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28 de julho de 2020

A Odisseia de Hakim: Da Síria à Turquia | Fabien Toulmé


O quadrinista francês Fabien Toulmé é fortemente conhecido por duas obras, Não Era Você que Eu Esperava e Duas Vidas. Dessa vez, ele nos presenteou com a história de Hakim, um jovem sírio que se viu obrigado a abandonar seu país de origem para sobreviver. Para se tornar um refugiado, Hakim teve que deixar tudo para trás, inclusive a família e os amigos.

Parece estranho, mas em entrevista para o site da Editions Delcourt, Toulmé conta que o desejo de escrever um livro contando a história de um refugiado sírio surgiu de outra catástrofe, "a tragédia da Germanwings, em 2015, quando um piloto atirou o seu avião, e todos os passageiros a bordo, contra uma montanha nos Alpes Franceses para cometer suicídio". Ele ficou muito comovido, mas ao mesmo tempo percebeu que os jornais não falavam abertamente sobre as centenas de outras mortes no Mediterrâneo: os imigrantes que diariamente morriam afogados tentando encontrar um lugar mais seguro eram tratados como problema pela mídia.


A Odisseia de Hakim: Da Síria à Turquia é o primeiro volume da trilogia em que Hakim dá seu relato, através dos olhos de Fabien Toulmé. Nessa parte em específico, ele nos conta principalmente sobre os horrores de uma guerra que pouco é mostrada para nós: os protestos de uma população cansada do regime ditatorial imposto pela família al-Assad desde a década de 70, o regime que reagiu aos protestos pacíficos de forma violenta, a resposta em forma de mais protestos que pediam unicamente reformas no governo para que houvesse mais democracia e melhores condições de vida... 

Obviamente todos esses acontecimentos refletiram diretamente na vida de Hakim, que perdeu seu negócio e foi torturado unicamente por estar no lugar errado, na hora errada. Só depois de passar um período preso que resolve abandonar o país em busca de segurança e de condições melhores. Os fatos narrados por Hakim são muito comoventes, porque podem ser a história de qualquer outra pessoa, ou o início da história de qualquer outra pessoa que, no fim das contas, não teve tanta sorte quanto ele.

Sempre que leio sobre a Guerra Civil na Síria me lembro da história Bana Alabed, uma criança que foi obrigada a deixar seu lar, em Alepo. Sua casa chegou a ser bombardeada, mas graças a Deus ninguém se machucou e atualmente toda a família está sem segurança na Turquia. Citei isso, porque lembro de falar que "a gente realmente não tem um pingo de noção do que é perder tudo e continuar lutando", e também tive esse mesmo sentimento lendo A Odisseia de Hakim.

Histórias envolvendo guerras sempre mexem muito comigo, mas quadrinhos, justamente pelo fato de terem ilustrações, sempre me deixam mais abalada, porque a gente literalmente enxerga as coisas como elas foram. Nesse sentido, os traços de Fabien Toulmé fizeram sua parte de forma magistral. Não vejo a hora de ler o restante do relato de Hakim, que continuará em mais dois volumes: Da Turquia à Grécia e Da Macedônia à França, país onde reside atualmente com a esposa e os filhos.

Título Original: L'Odyssée d'Hakim: De la Syrie à la Turquie ✦ Autor: Fabien Toulmé
Páginas: 272 ✦ Tradução: Fernando Scheibe ✦ Editora: Nemo
Livro recebido em parceria com a editora
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22 comentários :

  1. Sabe Ana, muitas vezes fico pensando que, mesmo sabendo das barbaidades que acontecem em outros lugares do mundo, nunca sabemos realmente a dor e tudo que acontece com as pessoas, porque se arriscam a fugir de países que estão em algum tipo de guerra e pedem refúgio em outos países de língua, costumes, culturas e outras tantas coisas bem diferentes do que estão acostumados. E fico bem sensibilizada com eles e grata por não termos de passar por essas atrocidades.
    Deve ser um livro forte e bom.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Nunca na vida a gente vai conseguir sentir o que essas pessoas sentem mesmo, Rudy... Mas acho interessante sabermos o que eles passam, aliás, acho importante!

