E eu nem sabia como seria
Alguém prevenia
Filho é pro mundo
Não, o meu é meu
Sentia a necessidade de ter algo na vida
Buscava o amor das coisas desejadas
Então pensei que amaria muito mais
Alguém que saiu de dentro de mim e mais nada
Me sentia como a terra: Sagrada
— Mãe, Emicida
Descobri que estava grávida em novembro de 2023, num teste de farmácia que eu fiz por desencargo de consciência e deu positivo. Não foi exatamente uma surpresa, mas eu realmente não esperava, mesmo Cadu afirmando com todas as letras, algumas semanas antes, que eu estava grávida sim. Fiquei muito feliz, mas ao mesmo tempo senti muito medo. Primeiro porque eu estava no meio do mestrado e jurei que minha orientadora ia me matar — eu sei, não faz um pingo de sentido; e segundo porque a gente tende a ter medo do desconhecido mesmo... Acho que é normal, de certa forma.
25 de junho de 2024, 2 semanas antes da data prevista. O dia que eu conheci o amor da minha vida, meu filho. Eu já me sentia mãe, mas conhecê-lo foi, de fato, a coisa mais incrível que me aconteceu. Às 22h29, num parto cesáreo — cês acreditam que ele não quis virar nem por reza? Fiz de tudo para ter um parto normal, mas no fim das contas quem escolheu foi ele, sentadinho na barriga da mamãe até o último minuto —, veio ao mundo Arthur Magalhães Guedes. Que coisa mais louca, né? Saiu uma pessoa de dentro de mim.
Um adendo sobre a cesárea: meu Deus, que coisa mais horrível. Teve uma hora que eu tive certeza que tava morrendo, ainda mais porque começou a tocar Shine On You Crazy Diamond do Pink Floyd e na minha cabeça eu tava chegando no céu. Nem lembro da carinha do bebê, só pra vocês terem noção, kkkkkkk. Ainda assim considero que minha recuperação foi bem boa, mas dói demais o pós operatório. Fiquei uns 10 dias andando toda encumbucada, de tanto que os pontos repuxavam. Inclusive, acho que as pessoas banalizam demais essa via de parto, esquecem completamente que é uma cirugia, sabem? Vivo falando com Cadu que eu prefico ter cinco partos normais a mais uma cesárea.
Depois que Arthur nasceu, eu vivi por meses em dois extremos. Muito feliz, porque é meu filho, a realização do meu maior sonho... E muito triste, porque eu não sabia mais quem eu era. Para ser sincera, acho que eu ainda não sei. Sinto que depois que a gente ganha neném, a gente vive um luto pela "morte" da pessoa que éramos antes. Não sei se faz sentido para vocês, mas é que agora parece que eu sou só a Ana mãe do Arthur. Não que isso já não seja muita coisa, porque é, mas eu sinto falta de ser a Ana do Roendo, a Ana Mestranda, só a Ana. Não vou mentir, às vezes sinto saudades da minha vida de antes, mas ao mesmo tempo não consigo imaginar uma vida em que não exista Arthur. É muito, muito confuso.
Eu sou totalmente responsável por uma pessoa. Fui casa, sou alimento. A cabeça da gente fica a mil, principalmente no começo, é difícil pensar em qualquer outra coisa a não ser a sobrevivência da criança. A gente entra numa pira de achar que tá fazendo tudo errado, que tem alguma coisa errada com o bebê, que ele não tá se alimentando direito, que qualquer chorinho é dor. E nossa, a privação de sono é realmente a pior parte, porque não dormir direito faz a gente ficar mais doida ainda. Eu não consigo explicar pra vocês a carga mental de uma mãe que tem que pensar em cada mísero detalhe cotidiano enquanto tá cuidando do filho.
Não sei exatamente quando a Ana do Roendo vai voltar. Acho que é por isso que tô aqui, escrevendo esse texto. Li, no total, sete livros ano passado inteirinho. Nos primeiros meses de Arthur eu nem conseguia pensar em nada disso, gente. Quem salvou o blog da ruína, como vocês bem sabem, foi a Priscila. Um anjo na minha vida, nunca conseguirei agradecer. Mês passado comecei a ler um pouquinho, umas fanfics aqui, umas comédias românticas acolá... Finalizei um livro de verdade depois de meses e fiquei tão, tão feliz. Por isso, sei que essa Ana especificamente está aqui em algum lugar, só preciso de um pouquinho de paciência. Talvez ela não volte exatamente como era, mas sinto que vai voltar.
Também queria aproveitar esse espacinho — sei que essas fotos belíssimas deram um gás para vocês lerem até o final, rs — para agradecer minha amiga Jess, que tá aqui no Roendo Livros comigo desde os primórdios, segurando minha mão. Agradecer às editoras parceiras, principalmente a Intrínseca, que renovou com o blog mesmo depois de um ano tão conturbado no quesito leituras. E, é claro, agradecer à vocês por ainda estarem aqui, pelo apoio, pelo carinho comigo e com meu pequeno. Sei que continuaremos caminhando juntos, de uma forma ou de outra, porque foi a leitura que nos uniu e eu nunca desistirei dela. ♥️
Lindo e emocionante relato, Ana. Obrigada por compartilhar com a gente.
ResponderExcluirAs outras Anas estão aí... e vão aparecendo sempre que possível..... tudo ao seu tempo
Admiro todas as suas versões, amiga. Você é maravilhosa! Como mãe, mulher, filha, amiga, blogueira, mestranda… e tantas outras. Arthur é um serzinho iluminado que tem muita sorte de ter você ❤️
ResponderExcluirPostagem muito emocionante, Ana! Um filho é uma benção divina. Espero um dia viver essa experiência de ser mãe.
ResponderExcluirBeijos!
https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/
Que texto lindo!
ResponderExcluirQue relato lindo!
ResponderExcluirTe amo e te admiro demais, amiga.
Todas as suas versões são lindas e todas continuam aí. É só que Arthur está precisando muito da versão mãe agora, mas logo ele vai precisar um pouco menos e as outras versões vão poder voltar a aparecer.
Eu aqui chorando ás 9h25 de uma bela manhã! Obrigada por esse relato!
ResponderExcluirQue lindo,emocionante!!
ResponderExcluirHá uns dias eu comentei com Suellen o quanto você é uma ótima mãe. É lindo acompanhar a mãe incrível que você se transformou.Você ainda é todas as Anas,as Cris kkk,mas agora, você está em uma das Anas mais lindas.Te amo e te admiro muito!
Tenho muito orgulho da Ana mãe que você se tornou, da Ana blogueira que me tira uma sensação de imersão em suas histórias, mas acima de tudo, da Ana Ana, que já enfrentou de tudo um pouco, sempre com bom humor e ironias e a força de uma mulher enorme dentro de um mini frasquinho, e isso, além de todas as Anas, é o que te faz você.
ResponderExcluirTe amo muito ❤️
que relato lindo!!! amo vocês 💙
ResponderExcluirOi Ana.
ResponderExcluirMuito lindo o que escreveu :)
Eu pretendo entrar para o grupo das mães esse ano e lendo o que vc escreveu, me deu medo e ao mesmo tempo, uma felicidade e vontade de fazer isso já. Realmente a maternidade é muito confusa, haha.