Foto: @pimenta_preta |
Quem não vive em uma bolha, ou quem vive na bolha certa, provavelmente conhece a Ali Hazelwood. Ela ficou muito conhecida após o sucesso de A Hipótese do Amor, uma comédia romântica sobre uma cientista que acaba se envolvendo com um professor do setor onde realiza sua pesquisa de doutorado. Depois desse, podemos dizer que a carreira da autora deslanchou. Para ser bem sincera, além das situações cômicas entre os personagens, o que eu mais amo nos livros da Ali é justamente o fato dela trazer protagonistas que atuam nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) e, consequentemente, o ambiente científico/acadêmico para as tramas. Foi assim com A Razão do Amor e com as novelas que compõe a coletânea Odeio te Amar.
Eu não costumo ser muito exigente com comédias românticas e é por isso que gostei de todas essas histórias, mas não vou negar que elas são mesmo muito parecidas. Nem acho que é por causa das protagonistas atuarem nas áreas de STEM, e por fazerem questão de mostrar o ambiente tóxico e machista do meio científico... A grande questão são os romances, geralmente com homens altos, musculosos, gostosos, ranzinzas e grandes feito guarda-roupas. Inclusive, acho que essa é maior crítica que a gente vê por aí sobre a autora e seus livros — e o fato de todos serem brancos, é claro —, mas querem saber a verdade? Eu adoro essa farofada. Não tem porque eu mentir para vocês.
E foi por causa disso que eu resolvi ler Amor, Teoricamente, que é meu livro preferido da Ali Hazelwood até agora. Em primeiro lugar, sinto que o texto dela evoluiu muito. Ela consegue manter seu estilo de escrita, mas sai um pouco dessa "fórmula" de fanfic. Não tô dizendo que isso é negativo gente, seria até hipócrita da minha parte porque eu amo fanfic, mas dá para perceber claramente que ela saiu desse lugar-comum, o que significa que, de certa forma, ela ouviu seus leitores.
Nessa história, Elsie Hannaway, uma física teórica, se envolve com Jack Smith, um físico experimental. Eles são basicamente rivais acadêmicos, mas fora desse contexto se dão muito bem. As diferenças já começam aí, porque os protagonistas não se "odeiam", dialogam bastante, mas existem outras questões que "impedem" que eles se envolvam romanticamente. Um deles, por exemplo, é o processo seletivo para professora titular que Elsie participa e que está diretamente ligado a Jack. Alías, essa parte foi muito bem desenvolvida no livro, e eu sei disso porque eu tô no meio acadêmico, e eu amei pra caramba! Ouso dizer que foi o que mais me cativou no enredo, e é uma das coisas que torna esse o meu livro preferido da autora. Também adorei que a Ali desmistificou duas coisas que todo mundo acredita: que professor universitário ganha bem e que pesquisa é valorizada em algum lugar.
Depois, engatei a leitura de Xeque-mate, e foi muito bom porque foi um livro que me prendeu num momento que nada mais estava me interessando. Esse é o primeiro livro da Ali Hazelwood que não é voltado para o público adulto. Confesso que fiquei um pouco receosa porque sou do tipo de pessoa que acha que o sexo é uma das formas mais fáceis de conectar personagens, mas gostei muito de como a autora trabalhou essa questão da sexualidade aqui. Mallory é uma jovem de 18 anos, bissexual, com uma vida sexual muito ativa, mas tem dificuldade de se apegar às pessoas. Nolan, por sua vez, apesar de ser um pouco mais velho que Mallory, nunca havia experimentado de fato o desejo sexual. Essa dinâmica foi muito interessante de acompanhar.
Mas voltando ao cerne da questão, nessa história não temos o famoso ambiente acadêmico, mas os personagens não deixam de ser super inteligentes. Mallory é uma ex jogadora de xadrez, que basicamente desistiu do esporte para sustentar a família. Seu pai faleceu há alguns anos — e mesmo se estivesse vivo, não posso dizer que a relação deles era muito boa —, sua mãe tem uma doença crônica nas juntas que a impede de trabalhar e ela tem duas irmãs mais novas. Esse foi um ponto que me incomodou muito durante a narrativa, porque não me parece normal uma pessoa tão jovem abrir mão de todos os seus sonhos porque acha que tem responsabilidade sobre a família. E o pior de tudo é que a própria família dela parece se sentir muito confortável com a situação.
