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25 de setembro de 2020

Aprendendo a Cair | Mikaël Ross


Neuerkerode é uma vila localizada na Alemanha que é totalmente inclusiva. Lá vivem pessoas com e sem deficiência que trabalham e gerem o local juntos. Lá, todo mundo tem as mesmas oportunidades e convivem muito bem, mesmo que as coisas fiquem um pouco intensas às vezes. Aprendendo a Cair se passa nesse cenário incrível e é um quadrinho muito especial, porque foi publicado no ano em que a Fundação Evangélica Neuerkerode comemorou 150 anos, em 2018.

A Fundação Evangélica Neuerkerode foi criada pelo pastor Gustav Stutzer em 1868, uma iniciativa privada que, bem no começo, cuidava de cinco meninos com deficiência. Um século e meio depois, a vila tem capacidade de abrigar aproximadamente 800 pessoas deficientes que podem encontrar sua independência de acordo com suas capacidades. Por isso a obra de Mikaël Ross, focada em pessoas com deficiência intelectual, é tão importante, pois exalta um tema mais atual que nunca, a inclusão. 

Em Aprendendo a Cair conhecemos Noel, um jovem com necessidades especiais que sempre viveu com a mãe, até que ela sofre um derrame, deixando a vida dele uma bagunça completa. Como não pode ficar sozinho, um homem estranho de bigodes que nunca viu na vida teve que levar Noel para longe de casa, mesmo que ele quisesse muito ficar no apartamento onde sempre viveu com sua mãezinha. Assim ele vai viver em Neuerkerode, onde, com a ajuda de várias pessoas especiais, vai aprender a cuidar de si.
 
 
Apesar de muito triste, achei a premissa da obra de Mikaël Ross muito interessante, porque mostra ao leitor o dia a dia na vila. Ao mesmo tempo em que os personagens protagonizam várias cenas muito bem humoradas, o autor não deixa de frisar as partes difíceis, como quando uma personagem autista tem uma crise e como todos lidam com esses acontecimentos que são tão recorrentes por lá. Porém, Ross traz uma visão muito respeitosa e carinhosa dessas pessoas.

Mesmo que eu tenha gostado muito da obra de Mikaël Ross, senti que as passagens entre os capítulos foram muito abruptas. É como se fossem várias passagens dentro da história, mas nenhuma com um final exatamente fechado, então acho que faltou uma conectividade mais clara entre esses capítulos. Por exemplo, logo após a morte da mãe de Noel ele é levado para Neuerkerode, mas não é explicado como chegaram a essa decisão, ou porquê o jovem tinha que ir para lá — obviamente foi a solução perfeita, dada a forma em que vivem nessa vila!

A arte do quadrinho é muito bonita e consegue transmitir os sentimentos de Noel e dos outros personagens. Aliás, parando para pensar, Aprendendo a Cair é todo sobre sentimentos, como entendê-los e aprender com eles. É a coisa mais linda, até porque tudo o que é mostrado aqui, fruto de muita pesquisa do autor, representa a rotina de pessoas reais. Então, fiquei muito feliz e emocionada de ter tido contato com uma obra tão excepcional quanto essa! ❤ 
  
Título Original: Der Umfall ✦ Autor: Mikaël Ross
 Páginas: 128 ✦ Tradução: Renata Silveira ✦ Editora: Nemo
Livro recebido em parceria com a editora
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21 comentários :

  1. Desde que você postou nos stories do ig, que estou esperando a resenha!!!
    É aquele tipo de história que é um misto de tocante, triste, que dá um quentinho no coração e ainda deixa algumas reflexões.
    Achei os traços das ilustrações tão singelos, que combina muito bem com a história.

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  2. aai, adoro quadrinhos! Esse livrinho parece mexer com nossos sentimentos né? Dá uma tristeza pela história do Noel :( Mas que bom que ele foi acolhido em um bom lugar. Sua crítica foi muito bem feita!
    Abraços

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    1. Também amo quadrinhos! Mas comecei com a leitura deles há pouco tempo, para falar a verdade.
      Muito obrigada pelo elogio! 💕💕

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  3. Mesmo que o passar da história tenha sido meio abrupto, eu simplesmente fiquei apaixonada pelo enredo do quadrinho.
    Isso de juntar todo mundo num lugar só e mostrar como cada um lida com os "problemas" é algo inusitado e sim, penso que todos deveriam ao menos pensar nisso.
    A Nemo é caprichosa demais e olha o nível das ilustrações!
    Já quero muito ter essa Graphic em mãos!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  4. Ana!
    Acredito que essa sensação de ruptura que teve e algumas sem explicação, de um capítulo para o outro, é uma característica das HQs, diferentes dos livros regulares que lemos, acredito que seja mais um entendimento implícito.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Ai Rudy, não sei...
      Porque eu já li muitos quadrinhos com uma ordenação bem legal, que eu sabia que eram eventos que estavam acontecendo um após o outro. Esse quadrinho senti que tava lendo várias histórias aleatórias, sabe?

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  5. Que ilustrações fofas. Só o nome do livro já é bastante reflexivo, então esperava que fosse um livro um pouco triste e com histórias difíceis e comoventes mesmo. Muito legal ele ter pesquisado e "baseado" o livro em pessoas reais.
    Beijos

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  6. Olá! O livro parece ser lindo, ainda mais que foi inspirado na história de pessoas reais, ter a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o dia-a-dia dessas pessoas me parece ser inspirador e também muito motivador, principalmente em razão dos dias que estamos vivendo.

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  7. Dificilmente eu leio HQ, mas essa com certeza eu leria. Gosto quando o autor(a) aborda temas importantes durante a leitura. Quando vi que retrata a rotina de pessoas reais, fiquei com mais vontade ainda de ler. Além disso, a edição do livro é linda <3

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    1. Eu era assim também até me tornar parceira da Nemo, acredita? Hoje em dia não sei o que é um ano sem ler quadrinhos.

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  8. Ola
    Amo livros baseados em fatos reais e que bom que o autor trouxe nessa obra o cotidiano dessas pessoas portadores de alguma deficiencia
    Acho que nunca vi publicaçoes assim .
    Possivelmente da para imaginar um pouquinho como é a vida dessas pessoas .

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    1. Sim, e a forma como eles se entendem é bem bonita de acompanhar!

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  9. Bonita essa noção de mostrar a vida de quem vive com alguma necessidade especial e achei interessante um lugar onde possam aprender a como ser mais independente, a ver outras pessoas na mesma situação e ter essa comunidade, mostrar de um jeito menos assustador, digamos assim, pra quem tá de fora. A visão respeitosa e sensível chama atenção. O assunto pode ser bem delicado mas parece que a história consegue deixar uma marca na gente. Fazer a gente ver as coisas de outras formas.

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    1. Até porque a gente acha automaticamente que, por ter deficiência, a pessoa é inválida. Preconceitos que a gente carrega desde novinho, infelizmente. Ainda bem que a gente consegue mudar essa visão aos poucos!

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  10. Amiga, você lê uns livros tão, mas tão incríveis!!
    Eu nunca nem tinha ouvido falar e agora quero MUITO ler! E eu imagino mesmo que seja um livro bem triste e cheio de sensibilidade, mas ainda assim parece realmente valer a pena e conhecer.

    Os Delírios Literários de Lex 

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    1. Eu sei, leio mesmo, rs. 😎
      Obrigada, Nemo, por me propiciar leituras fodas.

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