. Fiquei muito curiosa porque todas as pessoas que eu conheço que leram gostaram muito. A história tem como pano de fundo o início da Segunda Guerra Mundial, quando os bombardeios de Hitler eram apenas rumores em Londres, mas ainda assim deixavam a população alarmada. Mas antes de dizer o que acontece com a protagonista nesse cenário, preciso apresentá-la a vocês. 

A narradora e protagonista, Ada, é uma menininha de aproximadamente dez anos que nunca saiu do apartamento onde vive. Fica horas e horas do dia olhando a vida pela janela, incluindo seu irmãozinho Jamie, que tem permissão para brincar lá fora. Acontece que Ada nasceu com o pezinho torto e sua mãe abusiva não permite que ela saia de casa, porque não quer que ninguém descubra que ela tem uma filha aleijada. 

Assim, com os possíveis bombardeios de Hitler, as crianças começaram a ser evacuadas, mas como Ada não frequentava a escola, ficaria de fora da lista. Pior do que isso, levariam Jamie, o que significa que ela ficaria sozinha com a mãe que tanto a maltratava. Ao pensar nisso, Ada decide tentar a sorte e foge com Jamie no dia da evacuação e os dois embarcam para o interior junto a milhares de crianças que também procuravam um lugar seguro. É assim que os dois conhecem Susan, uma moça que está passando por um período difícil, que se vê obrigada a dar lar temporário para as crianças, mas acaba se afeiçoando a elas. 

Eu amo livros narrados por crianças, principalmente quando relatam momentos de tensão: elas são tão sinceras e inocentes ao descrever os acontecimentos que a história, apesar de triste, ganha um tom mais leve. É irônico pensar que uma Guerra tão cruel poderia ser a salvação de uma pessoa, mas é realmente isso o que acontece aqui. Ada e Jamie viviam num ambiente hostil e eram constantemente maltratados pela Mãe. Se Jamie sofria, Ada sofria cinquenta vezes mais unicamente por ter nascido com o pé torto — o ódio que eu sinto por essa mãe se multiplica só de pensar que uma simples cirurgia quando Ada ainda era criança resolveria o problema, mas ela preferiu negligenciar a própria filha —, então sair das garras dessa pessoa tão cruel e desprovida de amor foi uma bênção para esses meninos. 

Ada é uma protagonista extraordinária e encantadora. Imaginem só vocês a cabeça de uma criança que nunca recebeu uma demonstração de afeto da pessoa que mais deveria se importar com ela. Imaginem crescer se sentindo errada, diferente das outras crianças, com medo do julgamento da sociedade. A melhor palavra para descrevê-la é desconfiada. Mesmo depois de chegar a um lugar confortável, com uma pessoa amargurada, mas disposta a ajudá-la, Ada permaneceu arredia. Ao mesmo tempo que isso me deixou triste, seria mentira se dissesse que não senti nem um pouquinho de raiva da personagem em alguns momentos. Ela finalmente tinha o que queria, um lar, amor, atenção, e não conseguia ser grata. E esse sentimento me deixava ainda mais triste, porque conscientemente eu sabia que não era culpa dela, porque ela cresceu acreditando que não merecia coisas boas.

Para mim, o ponto alto do livro é o desenvolvimento de Ada. Por exemplo, Jamie, apesar de viver aterrorizado, foi mais fácil de conquistar. Então foi muito bonito acompanhar a forma como Susan lidava com os dois, mas principalmente com a menina, que, no fundo, morria de medo de amar e ser negligenciada novamente. Susan também tem uma história emocionante, já que perdeu uma pessoa muito importante e não conseguia superar o luto. Justamente por estar vivendo um período depressivo tão grande, acreditava que não conseguiria cuidar de duas crianças, mas acabou encontrando nelas um refúgio, uma cura para o seu coração. 

Vale lembrar que é A Guerra que Salvou Minha Vida um livro voltando para o público infantil, narrado por uma criança, então a linguagem é muito simples e direta, bastante infantil, exatamente como os pensamentos de uma criança de dez anos devem ser. Particularmente gosto muito desse estilo de narrativa, mas reconheço que pode incomodar algumas pessoas. É um livro muito bonito e tocante, mas principalmente sincero. Na minha opinião, só tem um defeito: o final é corrido demais, quase ilusório. Mas fico feliz em saber que existe uma continuação, A Guerra Que Me Ensinou a Viver, que promete entregar uma história tão linda quanto a contida no primeiro volume.