Abrindo um parênteses aqui... Amo o fato da Ali ter criticado o sistema de saúde estadunidense tanto em Xeque-mate quanto em Amor, Teoricamente. No primeiro, Mallory não teria que aceitar um emprego insalubre, desistir do xadrez e da faculdade, se não tivesse que comprar os remédios caríssimos da mãe, e sem eles ela não consegue se manter saudável o suficiente para fazer qualquer coisa que seja. No fim das contas, ela não tinha muita escolha a não ser deixar que, indiretamente, Mallory assumisse o seu papel em casa e eu até demorei um pouco para entender isso. No segundo, Elsie tem diabetes e mesmo com dois empregos não consegue ter grana o suficiete para bancar um tratamento, o que faz com que ela seja obrigada a "trabalhar" por fora como uma espécie de acompanhante de luxo — acompanhante mesmo, nada sexual, gente. No Brasil esse tipo de coisa não aconteceria, né, mores.
Tá, retornando para Xeque-mate... Mallory acaba aceitando participar de um torneio de xadrez beneficente e, totalmente "sem querer", derrota facilmente o atual campeão mundial, Nolan. Por mais que exista o romance — e notem que os romances da Ali quase sempre são pautados em rivalidades e não necessariamente em relações de inimizade, o que é bem diferente —, o foco maior é na relação da protagonista com a família e no seu crescimento, tanto pessoal, quanto no xadrez. Mesmo depois de muito tempo sem jogar, Mallory se mostra uma competidora à altura, o que incomoda muitos homens. Essa questão do machismo é muito bem trabalhada em todas as histórias da autora, aliás, por isso que eu amo tanto.
E sobre o romance... É interessante perceber como a Mallory tem uma visão super distorcida de relacionamentos amorosos por causa de uma situação envolvendo seu pai, que também era jogador de xadrez. Acaba que esse ponto em específico não influencia somente a forma da protagonista se conectar emocionalmente com as pessoas, mas também em como ela enxerga o xadrez. Por isso gosto de dizer que é uma história sobre uma pessoa que precisa, acima de tudo, resolver seus dilemas para conseguir seguir em frente e entrar em uma relação.
Agora, voltando totalmente para o rolê das fanfics, temos Noiva, o mais novo lançamento da Ali Hazelwood, e com certeza o livro mais diferente da autora — o que parece bem irônico, mas vou explicar. Primeiramente, é um romance sobrenatural entre um lobisomem, ou licano, e uma vampira, e foi praticamente inevitável associar a um universo alternativo em que a Bella e o Jacob de Crepúsculo ficaram juntos. Ao mesmo tempo, foge totalmente da dinâmica científica/acadêmica/totalmente nerd que estamos acostumados, ainda que a protagonista seja da área da tecnologia.
Misery Lark é filha do maioral dos vampiros, e acaba sendo "obrigada" a casar com Lowe Moreland, o alfa do bando de lobisomens. Bom, historicamente sabemos que vampiros e licanos são inimigos mortais, e esse casamento é uma tentativa de estabeler a paz entre os reinos. Misery tem outras razões, nada a ver com alianças políticas, para aceitar essa união forçada, então ainda temos uma cerejinha no bolo que é essa aura de mistério.
Além disso, acho que a maior diferença para todos os outros livros, é que me parece a primeira vez que o personagem masculino tem dilemas quanto ao relacionamento. Sei que muito disso vem do fato deles serem de clãs inimigos, mas o Lowe gosta da Misery e se sente atraído por ela desde o primeiro instante, mas existe alguma coisa dentro dele que impede o desenvolvimento dessa relação. Ainda mais porque a Misery meio que não esconde o tesão né, coitada. A pobre lá doida pro vuco-vuco e o querido "não podemos pois somos incompatíveis sexualmente bibibi bobobó". Enfim, senti que nesse livro a protagonista que tava pronta, e ela que teve que esperar pelo mocinho, sabem?
