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Nessa trama, Fátima Sousa nos apresenta Peter Berger, um ambiciosíssimo médico alemão que não mede suas ações para conseguir o que quer. Desde muito novo apresenta um caráter dúbio, que é ressaltado quando se filia ao Partido Nazista — digamos que os ideais antissemitas do partido eram exatamente o que ele precisava para dar vazão aos seus próprios pensamentos — e se torna amigo íntimo de Adolf Hitler.
Sua trajetória acabou fazendo com que fosse enviado à Auschwitz, onde trabalharia com Josef Mengele e outros médicos na seleção das vítimas a serem mortas nas câmaras de gás e realizaria experimentos em humanos. Muito frio e calculista, nada parece ser capaz de mudá-lo ou fazê-lo sentir alguma coisa, incluindo sua esposa e seus três filhos, até que ocorre uma reviravolta que promete mudar tudo.
Peter Berger é um personagem extremamente bem construído, porque a narrativa é feita de uma forma que o acompanhamos do nascimento à fase adulta. Achei interessantíssimo que desde muito pequeno Peter demonstrava sinais de que era "diferente", como se algo muito ruim tomasse conta dele desde a primeira infância. Justamente por isso muitas cenas são extremamente difíceis, envolvendo não só racismo, mas assassinatos e estupros. Então, de certa forma, todo o caminho para nos apresentar o protagonista é feito de forma que seja muito fácil odiá-lo.
Acho que por essas e outras Veludo não é um livro fácil. Não só pelas cenas aterrorizantes envolvendo Peter, mas também pelo contexto em que elas acontecem. Os diálogos são muito chocantes, principalmente a naturalidade com que falam sobre a morte de milhares de pessoas, como se fosse algo corriqueiro, que tivesse que acontecer por um bem maior. Foi muito difícil para mim ler essas coisas, e olha que não costumo me abalar facilmente. Por mais pesados que sejam, esses cenários e conversas só trouxeram mais verdade para a história.
Outra coisa que me fez pensar bastante durante a leitura foi a questão da criação. Quer dizer, até que ponto nossos pais são responsáveis por nosso caráter? Por exemplo, os pais de Peter eram totalmente avessos ao Partido Nazista e sempre passaram esses ideais para o filho, e mesmo assim ele optou por seguir uma ideologia tão horrível. Por que ele era assim? Aliás, por que tantas pessoas são assim, inclusive nos dias de hoje? Como se deixam enganar por discursos tão traiçoeiros?
Por causa dos inúmeros gatilhos, repito que esse livro não é para qualquer um. Foi escrito com o intuito de afrontar e causar sentimentos conflitantes, e com certeza ele faz isso. Peter é um personagem complexo com um desfecho mais complexo ainda, que pode não agradar a todos. Tenho certeza que é uma trama que me fará refletir por muito tempo. A quem interessar possa, Veludo está disponível gratuitamente no Kindle Unlimited!
Realmente não é um livro fácil.
ResponderExcluirÉ indigesto, cru e triste.
Parabéns a autora por escrever o livro tão forte.
Até que nos últimos tempos, tenho lido mais livros com essa temática mas sempre os mais "leves" normalmente ambientados em livrarias e bibliotecas e no estilo de A Guerra Que Salvou Minha Vida.
Mesmo doendo na alma, eu também sou apaixonada por esse pano de fundo das Guerras. Os cenários de Auschwitz e tantos outros campos nazistas, as crueldades, Menguele.
ResponderExcluirHá tanto ainda a ser revelado, pois acredito que nunca se saberá de fato o tamanho do horror vivido ali.
Como só conhecia o livro por capa, adorei o que li acima(no bom sentido) e preciso já para ontem iniciar essa leitura.
Não sei isso dos pais..fiquei aqui pensando. Estou com um irmão a ponto de ser preso, por conta de drogas, trapaças...e tem sido dois meses difíceis para todos nós.
Meus pais criaram 4 filhos bons...trabalhadores, honestos..e um só, saiu da linha.
A base estava ali...mas ele nunca se baseou em nada, principalmente no caráter e nome dos meus pais..
Ah....dói.
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Ai amiga, sinto muito que vocês estejam passando por isso. É muito complicado e a gente não tem controle. E vocês não têm culpa também. É só um pensamento que tive, de como a sociedade consegue influenciar a gente, sabe? Tomara que fique tudo bem!
ExcluirOlá Ana
ResponderExcluirJá tive a experiência de ler um livro cujo personagem o leitor acompanha desde o nascimento.
Não conhecia esse livro e essas obras que relatam os horrores da festa sempre deixam a gente pensativa a cerca da natureza humana e o porquê de tantas crueldades,Acho que cada um tem sua própria natureza boa ou má , independentemente da educação que recebeu.Ja li uma renomada Psiquiatra falar sobre crianças psicopatas.
A gente fica muito pensativo mesmo com essas coisas. Mas também acredito que a essência é independente da criação. Até porque a gente não vive numa bolha, né? A sociedade acaba nos influenciando de alguma forma.
ExcluirEu tenho algumas "manias literárias"... Euma dessas é ler livros com a mesma temática acho que eu li bastante livros com essa temática de 2° guerra mundial incluindo os outros livros que você citou.
ResponderExcluirJá guardei essa indicação para uma próxima leitura.
Tomara que você goste quando ler! Mas já aviso que é bem difícil!
ExcluirSim, parece que a leitura e o personagem principal nao é nenhum pouco facil de ler, e pelo visto deve ter muitos gatilhos pelo foco do aviso tb neh, o que é bom de ser feito. Mas o tema, e os assuntos que traz, acho beeem interessante. Gostei dessa dica, esse livro nao conhecia.
ResponderExcluirOlá! Um livro forte, que realmente não é para todos, mas que demonstra o quanto o ser humano é capaz de fazer, e tentar entender os porquês dessas ações é algo muito complexo, e o mais triste é perceber que ações como essas continuam sendo realizadas atualmente.
ResponderExcluirAna!
ResponderExcluirGosto dos livros ambientados nas guerras.
Já foi um período bem doloroso e complicado e ainda com um protagonista que tem o 'perfil' maldoso dos algozes da época, deve er mesmo um livro delicado para ser lido.
cheirinhos
Rudy
Difícil de digerir, eu diria. É bem agridoce, amiga. Ainda fico pensando sobre ele...
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