Vou contar uma verdade para vocês: ignorei completamente o lançamento de Dinastia Americana porque achei essa capa feia demais. Sim, eu sei que é ridículo da minha parte julgar um livro pela capa, mas foi muito inevitável. Foi só quando o pessoal começou a falar bem dele no grupo do #TimedaIntrín no WhatsApp que me interessei verdadeiramente. E cá para nós, vou ter que concordar com meus colegas que essa obra é muito injustiçada! Do fundo do meu coração, acho que é essa capa que afasta os leitores, pelo amor de Deus.
Brincadeiras à parte, em Dinastia Americana conhecemos a rapper norte-americana Danielle Nelson, mais conhecida como Duquesa. Além de cantora, ela é empresária, e tem uma marca de skincare muito promissora focada em produtos para pele negra. A marca faz tanto sucesso que Dani está prestes a assinar um contrato milionário com uma companhia de cosméticos mundialmente conhecida... Mas um "incidente" com uma estrela pop em ascensão acaba prejudicando esse acordo.
É aí que conhecemos o Príncipe Jameson da Inglaterra. Até então, Jameson sempre preferiu viver fora da realeza, conseguindo inclusive trabalhar como professor universitário. Esse sossego termina quando a Rainha, sua avó, o obriga a organizar um evento em homenagem ao falecido príncipe consorte, uma tentativa de salvar a imagem da Coroa após vários escândalos envolvendo os herdeiros do trono. Assim, Jameson se torna o rosto do evento, e uma de suas funções é escolher um artista popular para se apresentar em um show. O caminho dos nossos protagonistas se cruza quando o príncipe acaba escolhendo Dani, que vê sua participação no show como uma oportunidade de melhorar a própria imagem.
Nem preciso dizer que a atração entre eles é imediata, né? Os dois protagonizam cenas quentíssimas e simplesmente não conseguem ficar afastados. A questão é que nunca é fácil manter um relacionamento com um integrante da realeza e um exemplo claro disso é o casal que inspirou essa história, Meghan Markle e Príncipe Harry. Mesmo hoje, afastados da Família Real, os tabloides britânicos não perdoam e estão sempre soltando notícias maldosas ― e na maior parte das vezes mentirosas ― sobre eles. O racismo é escancarado, faltam dizer como que o Príncipe Harry teve coragem de corromper sua linhagem se casando com uma mulher negra, rs.
Vemos muito disso em Dinastia Americana, apesar do contexto ser diferente. Dani é uma mulher poderosa, com uma carreira brilhante tanto na música quanto no setor dos cosméticos. Ela não tem medo de usar e abusar da sua sensualidade, algo que por si só incomodaria a Coroa Britânica, mas acho que o ponto principal aqui é a cor da pele da protagonista, preta retinta. Tracey Livesay trabalhou essa questão de forma que muitos consideraram sutil, mas, na minha concepção, foi efetiva: uma fala da Rainha aqui, um comentário do Príncipe Herdeiro acolá, declarações que mostram muito bem o racismo.
A química entre Jameson e Duquesa é muito boa, eles são explosão total. Dinastia Americana é muito quente, mas acredito que o propósito dele é esse mesmo. Inclusive, vi algumas pessoas reclamando que o livro é muito sexualizado, talvez não pelas cenas de sexo em si, mas talvez pelo comportamento da personagem. Não sei, eu por exemplo senti que foi uma crítica à indústria, porque a própria personagem deixa claro que as coreografias sensuais, por exemplo, são impostas pelo empresário dela. É aquela coisa, nada vende mais que o corpo feminino sexualizado, principalmente se esse corpo for preto.
Por falar em cenas de sexo, me incomodei um pouco com um termo em específico, porque pra mim não faz sentido você transar com uma pessoa pela primeira vez e já chamá-la de "amor" na maior naturalidade do mundo. Notei um padrão aqui no Brasil de usarem "amor" para traduzir o famoso "baby", que é um apelido carinhoso lá fora, mas dependendo do contexto não encaixa muito bem. Fui dar uma conferida na versão original de Dinastia Americada e fiquei chocada que os personagens realmente falam "love", juro que esperava encontrar um "baby". Mas enfim, por causa disso, a interação durante o sexo acabou ficando um pouco forçada em muitos momentos.
Eu realmente gostei da história e da costrução dela, pelo menos até uns 80% da narrativa. Isso porque o final, ao meu ver, foi um tanto abrupto. Vou precisar dar um spoiler para explicar, se vocês tiverem pretensão de ler o livro, sugiro que pulem esse parágrafo. Então, lembram do contrato milionário que a Dani estava prestes a assinar e que, de certa forma, motivou todo o enredo? O livro termina sem mostrar se ela conseguiu ou não. A personagem passa o livro inteiro falando dele e não há um desfecho para isso. Fiquei chateada porque a Duquesa que nos foi apresentada não colocaria um romance na frente da sua carreira. Até vi indícios de que terá uma continuação, mas acho que vai acompanhar outro casal, então não sei se terei as respostas que quero.
A questão é que Dinastia Americana é uma boa história com alguns poucos deslizes, mas que não perde em nada para outros livros do gênero, como Através da Minha Janela, cujo foco principal da narrativa é a interação entre os protagonistas. O que eu quero dizer com isso é que alguns livros de romance não têm intenção de entregar assuntos ou relações profundas e está tudo bem, porque às vezes a gente só quer ler uma pegação, não é mesmo?
Título Original: American Royalty ✦ Autora: Tracey Livesay
Páginas: 384 ✦ Tradução: Karine Ribeiro ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora
Olá
ResponderExcluirPrimeira resenha que leio desse livro.
Parece ser uma leitura bem agradável de ser feita,uma pena a gente a autora não ter deixado de mencionar se a personagem conseguiu ou não o tal contrato.Se tiver oportunidade lerei.
Comigo foi diferente! Me apaixonei pela capa. E quando soube que era levemente inspirado na história de Harry e Meghan, se tornou ainda mais desejado.
ResponderExcluirNa minha humilde opinião, fazer como a autora fez, de não ser explícita na questão racial, foi muito perspicaz! Porque quem não se diz racista, e no fundo é, com certeza vai notar falas que poderia dizer ou até as vezes já disse...
Vai ser super desejado agora Dinastia Americana
Gente, eu nunca tinha visto ou lido nadinha a respeito desse livro. Não sei se é pela capa feia rs mas nem isso parece ter sido o motivo não.
ResponderExcluirNão sei...
Mesmo com alguns defeitinhos no enredo, acredito que seja um livro com potencial sim e oh, deu vontade ler!!!
Isso que importa!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
As vezes vejo isso em alguns livros tb, como tudo bem ter essa cena mas q n tenha tantas, ou desenvolver mais os personagens se esse é objetivo tb.. enfim, acontece isso.
ResponderExcluirMas ainda to curiosa em ler esse
Oi Ana,
ResponderExcluirSua resenha me animou para querer ler. Eu já estava com vontade, quando tiver oportunidade vou pegar no Kindle.
Obrigada pela resenha ^^
Bjos
Kelen Vasconcelos
https://www.kelenvasconcelos.com.br/
Se eu vice essa capa na livraria dificilmente eu comprava... KKK Apesar de ter gostado da resenha não é o meu tipo de leitura.
ResponderExcluirOieee, eu já tinha visto esse livro, só não procurei saber sobre, mas lendo aqui a resenha fiquei bem curiosa, ainda mais envolvendo príncipes e realeza.. Tenho quedinhas por príncipes, hahahaha
ResponderExcluirTempos Literários