Não sou a maior conhecedora de Frida Kahlo, mas sempre tive uma curiosidade para saber um pouco mais sobre sua trajetória, principalmente por ser um símbolo do movimento feminista. Frida Kahlo e a Cores da Vida é uma obra de ficção criada por Caroline Bernard a partir de acontecimentos reais da vida da artista, então achei que seria uma boa forma de começar meu contato com ela.
A obra faz um panorama geral da vida de Frida Kahlo, passando por acontecimentos importantes que marcaram sua trajetória, como o grave acidente sofrido aos 13 anos que lhe rendeu sequelas severas até o dia de sua morte, aos 47. De forma geral, gostei de como Bernard criou uma trama fictícia inserindo personalidades reais. Não só Frida é destacada, é claro, mas todos que conviviam com ela: o marido Diego Rivera, também pintor, familiares, amigos próximos... Todos que representaram um papel importante para Frida foram retratados.
Porém, muitas coisas na construção da obra me deixaram deveras decepcionada. Em primeiro lugar, muitas vezes achei a narrativa um tanto superficial, como se o narrador enxergasse Frida como uma eterna adolescente, dando um tom até infantil para a escrita. Além disso, senti que o legado mais importante da vida da artista, a pintura, foi jogado para escanteio, principalmente quando Diego Rivera invade a trama.
Eu detestei Diego como personagem, mas pesquisando um pouco mais sobre ele, imagino que o detestaria também como pessoa real. É o típico esquerdomacho, super prega a famosa justiça social, mas se revela um grande babaca sexista — e, nesse caso, não consigo diferenciar a realidade da ficção. A questão é que Diego Rivera engole Frida Kahlo de todas as formas possíveis. Na narrativa criada por Bernard, inclusive, Frida é várias vezes retratada como a esposa-submissa-e-dona-de-casa-perfeita.
Não é difícil achar fatos controversos e polêmicos sobre o seu relacionamento com Rivera ao pesquisar na internet: é fato que Frida era traída pelo marido e que houve uma traição dura demais para ela aceitar; não é mentira que eles passaram por um divórcio escandaloso e depois voltaram a se relacionar... O motivo de ela aceitar as traições de Rivera nunca vamos saber, mas quem somos nós para julgar? Gosto de pensar que se Frida fosse viva hoje, muita coisa teria acontecido de forma diferente. Ainda que insistisse nesse relacionamento tóxico, não consigo enxergar a enorme Frida Kahlo, livre e excêntrica, como simplesmente uma mulher submissa que vivia para cozinhar o almoço do marido. Portanto, acredito que a autora pecou demais nesse sentido.
Ah, não estou criticando de forma alguma as mulheres que escolheram dedicar suas vidas ao casamento, até porque cada mulher deve ser livre para fazer o que quiser e tomar suas próprias decisões. A questão é que a personalidade de Frida Kahlo não se encaixa a esse cenário, visto que ela nunca demonstrou se importar com os padrões estéticos e as convenções sociais impostos às mulheres. Suas pinturas demonstram, inclusive, que ela sempre gostou de se impor e lutava contra o patriarcado.
Por falar em pinturas, outro ponto positivo de Frida Kahlo e a Cores da Vida é que toda vez que um quadro era citado, eu corria para procurá-lo na internet e saber um pouco mais sobre ele. Eu nunca tinha parado para apreciar as obras de Frida Kahlo, mas depois de saber as histórias por trás delas, ou seja, quando elas começaram a fazer sentido para mim, não pude deixar de me impressionar. Gosto particularmente de Hospital Henry Ford (1932) e Umas Facadinhas de Nada (1935). Adoro o fato que Frida Kahlo era sua própria musa inspiradora, e que ela pintava para extravasar seus próprios sentimentos! Vocês podem ver mais de suas pinturas no Google Arts & Culture.
Hospital Henry Ford (1932) e Umas Facadinhas de Nada (1935), respectivamente. |
Ler Frida Kahlo e a Cores da Vida me deixou ainda mais curiosa para saber mais sobre a artista e suas criações, então acredito de verdade que a trama de Caroline Bernard tenha sido uma ótima introdução, mas muito provavelmente procurarei alguma biografia para ler mais pra frente. Agora eu consigo entender tudo o que a artista representa e o porquê dela fazer tanto sucesso até hoje — o que não justifica o fato de a imagem dela ser extremamente comercializada, mas isso é assunto para uma outra conversa, rs.
Também nao sou muito conhecedora da historia dela, mas quero muito ler os diarios da Frida Kahlo, todo mundo que le fala que é muuuito bom, bem mais cru por ser um diario né, e ela fala também do romance muitas vezes. Mas acho que as ediçoes sao bem dificeis ou caras. Nesse livro da tag, que é lindissima essa edição por sinal, é mais focado no romance neh, nao sei se em todo é fiel a realidade, mas enfim.
ResponderExcluirAcho que os diários dela devem trazer várias respostas concretas sobre o que ela passava, né? Fiquei com vontade de ler também, e ler uma biografia MESMO, 100% real.
ExcluirJá assisti ao filme Frida com Salma Hayek e nessa adaptação, Frida não tem nada de submissa.... já Diego é tudo isso mesmo.