Título Original: The War That Saved My Life ✦ Autora: Kimberly Brubaker Bradley
Páginas: 240 ✦ Tradução: Mariana Serpa Vollmer ✦ Editora: DarkSide Books

23 comentários :

  1. A Ada...como eu sofri com a dor dela. Estou aqui escrevendo e olhando meu livrinho ali na estante. Eu amei fazer essa leitura e ainda não li o livro seguinte, mas preciso muito fazer isso para saber como Ada continuou sobrevivendo, aliás, vivendo agora!!!
    Falar da edição da DarkSide é chover no molhado, está linda, linda!!!
    Super recomendo!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Olá...
    Tenho muita vontade de ler esse livro! Acho que nunca ouvi alguém falar mal desse livro e, é claro, sua resenha me fez desejar ainda mais esse livro!
    Também adoro livros narrados por crianças, pois, elas trazem uma pureza, delicadeza e inocência que somente elas conseguem.
    Fiquei muito curiosa pra conhecer o desenvolvimento da protagonista no decorrer da história.
    Beijos

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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    1. Ai Diane, que bom que despertei sua curiosidade! Livros narrados por crianças são tudo de bom!

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  3. Ahhh! Você não sabe o quanto esse livro me tocou Ana!!!! Não curto muito ler nada relacionado a Segunda Guerra Mundial, mas Ada, sua resiliência, sua Esperança e vontade de transforma e sua vida me encataram de tal forma, que o livro se tornou um dos meus favs da vida e Ada uma das personagens favs

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  4. Eu gosto de livros que trazem como cenário a guerra, acho que se bem trabalhados, a história fica envolvente e até emocional. Pelo visto, esse livro vai focar bem nesse último, né? Também adoro crianças e a verdade que elas passam. Fiquei curiosa sobre o livro :)
    Obrigada pela resenha, até mais.

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  5. Oi
    tenho muita vontade de ler esse livro, a história parece ser linda e gosto de obras narradas por crianças, só acho o preço meio salgado, mais ainda vou comprar.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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    1. Realmente, concordo com você quanto ao preço, mas fica de olho porque ele sempre entra em promoção, viu?

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  6. Ana!
    Delícia livro narrado por criança, né? Uma visão ingêen ua e sem maldade.
    Gosto muito de livros que tem como pano de fundo a guerra e ver uma protagonista tão inocente, inexperiente e sem amor, já que a mãe que deveria amá-la e ensiná-la, não o faz, traz uma história linda de conhecimento e superação que quero poder apreciar.
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Ah, Ada mora no meu coração.
    A inocência dela me conquistou. Foi bonito acompanhar esse processo dela, ainda mais com a Susan. A sequência também é muito bonita.
    Fico feliz que tenha gostado.

    Beijos

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  8. Olá Ana Clara!
    Esse livro é sensacional mesmo, confesso que sofri com alguns acontecimentos (ver Jamie sendo punido por escrever com "a mão do diabo" me partiu o coração), tive raiva da mãe de Ada pelo tratamento que ela deva aos filhos, por fazer a menina ser responsável pelo irmão e fiquei feliz quando as crianças foram para um lar que os acolheu e onde encontraram afeto. Também tive raiva da protagonista em alguns momentos. Não me incomodou nem um pouco a linguagem simples, prefiro assim do que muito rebuscada. Estou super ansiosa para ler a continuação dessa história.
    Beijos

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  9. Depois de algumas experiências bem mais ou menos, A Guerra que Salvou Minha Vida é um dos poucos livros da Darkside que tenho interesse hoje em dia. O começo da premissa desse livro me deixa muito angustiado quanto a relação do Jamie e, principalmente, da Ada com a mãe. Um alívio conhecer os novos rumos que a narrativa toma, além do elogiado desenvolvimento dos personagens. Quero muito!