Também acho que Noiva é o livro mais sexy da Ali, até porque ela explora outras formas de sexo, outras formas de contato e outras formas de conexão — e olha que eu nem tô falando especificamente do babado do nó, que se vocês quiserem saber o que é, sugiro dar um Google ou imaginar dois cachorros cruzando, rs. Tem uma cena específica que rola dentro de um avião, depois deles firmarem uma aliança, que eu faltei morrer lendo e não podia dar nem um piozinho porque era madrugada e não podia acordar o meu querido. Inclusive, esse foi o primeiro livro que me fez virar uma noite lendo, depois de muito, muito tempo... Um hábito nada saudável para uma pessoa grávida, mas não consegui me controlar.
Então vocês me questionam... Nesse momento, eu sei que meu livro preferido da Ali é Amor, Teoricamente, mas eu não consigo ranquear os outros. A Hipótese do Amor tem meu primeiro guarda-roupa preferido, o Adam... Bee e Levi, de A Razão do Amor, arrancam suspiros com a maior tensão sexual da vida... Xeque-mate tem uma das tramas mais legais envolvendo o desenvolvimento pessoal da protagonista... Noiva me trouxe aquele sentimento gostoso de que finalmente os romances paranormais estão voltando com tudo e com muita qualidade... E até Odeio te Amar, que tem uma das minhas novelinhas favoritas, Sob o Mesmo Teto. Simplesmente não dá para escolher, gente.
Eu acho que Ali Hazelwood merece esse hype todo. São histórias muito divertidas, sensuais, bem farofentas, mas sem deixarem de falar sobre algum assunto importante, do jeitinho que eu gosto. Agora, no dia que ela resolver me escrever um mocinho à lá Amaury Lorenzo, aí sim vocês vão me ver bem surtadinha. E é isso, assumo que sou completamente obcecada por essa autora e não vejo a hora de ler qualquer outra coisa que ela lançar. Apenas LEIAM, um beijo e um queijo.
ALI RAINHA! E eu tô assinando embaixo de tudo que tu disse!
ResponderExcluirAli me conquistou no primeiro livro que li dela: Hipótese do Amor. Foi paixão à primeira leitura.
ResponderExcluirJá li Razão e Amor Teoricamente.
Xeque Mate vou ganhar de niver. E Noiva ainda é desejado. P.s. só ela pra me fazer ler sobre vampiros e lobisomens rsrsrs.
E os próximos livros dela já estarão automaticamente na wishlist
Tenho três livros da autora na estante e li apenas um até o momento rs mas a próxima leitura e a última do mês de Abril, será Noiva, que confesso: Estou ansiosa demais!!!!
ResponderExcluirEu gosto de um romance assim, leve, com isso das mulheres em universos machistas.
E sim, seguindo seu conselho, pretendo ler mais da autora!!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor
Ola
ResponderExcluirAcho que sou umas das poucas leitoras que ainda não leu algum livro dessa autora.Ela faz um grande sucesso com seus romances , visto a grande quantidade de livros publicados aqui depois de A hipótese do amor.
Mas sem dúvida que desejo sim conhecer a escrita da autora.
Ótima resenha
eu gosto demais dos livros da ali, eu li aquele dos contos, mas de forma separada, li a hipotese do amor e li noiva <3 meu preferido é noiva, mas ainda falta ler os outros!
ResponderExcluireu particularmente acho que ela tem uma boa "receitinha de bolo" nas histórias, faz sucesso e vende muito, por isso a gente acaba achando bem parecido.
eu gosto de ler os livros dela, me divertir e não pensar em nada kk não pq não tenham sua profundidade, mas eu simplesmente esqueço de tudo e vou só vivendo intensamente a história. quero muito ler xeque-mate e amor teoricamente, assim que possivel vou encaixar na linha tbr
huum, noiva sendo o mais sexy fico curiosa em saber o que tem nesse livro.
ResponderExcluirsó li dela um livro ate o momento, quero muito ler todos os outros.
Oieeee,
ResponderExcluirAmiga, Ali é a rainha... tudo que essa mulher publicar quero ler. Noiva já é o meu favorito e olha que nem leio muito de livros com vampiros e lobisomem emmmm... e sobre a questão do nó, foi nada demais... Quero muito ler os outros da autora, torcendo que o preço abaixe.