ResponderExcluirMesmo que o livro não tenha sido tão bom assim, serve para despertar o interesse em conhecer a história de vida e obra dessa mulher genial e a frente do seu tempo
Ana!
ResponderExcluirSou bem fã da Frida e confesso que fico indignada quando uma escritora vai falar sobre alguém e não pesquisa direito sobre a vida ada pessoa. A Frida tinha lá suas fraquezas e sei grande amor foi realmente o detestável Rivera, mas ela jamais foi submissa, muito pelo contrário, ela o enfrentava e isso era o maior motivo entre as brigas dele e todas suas consequências.
cheirinhos
Rudy
Amiga eu já acho que ela fez uma pesquisa primorosa, mas acho que preferiu romantizar o relacionamento para deixá-lo mais "leve", talvez? Ai, não sei.
ExcluirNossa, olha essa edição que coisa mais linda! Também não tenho tanto conhecimento assim, mas sei que é uma pessoa muito importante e ler algo baseado em fatos reais é engrandecedor.
ResponderExcluirAchei muito interessante suas críticas, realmente é algo a se pensar.
Essas obras são bem inteligentes!
Eu admito que não sou também uma conhecedora da vida de Frida, mas a gente sabe por cima da importância não só da sua luta, pinturas, vida, na nossa vida até hoje!
ResponderExcluirSei que Frida não era uma pessoa feliz, ao menos, nunca a vi dessa maneira.
Por isso sim, com certeza este é um livro que preciso muito conferir!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Olá,
ResponderExcluirEu não conheço profundamente a história da Frida, apesar de amar os quadros dela.
Recomendo muito o filme dela, acredito que ainda esteja disponível na Netflix, assisti por lá.
Também sinto muita raiva do marido dela! Socorro.
Não conhecia esse livro, mas já quero ler sim!
Beijos
Os quadros dela são muito profundos!
ExcluirE muito obrigada pela indicação, vou procurar pra ver com certeza!
ola
ResponderExcluirconfesso que pouco sei pouco ou quase nada da vida dessa pintora.
.acho que tem que ter um ampla pesquisa ,para trazer a verdade aos leitores .uma pena que o autor da obra tenha dado esse tom quase adolescente para a Fidra .
Sei tão pouco dessa artista e um desses fatos é que nem tinha ideia de que o acidente foi tao jovem! Achava que ela era bem mais velha quando aconteceu. Parece um livro interessante por misturar realidade e ficção. O relacionamento com Diego, as obras e a pintura na vida dela e até como esse relacionamento conturbado mexeu com a vida dela e se refletiu no que ela fez em obras. A mulher sofreu. Nossa, a história de vida dela, pelo pouco que sei, me impressiona por tudo que parece ter passado.Seria legal ler algo assim pra ter mais informações. Ir pesquisando obras ao ler também acho bem legal. Dá pra saber muito do que ela fez e em que momento assim. Ter uma ideia. Acho isso muito bom.
ResponderExcluirMenina, eu conhecia tão pouco, mas tão pouco, que nem sabia desse acidente antes de ler o livro!
ExcluirOlá! É sempre muito bom saber um pouco mais sobre uma mulher tão a frente do seu tempo e mesmo sendo uma obra de ficção, acredito que dá para ter uma pequena noção de como foi a sua trajetória, fora que dá aquela vontade de pesquisar mais sobre a vida da Frida né.
ResponderExcluirOlá Ana Clara!
ResponderExcluirEu também não sei muito sobre Frida, apenas os fatos mais comentados na internet. Achei linda a capa desse livro e a ideia da autora, apesar de suas ressalvas. Também acho difícil um símbolo do feminismo ter sido a dona de casa perfeita, mesmo com a cultura da época. Estou rindo muito do termo "esquerdomacho" rsrs, mas adorei a palavra, tanto que irei adota-la no meu vocabulário. O que me deixa abismada é nunca ter estudado a pintora na aula de artes no colégio, acho inconcebível as pessoas não conhecerem a sua arte ao menos nessa disciplina obrigatória da educação básica.
Beijos
Ooi
ResponderExcluirA vida da Frida é muito controversa. Tem toda a ideia de ela ser feminista e um símbolo do movimento, mas como você disse ela passou a vida com um homem horrível. Nunca li nenhuma biografia sobre ela e nem assisti ao filme, mas li alguns artigos que me deixaram bem curiosa para entender essa mulher.
Silviane, blog kzmirobooks.com• Siga no Instagram: @kzmirobooks
Olá, Ana
ResponderExcluirConheço pouco sobre a vida de Frida, mas sempre é bom saber mais dela.
Esse marido Deus me livre, ainda bem que ela percebeu e mudou de vida.
Não tenho nada contra as mulheres que são submissas ao marido, eu quero algo diferente para minha vida.
Adorei essa capa, é linda!
Beijos
Oiiie,
ResponderExcluirAmiga, não conhecia essa obra e nem sabia sobre a pessoa que é retratado no livro.. Não sou muito de ler livros de biografias ou que conta a historia de alguém importante sabe..Mas querendo ou não gostei do livro e a edição estar linda.
Beijinhos: Tempos Literários