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11 de setembro de 2022

Não Nasci Para Agradar | Michelle Quach

Em Não Nasci Para Agradar conhecemos Eliza Quan, uma adolescente que não tem um pingo de medo de expressar suas opiniões. Seu maior sonho é se tornar editora-chefe da escola e ela se preparou tanto para isso que tem certeza que vai conseguir... Até Len DiMartile, um ex-atleta popular, decidir disputar o cargo. Mesmo sem preparo algum, o garoto parece ser favorito pelo simples fato de ser homem. É de ficar indignada mesmo, né? Até porque isso é uma coisa que acontece muito na vida real: infelizmente mulheres precisam ser um milhão de vezes melhores que os homens pra ocuparem o mesmo cargo que eles.

Acontece que Eliza fica tão p* da vida que escreve uma espécie de manifesto, algo para ela mesma, como se fosse um diário, falando sobre esse absurdo. O grande problema é que esse texto é postando sem a autorização dela, daí vocês já podem imaginar a confusão! Para acalmar as coisas, o diretor da escola meio que obriga os dois a trabalharem juntos. Com o passar do tempo, Eliza percebe que Len não é tão terrível assim e que ele não é seu rival, de fato. Nem preciso dizer o que vai acontecer, né?

Não vou negar que a primeira coisa que me interessou nesse livro foi o título, que é simplesmente perfeito. Mas é óbvio que a história não fica atrás: quem não ama um romance colegial com pano de fundo feminista? Porém, eu estaria mentindo pra vocês se disesse que amei demais, porque acabei me decepcionando um pouco com o enredo, principalmente no que diz respeito a questão da desigualdade de gêneros... No fim, acho que foi uma expectativa criada por mim mesmo, porque desde o início a autora deixa claro que é um romancinho mesmo. 

Vi muita gente reclamando do fato de Eliza e Len terem ficado juntos no final (e eu não considero isso um spoiler, por motivos óbvios). Na real, as maiores reclamações não são por ela ter ficado com ele de fato, mas pelos sentimentos dela de estar apaixonada pelo menino que fez com que ela entrasse numa baita confusão, digamos assim. E eu acho que é motivo SIM para sentimentos contraditórios, porque em momento algum, na minha opinião, ela estava se sentindo assim por estar apaixonada por um HOMEM, e sim por estar apaixonada por Len. Tipo, ela escreveu um manifesto, ela moveu mundos e fundos na escola por causa dele, o que as pessoas iam pensar? E gente, cá para nós, podemos até falar que não, mas nos importamos e muito com o que as pessoas pensam de nós, principalmente quando somos adolescentes. Então eu super entendi. 

E nesse sentido também não acho que o romance pode ser classificado como enemies to lovers. Não teve todo aquele climão, aquelas briguinhas de cachorro e gato, a Eliza não deixa claro que não gosta do Len nem nada do tipo. Ela "só" estava indignada com a situação e era isso que ela odiava. Tanto é que ela convivia com o Len muito de boa, todos os momentos em que estavam juntos eram tranquilos, momentos de descobertas e tudo mais, o que eu achei bem bacana. 

Eu gostei do romance, de verdade, gente. Podem até me julgar, mas eu gostei. Não é a coisa mais desenvolvida do mundo, mas também não acho que aconteceu do nada. Se você passa a conviver mais com uma pessoa, é óbvio que vai se afeiçoar a ela de uma forma ou de outra. E eu curti porque a autora conseguiu balancear as coisas, sabe? Ela escancara os privilégios que homens têm nessa sociedade patriarcal e machista, ao mesmo tempo em que mostra que o problema é muito maior do que simplesmente odiá-los, sabem?

Outra coisa bastante legal é que a maior parte dos personagens são não-brancos. É interessante porque vai muito além dos protagonistas, a autora criou todo o enredo pensando nisso, acredito que por causa da própria vivência dela, uma vez que é estadunidense descendente de chineses e vietnamitas. A Eliza, querendo ou não, é um pouquinho da Michelle Quach, então além de tudo tivemos uma visão sobre como o patriarcalismo ainda permeia a cultura deles. 

Obras que falam sobre feminismo sempre ganham o meu coração, porque se eu tô aqui tendo acesso a esse livro, se eu tô aqui na internet expondo minha opinião sobre as coisas que leio, se eu tô existindo com o mínimo de dignidade possível, é porque muitas mulheres lutaram por isso. Ainda temos muito o que conquistar, mas estamos no caminho!

Título Original: Not Here to Be Liked ✦ Autora: Michelle Quach
Páginas: 400 ✦ Tradução: Ana Beatriz Omuro  ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

12 comentários :

  1. Ola
    Confesso que não entendi o porquê desse título. O romance possui aquele clichê hein Que bom que apesar de algumas ressalvas você gostou do livro .Isso que realmente importa.

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    1. No fim das contas, também acho que o título não faz muito sentido hehe

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  2. Eu como fã assumida de romance, gosto fd de romance em tudo kkkk
    Mas entendo a personagem viver um conflito, afinal o coração dela vai bater mais forte por alguém que representa tudo o que ela luta contra

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  3. O título dessa frase eu falo tanto rs eu não ligo com um romance mais juvenil, aliás, eu até gosto, pois puxa, a gente foi assim rs
    Eu estou namorando esse livro faz um tempinho e se já queria ler, imagina agora com você gostando da leitura?
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  4. O ultimo paragrafo adorei e isso!!!!
    Qdo se aborda feminismo tb nos livros em geral gosto muito, mas gosto mais ainda qdo se fala disso nos livros jovens.
    Essa capa é lindissima, gosto do titulo tb.
    E espero conseguir ler esse livro em breve.

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    1. Essa capa ficou um primor, e olha que não curto muito capa com rostos

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  5. O título me fez esperar algo diferente, me fez imaginar algo mais forte.
    Por esse motivo não tenho muito vontade de ler esse livro, porque acho que fantasiei algo e me decepcionaria ao não encontrar.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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    1. Ah, concordo super! Também esperava algo com um tom um pouco mais sério!

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  6. Os livros estão aí para contar histórias, nos divertir, mas também para colocar em pauta debates importantes. A luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres não impediria de um amor acontecer. Adorei a capa!

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  7. Olá! Pelo título do livro eu também esperava mais que um romance, que pelo visto não é o que ocorre, mas tá tudo bem, porque romances são sempre muito bem-vindos né.

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  8. ANA!
    Acredito que a autora trouxe o que se propôs: um romance adolescente e que fala de feminismo e diversidade.
    Ser feminista não quer dizer que não vai gostar de homens, se apaixonar; e, acredito que o manifesto deveria ter sido direcionado para a diretoria da escola, pois eles fizeram a escolha por ele, não foi?
    O título é bem expressivo.
    cheirinhos
    Rudy

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