“Um romance hilário…” é assim que começa a sinopse de Meu ano de descanso e relaxamento e eu não poderia discordar mais dessa afirmação. Entretanto, ao invés do humor óbvio, encontrei críticas ácidas disfarçadas em anedotas da protagonista. Ou seja, em um saldo geral é sagaz e envolvente, mas não espere um humor como em Friends ou outros clássicos de comédia ambientados em Nova York.
Do berço de ouro no subúrbio, passando por Columbia e se fixando em um apartamento no Upper East Side, a protagonista desse romance é a definição perfeita de privilegiada. Consciente de seus privilégios e após finalmente não suportar mais o peso do seu passado e do futuro imprevisível, ela decide que dormirá por um ano. Com dificuldades em manter-se acordada na descolada galeria de arte onde trabalha, após ser demitida ela decide por em ação seu plano de descanso intermitente.
Para isso, ela precisará dos três personagens principais dessa história. Uma psiquiatra, uma amiga e um artista. A primeira, é uma psiquiatra que é, no mínimo, irresponsável. Ela pouco questiona sobre a vida da paciente, esquece todo o tempo as informações mais importantes e prescreve receitas insanas com remédios fortíssimos que permitirão o sono sem pausas. A segunda, é uma amiga com quem a protagonista vive em uma relação de amor e ódio velado, mas que sempre está por perto colocando-se a disposição. Por último, o artista que é excêntrico e aparece em diferentes momentos da narrativa e ajuda a trazer uma dose de mistério.
Com esse elenco, ela passa a transitar entre presente, passado e futuro, revelando um pouco sobre qual a história de vida que a drenou tanto de emoções. Logo no começo ela explica como ficou orfã, como sua mãe era narcisista e o pai era distante. Fala sobre os eventos gerais de sua vida, atribuindo-se as qualidades de “branca, alta, loira e bonita”, mas explicando que mesmo que isso seja um belo passaporte social em Nova York, não a eximia de se sentir vazia e buscando um período de descanso completo da mente e corpo.
Ela explica que não é um suicídio, é apenas uma pausa. E é nesse ponto que o livro fica controverso. Não sei até que ponto o considerei responsável trabalhando questões tão sensíveis em relação à saúde mental. Essa não me pareceu ser uma preocupação da autora. Aqui parece que trazer o realismo (no sentido literário) era mais importante que abordar essas questões. Sendo assim, caso os assuntos relacionados a consumo de remédios e outras drogas, transtornos mentais ou até mesmo alimentares sejam uma questão para você, esteja atento porque esse livro pode ser um gatilho ou uma leitura desconfortável.
Apesar dessas questões, eu achei o livro uma boa pedida para quem quer uma leitura mais reflexiva com um certo viés pessimista. O livro se passa entre 2000 e 2001, então tem algumas questões culturais estadunidenses interessantes de ver sob outro viés, menos colorido e MTV vibes. Aqui não é o Upper East Side de Gossip Girl ou Sex and The City. As protagonistas continuam privilegiadas, mas o recorte é outro.
Título Original: My Year of Rest and Relaxation ✦ Autora: Ottessa Moshfergh
Páginas: 240 ✦ Tradução: Juliana Cunha ✦ Editora: Todavia
Uma resenha que eu termino de ler sem saber direito o que pensar. Pois há uns pontos que sim, agradam muito. Como essa acidez que eu amo, mas há isso de não levar em questão mais profunda a saúde mental.
ResponderExcluirTá, a época do livro talvez explique isso, pois hoje sim, é questão de honra debater saúde mental.
Ainda não sei se senti vontade ler!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel
Eu não conhecia o livro.
ResponderExcluirE estou com sentimentos conflitantes em relação a protagonista.... Nada contra "tipos" como ela: rycah, branca, bonita.....gosto de personagens assim (amo Gossip Girl), o que me pega é o pessimismo da história....
Já falei muito que queria poder dormir por um ano pra acordar descansada e encarar o mundo de novo, uma pausa de tempos em tempos, então gosto bastante da ideia do livro. Como já tenho carinho pela ideia, a expectativa poderia me atrapalhar, mas ainda quero ler.
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirAchei que o livro trataria de uma mulher casada ,que trabalha fora ,tem filhos etc e que muitas vezes sente o cansaço da correria do dia a dia,mas não é nada disso e confesso que não entendi a proposta do livro.Super importante tratar da saúde mental,mas senti algo confuso na trama