O Impulso, livro de estreia de Ashley Audrain, mal foi lançado e já está fazendo burburinho na internet. O thriller psicológico gira em torno de Blythe Connor, uma mulher que teve a infância marcada pela negligência da mãe. Apesar de ter medo da maternidade — e de nem ter certeza se quer isso para sua vida —, a mulher decide que vai fazer tudo diferente, que vai ser a mãe que nunca teve. Porém, assim que Violet nasce, ela percebe que a filha não tem o comportamento semelhante com o de nenhuma outra criança.
Se o enredo já não foi suficiente para deixar vocês com um comichão de curiosidade, listei três motivos imperdíveis para impulsionar (hehehe) de vez essa vontade.
1. Narrativa extremamente fluida
É óbvio que uma das coisas que faz com que a gente goste de um livro é a fluidez da narrativa, e essa característica é muito presente em O Impulso. Em primeiro lugar, os capítulos são curtos, o que dá uma turbinada na leitura. Depois, a narrativa é em primeira pessoa pela visão de Blythe. No livro, ela conta para o ex-marido — nas primeiras páginas já somos informados que ela não é mais casada — a versão dela da história envolvendo a filha, Violet, e as diversas coisas que aconteciam que provavam, no ponto de vista dela, que havia alguma coisa errada com a menina.
Além do mais, eu gosto muito quando um livro tem narradores não confiáveis. Tudo que acontece na história nos é apresentado pelo ponto de vista de uma mulher psicologicamente instável, e todo mundo parece duvidar das coisas que ela fala. Eu particularmente gosto dessa sensação de acreditar em tudo o que li mesmo sabendo que a personagem possa ter enxergado inúmeras situações da forma como quis enxergar, se é que vocês me entendem.
2. Fala sobre a maternidade sob um prisma diferente
Sabemos muito bem como a sociedade exige que sejam as mães: perfeitas, sempre cuidadosas, não podem se permitir errar e, principalmente, devem abdicar de todos os desejos para estarem sempre à disposição dos filhos. Aliás, mais do que isso, a sociedade exige que as mulheres sejam mães, né? A questão aqui é que Blythe não queria verdadeiramente ser mãe, mas seu marido a pressionava tanto que ela sentiu que tinha que dar isso para ele.
Quando finalmente aconteceu, ela não conseguia se conectar direito com a filha. O parto foi um sacrilégio e desde recém nascida a criança demonstrava que não era apegada à mãe, por mais que ela tentasse. A medida que ia crescendo, Violet demonstrava que era diferente, mas só Blythe enxergava isso. Pior, sempre que comentava alguma coisa, era taxada de louca por achar que a filha tinha algum problema e era amplamente criticada pelo marido "perfeito".
Mas aí acontece uma coisa deveras interessante: Blythe tem um segundo filho, Sam, e sente exatamente tudo aquela magia que não sentiu com Violet. Então só com a história de uma mulher a gente consegue ver as diversas facetas da maternidade e entende que são experiências completamente diferentes. Foi muito excitante acompanhar as formas totalmente opostas da protagonista enquanto mãe a partir de duas gestações, mas apenas uma que ela realmente desejou.
3. Traz inúmeros questionamentos sobre até que ponto sua criação pode te influenciar no futuro
Um dos motivos de Blythe não ser uma narradora confiável é que ela justifica toda a situação e sentimentos em relação à Violet com os seus problemas do passado. Sua avó tentou matar sua mãe inúmeras vezes; sua mãe carregava tanto sofrimento do que passou que não conseguiu arcar com o peso dela mesma gerar uma vida e ter que cuidar dela... Então acho que, no fundo, Blythe acreditava que herdou essas características de alguma forma.
Imagino que deva ser uma situação muito angustiante e que justifique todos os medos... O que me faz ter certeza que Blythe precisava urgentemente de um tratamento psicológico para tratar as dores do seu passado. Aliás, todo mundo nesse livro precisa de terapia, acredito que isso já resolveria metade dos problemas dos personagens, rs. A questão é que todas as situações me fizeram pensar muito sobre o desenvolvimento da nossa personalidade. Será que se minha mãe tivesse tomado decisões diferentes eu seria diferente? Será que se eu não tivesse saído de casa para estudar aos 14 anos me pareceria mais com os meus pais? Muita coisa para se pensar...