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  2. Olá! Livrão que fala né, uma história tão atual, e infelizmente bastante comum para outras milhares de pessoas, espero ter a oportunidade de conferir a história e acompanhar a jornada de Hakim.

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  3. Os traços simples e O tom pastel da HQ contrasta com o tema importante e necessário, abordado em A Odisseia de Hakim: os refugiados.
    Que são ignorados pela sociedade e visto como estorvo pela sociedade.

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  4. Aquele presente gostoso numa manhã de quarta feira! Confesso que ainda não conhecia o quadrinho, por isso fiquei subindo e descendo a tela só para olhar as ilustrações. Realmente você ler algo com essa realidade tão dura é uma coisa já complicada, agora os quadrinhos permitem essa visão e isso é ainda mais dolorido.
    Me lembro muito bem do lance do avião ;/
    Por isso com certeza se tiver oportunidade, já quero muito esse quadrinho e os demais!!!!
    Beijo

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    1. Você é demais, amiga! <3
      Também não lembro muito desse lance do avião, mas com a realidade da Síria eu já sou mais familiarizada. É muito triste, mas importante que saibamos o que acontece, né?

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  5. Que gracinha de ilustração, os tons, os traços, tudo. Deve ser bem interessante acompanhar a jornada do personagem, esse é por si só um assunto interessante, apesar de bem pesado e muito triste. Entretanto, não curto nem histórias de guerra (pois mexem muito comigo também) e nem quadrinhos, mas acho que leria esse se tivesse a oportunidade.
    Beijos

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  6. ola Ana
    deve ser dolorosa ter que deixar tudo para traz e recomeçar a vida em um pais diferente .Fico me perguntando porque tantas crueldade com o proximo
    tem duas imagens impactante que ficou registrado na minha memoria que é quando centenas de crianças morreram em decorrencia de um gas venesono e daquele bebe de 2 anos que encontraram morto na praia porque seus pais estavam fugindo da guerra
    quero ler essa historia,esse relato desse homem , e de sua retomada em um pais diferente
    sempre tiramos algo positivo de livros assim como por exemplo a resilencia ,esse poder que o ser humano tem de recomeçar

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  7. Nossa, mas essa trama fala de coisas bem pesadas hein. O sentimento que deixou só de ver falando de toda história e coisas pro trás foi ruim. Parece dessas histórias que te fazem enxergar a vida de um jeito que você não imaginava, que as vezes não para pra pensar. Mesmo assim quantas histórias dessas não existem, gente tendo que sair de casa, perdendo tudo pra fugir de uma guerra que não tem nada a ver com eles, de horrores que nem dá pra imaginar. Perdendo e deixando tudo pra trás pra sobreviver. Me deixa triste, mas sei que seria uma história que iria guardar aqui dentro só pelo que faz a gente enxergar. Difícil. Mas necessária.

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  8. Durante toda a resenha fiquei me perguntando se eu teria coragem de ler esse livro ou outro com esse mesmo nível de complexidade. Eu acho que esses livros sempre nos tocam de alguma maneira e pode ser que nem sempre seja de forma positiva, ou alegre, entende?
    Três livros então tem muito pela frente. Quero ver a resenha dos outros.
    Abraços

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  9. Oi Ana, só de ler a sua resenha eu já fiquei com o coração super pesado, imagino como deve ser a experiência de leitura... Apesar disso, fiquei com muita vontade de ler, eu adoro histórias assim, em certa medida, pois nos possibilita conhecer uma realidade bem diferente da nossa.
    Os Delírios Literários de Lex
    Participe do Top Comentarista de Julho ♥

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    1. Sim amiga, é sempre isso o que eu falo quando leio livros do gênero. É muito importante a gente conhecer essa realidade, saber de verdade o que acontece através da visão de uma pessoa real!