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  10. Não curto esses livros que se passam na guerra ou pós-guerra recente, não sei explicar o motivo. Todavia, acho que podem ser interessantes e muito emocionantes mesmo. Também não gosto de finais corridos! Achei curioso o fato de ser um livro infantil abordando esse tema, importante!
    Beijos

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  11. Livros que se passam em período das grandes guerras & que são narrados por crianças tendem a destruir meu coração em um milhão de pequenos pedaços. Mas ainda assim eu não aguento ver uma história com esse tipo de enredo que já quero ler kkkkk.
    Os Delírios Literários de Lex
    Participe do Top Comentarista de Julho ♥

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  12. toda historia que se passa nesse periodo sombrio é emocionante .é só vermos os livros ,e filmes
    Imagino o sofrimento dessa personagem que nunca recebeu amor daquela que deveria ama-la .por isso ela tem essa dificuldade de mostrar afeto .como dar uma coisa que ela nunca recebeu não é ,mesmo ?mas que bom que o ponto alto é o crescomento dessa personagem que tanto sofreu

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  13. Olá! Estou louca para me apaixonar e emocionar com a Ada e sua história tão sofrida, ter a segunda guerra como plano de fundo só deixa a leitura ainda mais atraente, espero poder conferir o mais breve possível essa grande lição sobre o que é o amor.

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  14. Queria ver se lia esse livro, parece bonito mesmo. A narrativa dele me chama atenção pelos tempos, adoro leituras relacionadas a esse período. E por ser aos olhos de uma criança tem toda aquela coisa a mais né, o jeito que a história vai se desenrolar, os sentimentos e medos são diferentes. Ela, a garota, parece mudar muito ao longo da história e é essa noção da tempestade e de achar um refugio em meio a isso, depois disso, que me deixa esperançosa com a leitura e os bons sentimentos que ela parece deixar. Tem aí uma trama linda. Gostaria de conhecer a história dessa menina.

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    1. Leia! Acho que você vai gostar. Esse período, apesar de triste, traz histórias muito marcantes né...

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  15. Ô que eu adorei esse livro é a delicadeza que ele conta sobre a guerra pelos olhos de vista de uma criança e até então eu só tinha lido algo assim no livro A Menina que Roubava Livros do markus zusak que até então é o meu livro de drama Favorito sobre a guerra

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  16. Olá Ana!
    Esse livro e uns dos meus mais desejados da lista e se quiser me dar de presente de natal, estou aceitando.. kkkkk
    Pois, então eu quero muito ler livros que se passa nessa época, depois que li Anne Frank fiquei com muita curiosidade e já vi muitas pessoas falarem bem desse livro. A historia parece ser emocionante e percebi que há um preconceito pela parte da mãe da garotinha, não li mas já estou com raiva dela. kkkk

    blog: Tempos Literários

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  17. Eu amo demais a DarkSide, mas acredita que eu nunca tinha ouvido falar desse livro? Ao decorrer da sua resenha, eu acabei lembrando do filme Jojo Rabbit, que também se passa no período nazista na pespectiva de uma criança. Eu fiquei bastante interessado pra ver o desenvolvimento da Ada durante esse período tão difícil. Além disso, eu adorei saber que a escrita do livro é bem simples e fácil de ser lida, fazendo com que as crianças leiam o livro sem ter esse tipo de problema.

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  18. Oi, Ana
    Acabei de ler sua resenha com os olhos cheios de lágrimas, toda vez que leio a resenha desse livro me emociona.
    Faz um tempo que namoro esse e o segundo livro, quero muito poder ler e acompanhar esses 3 personagens que precisam um dos outro para se curar do luto, abandono.
    Ada foi super corajosa de fugir dessa mãe abusiva e entendo como ela deve irritar o leitor ao negar o amor de Susan afinal teve uma infeliz como mãe.
    Espero que você possa ler o segundo livro de traga a resenha pra gente, beijos.

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    1. Ai Luana, você é uma fofa, nossa! Que lindo que esse livro te marcou dessa forma!

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  19. Oi, Ana
    Li ele logo que foi lançado e amei muito!
    A Ada sofre tanto e ama tanto o Jamie. A relação deles dois é linda.
    Fiquei morrendo de raiva da mãe dela e até dela, quando tratava mal a Susan. Mas entendo a desconfiança dela.
    A Susan foi incrível também. Como ela renasceu com as crianças foi muito legal de se ver.
    Preciso comprar o 2. Aliás, já passou da hora.
    Bjs

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