Seguindo a vibe do lançamento incrível da Intrínseca, A Metade Perdida, decidi dar a chance para mais um romance de mulheres negras da editora. De fato, A Outra Garota Negra tem mistério, humor, política e todas as pautas relevantes de racismo que fizeram eco na internet nos últimos anos. Entretanto, nesse novo livro encontrei alguns obstáculos que fizeram que eu demorasse muito para terminar o livro e é sobre eles que também falarei nesse post.
A assistente editorial Nella Rogers é a única funcionária negra da Wagner Books. Quando outra negra, Hazel, começa a trabalhar no cubículo ao lado do dela, ela pensa que encontrou um aliado. Mas, com o passar das semanas, Nella percebe que Hazel se tornou a favorita do escritório – e ela mesma está sendo deixada de fora de projetos importantes. Em seguida, as notas começam a aparecer em sua mesa: deixe Wagner agora.
O que eu amei
1. A ambientação no corporativo de uma editora
Confesso que foi um dos motivos que me atraiu para a leitura e não deixou a desejar. A autora pinta com sutileza todos os tons do dia a dia de trabalho em uma renomada editora nova-iorquina. Os Starbucks gigantes logo cedo depois de muito tempo no metrô e a chegada no escritório que parece ter parado no tempo, no estilo Mad Men. Era o que eu esperava, e eu tive, um livro sem muitas interrupções para conversas online, apenas quando necessário. Em um negócio extremamente presencial dos livros físicos, são nos contatos corpo a corpo, nos bilhetes e ligações que acendem as fagulhas do mistério principal da trama.
2. Os negros não são iguais na vida real e são representados de maneira diversa em A outra garota negra
Uma garota negra conservadora e, a outra, progressiva com seus dreadlocks. Geralmente essa dicotomia já é algo marcante nos filmes adolescentes, mas não quando se trata de garotas negras, que geralmente sustentam sempre o mesmo estereótipo em todos os filmes, já que nos livros raramente são protagonistas ou chegam a ter algum papel de destaque. E é nessa dicotomia que se sustenta a desconfiança entre as personagens, ao mesmo tempo que o desejo de agradar, de formar um quilombo.
3. Diversidade de um negro só, não é diversidade
Os programas corporativos de diversidade sempre se esforçam para que o único funcionário de grupo sub-representado seja a cara das suas campanhas ou que promovam por si só a própria diversidade da companhia. Esse mito é satirizado no livro com brilhantismo.
O que eu não gostei
1. A competividade e inveja entre negros não é um tema a ser encorajado. Menos ainda entre mulheres negras.
No estilo Garotas Malvadas com um pouco de O Diabo Veste Prada, existe uma rivalidade que já se instaura entre a narradora e a recém chegada assistente negra. Enquanto a garota nova tenta ser amigável e simpática com todas, Nella descreve em primeira pessoa o quanto irrita a presença da colega de baia. Você deve estar pensando: mas isso é a metade dos filmes hollywoodianos, qual o problema?
Resumidamente, o tema de rivalidade feminina quando abordado dessa maneira sustenta diversas teorias patriarcais e machistas de que mulheres são incapazes de apoiar umas às outras. E afunilando o problema para mulheres negras, isso reforça a ideia de que além de serem mulheres desunidas, a comunidade negra, mesmo em desvantagem social devido ao racismo, não consegue se apoiar.
A inimizade faz parte da trama, mas talvez o tema pudesse ser abordado de outra maneira e com uma perspectiva que levantasse uma abordagem crítica no leitor.
2. Excesso de temas apelativos como #BlackLivesMatters
Nada me causa mais tristeza e revolta que ver pessoas levantando esses temas e hashtags o tempo todo, como se fossem a solução do racismo. São importantes, sim, mas tem ações mais efetivas que estas. Não sei como a autora se posiciona diante dos temas, mas achei o acesso constante a eles durante a narrativa um pouco cansativo.
3. O mundo corporativo não é para preguiçosos
A protagonista tem uma postura um pouco relaxada diante do seu próprio trabalho e se irrita constantemente quando o fazem melhor. O mundo corporativo não é para preguiçosos. É necessário correr atrás dos seus objetivos ou alguém conseguirá antes que você (talvez no lugar que seria seu). E sinto que o livro não explicou tão bem o motivo de tanto remorso e acabou ganhando uma narradora amarga e pouco envolvente.
4. Parece que o livro foi escrito para ser um filme ou série e por isso tem um ritmo cinematográfico que não ficou tão bom em texto, na minha opinião
Autoexplicativo já que o livro vai virar série nos próximos meses. Talvez essa já fosse uma intenção desde o princípio.
❤
Olá
ResponderExcluirVI resenhas não tão positivas desse livro talvez por esse fato da autora trazer essa animosidade entre as mulheres no ambiente de trabalho.
A personagem pelo que li também não tem carisma.Talvez a autora optou por trazer uma realidade que ainda existe. O ideal seria a União dessas duas personagem negras mas no fundo elas também não são perfeitas como todas nós.
Quero ler A metade perdida nesse ano.
Corrigindo meu comentário .A autora optou por trazer personagens que não são perfeitas porque nós não somos perfeitas
ExcluirEste é um livro que chegou prometendo muito e por tudo que li até o momento, decepcionou um pouco. Talvez por isso da competitividade dentro do meio das mulheres negras que buscam seu lugar, mas também das repetições.
ResponderExcluirTudo que é em excesso, acaba irritando, ainda mais na leitura.
Mesmo com as ressalvas, eu quero muito poder ler, ao menos para ter minha opinião!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
E tem também lá pelas tantas uma vibe de mistério não é? Já li algumas resenhas, que curtiram o livro até metade, e depois acharam que o texto se perdeu completamente
ResponderExcluirOlá Mylane!
ResponderExcluirAdorei a resenha nesse estilo de tópicos dos pontos negativos e positivos. Muita bacana essa diversidade de uma pessoa só ser abordada na trama, realmente as empresas fazem muito isso. Uma pena a rivalidade feminina ser tão presente, entendo que a autora quis mostrar que como seres humanos somos falhos, mas concordo com você que isso não deve ser encorajado.
Beijos
Vejo que colocaram muita expectativa nesse livro (não sei porquê) e ele meio que decepcionou.
ResponderExcluirCom relação à competitividade feminina, isso não é uma regra, mas que acontece muito, acontece.
Danielle Medeiros de Souza
danibsb030501@yahoo.com.br
Gente, nao sei se falei antes, mas adorei esse layout!! Se nao elogiei antes, agora sim!! Ficou otimo!!
ResponderExcluirE sobre o livro, ja li algumas outras resenhas q as criticas do q n gostaram se assemelha muito com o que tu disse...mas ainda quero ler esse livro, por conta das semelhanças que diabo veste prada e menina malvadas rsrsrs
Olá! Apesar desses pontos negativos, tenho bastante curiosidade em conferir esse livro, eu acho muito bacana que temos cada vez mais no mercado histórias representativas, uma pena que a autora tenha pecado em alguns aspectos no desenvolvimento da história.
ResponderExcluirOlá! Estou super curiosa em ler esse livro, esse item Os negros não são iguais na vida real me deixou ainda mais interessada em conferi essa história, já tinha reparado nisso que tem sempre o mesmo estereótipo em todos os livros e filmes.
ResponderExcluirBjs