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  10. Eu adoro esse autor. Recentemente eu li dois livros dele chamado não era você que estava esperando e duas vidas e recentemente Descobri que esse autor já morou no Brasil alguns anos atrás. Eu não sabia que ele iria lançar outro quadrinho no Brasil e achei interessante ser uma história ambientada na guerra

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  11. Nossa, que história tocante. Sempre vemos histórias envolvendo a Segunda Guerra Mundial em livros, mas dificilmente outras são retratadas, logo fiquei surpreso com o conteúdo desse quadrinho ser sobre a Síria. E, realmente, vemos pouquíssima sobre ela, as guerras e os refugiados serem retratados pela mídia. A história de Hakim parece emocionar e o traço do autor dando vida a essa realidade é capaz de deixar tudo ainda mais bem trabalhado. Adorei a recomendação!

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  12. Olá Ana!
    Só pelo fato você cita no final que eles vivem atualmente, já despertou meu interesse em ler essa obra. Esse ano despertou meu interesse em ler livros que se passa em época de guerra para conhecer mais e saber o que aconteceu naquela época. Fiquei bem curiosa por esse, já vou anotar!

    blog: Tempos Literários

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  13. Nossa...
    De fato, ler sobre a guerra através de Hq's deve ser bem intenso. Não é apenas ler, é enxergar todas as atrocidades.
    Interessante o que inspirou o autor a escrever essa hq; eu não tenho o costume de ler hq, mas preciso mudar isso. Essa parece um bom começo.

    Beijos

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  14. "a gente realmente não tem um pingo de noção do que é perder tudo e continuar lutando"... Essa frase mexeu muito comigo, acho que ás vezes a gente dá tanta importância pros nossos pequenos probleminhas que nem paramos pra pensar no que tanta gente precisa passar quase que diariamente, né?
    Nunca li nenhum quadrinho na minha vida (exceto aqueles de criança rs), mas depois dessa resenha maravilhosa e que exprime tanto sentimento fiquei morrendo de vontade de ler e já quero tê-lo em minha estante.
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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    1. Amiga sempre penso isso, sabe? A gente é muito privilegiado. Mas é importante essa nossa empatia! E dê uma chance pros quadrinhos, os da Nemo são sempre muito bons!

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  15. É realmente muito triste saber que a população em geral pouco se importa com as guerras que estão acontecendo há DÉCADAS em alguns lugares do mundo. É a primeira vez que ouço falar dessa HQ que, certamente, eu iria amar lê-la. Adorei ver que o livro consegue contar de uma forma simples um assunto tão importante!

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  16. Oi, Ana
    Não conhecia o autor, depois de ler sua resenha fui pesquisar sobre ele e vi uns vídeos dele indicando obras brasileiras entre livros, filmes e músicas. Morou aqui um tempo e fala muito bem português.
    Essa HQ mostra a guerra que só vemos as nuances através dos jornais, mas só quem viveu sabe a realidade cruel e ainda luta para sobreviver lá ou em outro país.
    Ler apenas um relato é diferente de ler HQ e ver essas ilustrações, Hakim vive feliz com sua família. Esse foi o alívio após ler sua resenha.
    Beijos

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  17. Olá Ana Clara!
    Eu acho tão legal essa nova versão de quadrinhos, que mostram diversas histórias e não só do universo dos super-heróis. Não tem como não ficar comovido com as Guerras e o sofrimento daquelas que estão envolvidos, ilustrar tais acontecimentos deve ser um desafio. Encarar essa jornada, como Hakin e tantos outras pessoas não deve ser nada fácil, achei bem criativo o autor dividir os livros como se fosse a viagem do personagem até e contar um país seguro.
    Beijos

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  18. Oi, Ana
    Quero ler mais quadrinhos esse ano, e a história do Hakim parece ser ótima, embora extremamente triste e terrível, é também igualmente importante.
    Como você disse, a gente não tem noção de como é perder tudo. Como é viver nesses governos ditatoriais.
    Assim que der lerei.
    Bjs

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