Eu nunca tinha lido nada da Caitlin Doughty — até porque quem acompanha o blog há mais tempo sabe muito bem que esse tipo de livro é muito mais a cara da Jess, que inclusive adora a autora. Apesar de ter Confissões do Crematório na minha pequena coleção, preferi começar o meu caminho com a morte através do Verdades do Além-Tumúlo simplesmente porque eu amo qualquer escrito voltado para o público infantil.
O livro consiste em, basicamente, várias perguntas que as pessoas fazem para a autora, principalmente crianças e adolescentes — ah, para quem não sabe, Caitlin Doughty é agente funerária, por isso ela tem tanto contato com a morte e, obviamente, cadáveres —, respondidas de forma muito verdadeira e sincera, tudo com base na ciência e nas coisas que ela mesma presenciou enquanto trabalhava. Pode até parecer um pouco mórbido falando assim, mas eu juro para vocês que não é. As crianças são incríveis e têm cada curiosidade engraçada que só lendo para acreditar. E é claro que, apesar de ser técnica em vários momentos, Doughty responde tudo com muito bom humor, o que facilita bastante as coisas.
As perguntas variam bastante:
"Quando eu morrer, meu gato vai comer meus olhos?"
"O que aconteceria se alguém engolisse um saco de milho de pipoca antes de morrer e fosse cremado?"
"Nós comemos galinhas mortas. Porque não comemos pessoas mortas?"
E por aí vai... Só para vocês terem noção do nível de criatividade. Mas, sim, são curiosidades comuns de crianças como quaisquer outras... Crianças são naturalmente curiosas, por que seria diferente com um tema como a morte?
Acho que a maior reflexão de Caitlin Doughty em Verdades do Além-Tumúlo é exatamente essa. Se a morte é algo normal, que vai acontecer com todos nós, deveríamos tratar do assunto com naturalidade, né? Acontece que a morte ainda é um tabu, de certa forma. É difícil e muito triste em quase 100% das vezes, porque a gente não quer de jeito nenhum que uma pessoa que a gente ama muito morra... Mas assim como a autora, acredito que aprender sobre ela pode ser um exercício divertido, e por isso esse livro é tão bacana.
Além da forma como a autora responde as perguntas, suave porém honesta, gostei especialmente de um capítulo no final do livro em que ela conversa com uma especialista sobre ser normal essa curiosidade nas crianças. E... Sim, é muito normal! A psiquiatra Alicia Jorgenson, aliás, aconselha que nós, adultos, falemos com clareza e sinceridade com as crianças, principalmente por ser um conceito complicado para elas... Afinal, um ente querido que morre não vai voltar e elas precisam entender isso, por mais triste que seja.
Me apaixonei perdidamente pela escrita de Caitlin Doughty, porque ela consegue realmente deixar um tema tão delicado muito gostoso de ler. Então se vocês estão se perguntando se podem dar esse livro de presente pro afilhado ou sobrinho sem que os pais pensem que você quer matar a criança de medo, saibam que ele tem o "selo de aprovação Roendo Livros para livros infantis". Mas vale lembrar que a obra é indicada para todo mundo que tenha curiosidades sobre a morte que ainda não foram respondidas. E, ah, não vejo a hora de ler Confissões do Crematório e Para Toda a Eternidade!
Título Original: Will My Cat Eat My Eyeballs? ✦ Autora: Caitlin Doughty
Tradução: Regiane Winarski ✦ Páginas: 224 ✦ Editora: DarkSide Books
Oi, Ana
ResponderExcluirLendo sua resenha me lembrei quando era criança e fazia muitas perguntas.
As crianças tem uma curiosidade e criatividade bem aguçadas, as vezes colocam os adultos em saia justa. Mas faz parte né kkk.
Legal que a autora trás o assunto de morte com um cuidado, carinho e respeito que não assusta e ainda de uma maneira prazerosa.
Claro que vai para a lista de desejos, amei a capa.
Beijos
ola
ResponderExcluiré interessante a autora escrever um livro baseado nas perguntas reais que as crianças fazem a respeito da morte .Deve ter muitas perguntas curiosas porque como voce disse ,crianças são naturalmente curiosas e devemos sempre se honestas com elas ,por mais dificeis que seja esse tema que é a morte.
Ainda nao li nada da autora também, mas quero muito. E quero fazer o contrario, começar por Confissões do Crematório e depois ler esse, talvez um complemente o outro. As edições estao belissimas como sempre da darkside!!
ResponderExcluirOi Ana, tudo bem?
ResponderExcluirA trama parece ser bem descontraía apesar do assunto. Também nunca li nada da autora. Será meu primeiro contato.
p.s adorei a arte do livro :D
Beijos
Quanto Mais Livros Melhor
Não via a hora de ler sua resenha sobre este livro. Uma de minhas leituras do momento, é Para Toda a Eternidade da autora(eu já li e tenho Confissões do Crematório que amo de paixão) e desse "terceiro" livro, eu só conhecia a capa.
ResponderExcluirEu amo o tema, eu amo falar sobre a morte, mas admito que falo muito sozinha, pois sim, o tema é um tabu tolo. Não pode falar em morte, que chama morte. Ah gente, sério?? rs
Com certeza, é um livro que já está na lista dos mais desejados e leia, Confissões e Para Toda a Eternidade! São ótimos!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor
Definitivamente não é meu tipo de livro. Mas entendo o charme dele. O assunto é tabu, vem com tristeza e medo e a forma como parece tratar da coisa toda é bem leve. Tem umas perguntas bem doidas e divertidas, faz pensar no assunto de outra forma e a autora parece trazer essa leveza, essa normalidade ao falar dele. Parece legal por isso. Não seria um livro que pegaria assim pra ler do nada, mas também não parece ruim de ler, parece que vale a pena dar uma chance.
ResponderExcluirAmeeeeii esse Selo Roendo Livros para livros infantis!!!
ResponderExcluirSó uma escritora talentosa consegue dar leveza e humor a um tema tão complicado e até mesmo pesado.
Realmente não é o livro que a gente vê e diz é a cara da Aninha maaaass as vezes é bom sair da zona de conforto literária.
Olá Ana Clara!
ResponderExcluirÉ a primeira vez que ouço falar da autora. Pela capa achei que fosse algum livro de terror mas me surpreendi com o tema. Realmente falar sobre a morte é muito difícil, recentemente li um livro mais adulto sobre isso que mudou bastante a minha visão. Já estou rindo muito com essas perguntas, as crianças são seres de muita imaginação e pensam as coisas mais inusitadas. Já quero o livro pra mim.
Beijos
Ana!
ResponderExcluirSAbe que é uma coisa que não entendo... se já sabemos que a única certeza na vida é a morte, por que tantas pessoas tem tabu em conversar sobre ela e muitos tem medo de morrer?
Acho que não é apenas um livro para criança, acredito que todos nós devemos aprender e rir um pouco, porque as crianças são hilárias.
cheirinhos
Rudy
Amigaa, fala de morte é algo difícil até porque nunca sabemos quando isso vai acontece e com quem. Se para nós adultos é difícil entender imaginar uma criança. Gostei do livro e do tema que ele traz, espero conseguir ler, com certeza eu iria adora ler.
ResponderExcluirBlog: Tempos Literários
Olá! Vou confessar que pretendo passar bem longe desse livro, mesmo sabendo que ele aborda um tema tão necessário, sou daquelas que ainda não esta preparada para essa conversa #sorry.
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