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24 de setembro de 2024

Uma Janela Sombria, um baralho mágico e um monstro vivendo dentro da mente da mocinha

Uma Janela Sombria me ganhou na sinopse e eu nem precisei abrir o livro pra saber que eu ia amar essa leitura. Afinal, para uma entusiasta do Tarot, um livro de fantasia com um sistema de magia que gira em torno de um baralho de cartas mágico era tudo que eu poderia desejar. E a leitura não decepcionou. Pelo contrário, eu fui esperando gostar e terminei amando. Fazia muito tempo que uma fantasia não me fisgava assim. Alô, editora Alt, preciso do segundo volume, já estou tendo sintomas de abstinência.

Ok, deixa eu contar pra vocês mais sobre esse livro. Nem vou me aprofundar demais pra não privar vocês do prazer de fazer essa leitura e irem, página após página, montando esse quebra-cabeça fascinante. Mas aqui está o que vocês precisam saber: Blunder é um reino mágico cercado por uma misteriosa Bruma que deixa as pessoas que entram em contato com ela doentes. Após esse quadro que a população chama de Febre, o infectado passa a manifestar habilidades mágicas. Porém, a única forma legal de praticar magia neste reino é através das cartas mágicas, as chamadas Cartas da Providência. Logo, quem desenvolve magia através da Febre é perseguido e morto pela Coroa. Cada uma das 12 cartas da Providência tem um nome e cada uma concede ao seu portador um poder específico, mas há consequências.

Elspeth, nossa protagonista, é uma infectada que conseguiu escapar ilesa (até agora). Seu grande objetivo sempre foi se manter discreta e longe da atenção alheia, principalmente do rei, de seus Corcéis (seu exército) e de seus Clínicos, que são os médicos que diagnosticam a infecção. Porém, ela (e o monstro que vive dentro de sua cabeça) está com seus dias de paz contados. Afinal, não dá pra continuar anônima ficando tão próxima do capitão dos Corcéis.

Eu não me apaixono por um personagem literário há anos, mas preciso admitir que Ravyn é o meu tipo ideal. Low profile, discreto, cordial e gentil. Ah, que refresco em meio a tanta fantasia com mocinhos que fazem o tipo badboy, marrento, frio e emocionalmente indisponível.

Uma Janela Sombria não é grandioso e nem pretende ser, mas é original em tantos aspectos. E o fato de eu ter feito essa leitura logo depois de ter lido outra fantasia que está muito famosa atualmente (não vou dizer qual é, mas o título começa com um número ordinal kkkk') foi tão satisfatório. Particularmente, não aguento mais a história da mocinha frágil e desengonçada que se descobre poderosa de uma hora pra outra, sem nenhuma justificativa e que atrai justamente o cara mais gostoso e ogro que existe no mundo. Uma Janela Sombria até se aproxima desses clichês, mas consegue contornar isso e criar algo um pouco menos batido.

Pra mim, Uma Janela Sombria conseguiu ser clichê na medida certa. Tem um romance bem óbvio, um slow burn delicioso e algumas reviravoltas bem previsíveis que só surpreenderam a protagonista. Mas também tem personagens interessantes, um sistema de magia original e analogias complexas sobre religião, fé e espiritualidade.

O monstro que vive na cabeça de Elspeth é fascinante. Ele fala através de rimas e charadas e vai dando ao leitor dicas do que está por vir. É como se todas as respostas estivessem ali, disponíveis desde o começo da história, mas é preciso atenção pra conseguir decifrá-las. E quando as peças vão se encaixando, a história só fica mais e mais interessante. Quem é o monstro? Porque ele está na cabeça da Elspeth? Que segredos Ravyn esconde? Por que a Bruma existe e como dissipá-la? Onde está a décima segunda carta e por que ela é tão importante?

Eu até poderia escrever uma resenha mais detalhada pra vocês, falando sobre cada Carta da Providência e suas características, mas essa foi uma das partes mais legais dessa leitura pra mim e acho que faz muito mais sentido descobrir essas coisas aos poucos ao longo da leitura. Eu li com um caderno ao lado pra ir anotando tudo.

Vamos falar da narrativa. Ler Uma Janela Sombria é como entrar na floresta num dia úmido. O livro tem uma atmosfera densa e ao mesmo tempo refrescante. A escrita é poética e parece que a autora pensou cuidadosamente em como escrever cada frase. Eu adoro fantasias assim, poéticas. Me lembrou A Garota que Bebeu a Lua e O Mistério dos Cavalos Alados.

O único ponto negativo é que eu achei a edição difícil de manusear. O livro não é maleável e, se você quiser ler com mais conforto, vai ser preciso quebrar a lombada. Mas, tirando isso, é maravilhoso. Vou ficar de olho nos lançamentos da Editora Alt daqui pra frente, pois essa é a segunda fantasia deles que eu amo. A primeira foi Divinos Rivais. Minha edição de Uma Janela Sombria ficou cheia de marcações e anotações nas margens e eu me forcei a ler o livro devagar porque eu queria que durasse mais tempo. Preciso dizer que recomendo?




Ah, e a primeira tiragem do livro veio com alguns brindes que eu amei. Entre eles: as doze Cartas da Providência. Vale super a pena e, da última vez que eu conferi, os brindes ainda estavam disponíveis na Amazon.

Título Original: One Dark Window ✦ Autora: Rachel Gillig
Páginas: 424 ✦ Tradução: Sofia Soter ✦ Editora: Alt
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4 comentários :

  1. Amo quando a gente de cara sente que a leitura vai ganhar nosso coração.
    Sempre digo que uma receita simples, quando bem executada vale muito.
    Você fez muitas marcações.
    Que venha logo o segundo livro e que mantenha esss padrão alto.

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  2. Aqui estou eu lendo e relendo uma resenha tão grande e ao mesmo tempo, que ainda falta mais...parece essa a sensação: preciso de mais, muito mais!!!
    Eu amo fantasias, ainda mais quando envolve isso de monstros, os da mente, os que nos movem e um mocinho bem oposto aos meus favoritos também!!!
    Quantas marcações rs e claro que já estou indo nesse momento namorar ele na Amazon!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel

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  3. Olá
    Eu planejei ler alguma fantasia nesse ano, porque é um gênero que não curto tanto mas queria ler algo desse gênero E ultimamente tem surgirdo várias fantasias que estão conquistando os leitores e eu fico na dúvida se arrisco fazer uma leitura desse gênero.Confesso que fiquei curiosa sobre o fato do livro ter analogias complexas sobre religião fé e espiritualidade,Esse número doze não deve ser por acaso.

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  4. Oie! Eu estava tão animada para esse lançamento, mas simplesmente não funcionou. Eu acho que estava em um momento ruim porque apesar de ter lido 40% e gostar do sistema de magia, eu achei o desenvolvimento denso e lento demais. Mas que bom que você gostou, é ótimo quando um livro já atende as nossas expectativas.
    Beijo!
    https://www.capitulotreze.com.br/

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