Recebi a prova antecipada para divulgação, mas O Impulso acabou de ser lançado e já está disponível para compra na Amazon. Se você gostou de Precisamos Falar Sobre o Kevin e não tiver problemas com gatilhos relacionados à maternidade, depressão, ansiedade e pensamentos homicidas, esse livro é para você.
Ah to muito curiosa pra ler esse livro, ate com a comparação que fazem com precisamos falar sobre kevin. Também gosto muito quando tem narradores não confiáveis, essa vibe de thriller gosto muito. Apesar de que parece que esse seja mais um drama pscicologico neh, nsei. Quero muito ler!
ResponderExcluirOi Ana, tudo bem?
ResponderExcluirEsses traumas realmente as vezes fazem com que as pessoas pensem que são assim por conta de sua história, e ficam em um limbo vivendo os reflexos dos acontecimentos passados no presente. Esse livro desde que começou a ser anunciado chamou minha atenção. Espero conseguir lê-lo logo.
Beijos
Quanto Mais Livros Melhor
Mais um super desejado da minha wishlist.
ResponderExcluirInteressante seu pov sobre a narradora não ser confiável. Pois ao ouvir a história podemos acreditar piamente nela ou achar como os demais personagens que ela sofre algum distúrbio
Realmente o ano começou com um burburinho em relação a este livro e pelo que ando lendo pelo mundo literário, ele está dividindo opiniões e eu amo quando isso acontece rs
ResponderExcluirMaternidade não é algo fácil, nunca foi e não há romantização nisso.
Mas pelo que pude perceber, fora o thriller psicológico,há também uma boa dose de drama e eu preciso muito conferir esse livro o quanto antes!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Falar sobre maternidade me deixa bem "não é pra mim" quando vejo um livro assim. Mas achei interessante não pintar aquele quadro de magia e beleza e flores que todo mundo parece focado em acreditar que é em toda situação. Que tenha um outro lado mostrando outras coisas e as dificuldades que a mulher passa além do parto. Que não romantize a coisa toda como se fosse só assim pra todo mundo. O contraste com o outro filho depois é bem interessante porque mostra uma experiencia diferente nas duas ocasiões. Acho legal a trama ter esses dois lados. Pode ser uma leitura mais rica por isso. Fica legal de ver.
ResponderExcluirOlá Ana Clara!
ResponderExcluirAdorei o trocadilho com "impulsionar" rsrs. Acho bem desafiadora a leitura de histórias cujo narrador não e confiável, ainda mais um tão instável quanto Blyte. A abordagem sobre a maternidade é uma discussão muito válida, realmente existe muita pressão da sociedade, e eu não sei como e sinto a respeito desse desejo, não vejo filhos num futuro próximo mas gostaria de ter essa experiência um dia (acho). Com certeza já adicionei na wish list.
Oi, Ana
ResponderExcluirConvivo com muitas mães no meu trabalho e um ponto positivo nesse livro é que ele não romantiza o parto/ser mãe.
Porque cada mulher é diferente e nem todo parto é igual ao outro.
Blythe passa por várias situações de abuso por sua mãe e ela carrega isso para a vida adulta e mesmo que ela se esforça para ser diferente com os filhos, dá impressão que com a filha elza não consegue.
Quero muito esse livro e esses motivos só aumenta minha vontade de ler.
Beijos
ola
ResponderExcluirnossa estou vendo tantas resenhas desse livro ,
eu gostaria de ler para ver a visão da autora sobre a maternidade ,pois ela traz temas bem serios .
Ana!
ResponderExcluirLi algumas resenhas do livro e fiquei muito interessada, principalmente porque fala da maternidade e das relações familiares, sem contar que deve ser uma leitura muito boa e um final impressionante.
cheirinhos
Rudy
Olá! Pelo que ando lendo sobre esse livro, realmente não faltam motivos para conferirmos , afinal ele mostra um lado não tão glamoroso (mas muito real) da maternidade, uma história que pode ser um pouco difícil de ser lida, mas que certamente tem muito a nos ensinar.
ResponderExcluirAmigaaa, só de ler esses motivos fiquei com muita vontade de ler. Por favor me da de presente?!! kkkkk
ResponderExcluirFiquei com muita curiosidade sobre a vida da personagem e de como ela vai enfrentar tudo.
Blog: Tempos Literários
Concordo com todos os motivos, principalmente a leitura fluida. Quando comecei não conseguia mais parar de ler! Adorei a foto!
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