Vai ser difícil escrever essa resenha, mas vamos lá: vou começar dizendo que a vontade de ler esse livro surgiu depois que o Victor Almeida (Geek Freak) o indicou. Eu gosto das indicações do Victor porque, na maioria das vezes, nossos gostos combinam e as recomendações dele quase sempre funcionam comigo.
Recebi o livro e demoreeeeei pra começar a ler. Não sei explicar o porquê, mas toda vez que eu via o livro em cima da minha mesa, eu simplesmente preferia fazer qualquer outra coisa. Até que, cansada de procrastinar essa tarefa, eu iniciei a leitura. Foi difícil no começo e até procurei resenhas de outras pessoas pra tentar entender o que eu não estava conseguindo captar da história. E o tempo todo pensando: "Victor, você me prometeu!"
Essa dificuldade para me conectar com a história aconteceu principalmente porque não se trata de UMA história, mas de várias, em diferentes lugares e tempos. Começamos acompanhando o jovem Edwin St. Andrew, em 1912. Em seguida, o livro da um salto de 108 anos e nos apresenta outros personagens no ano de 2020. Mais algumas páginas e conhecemos Olive, uma autora em turnê de lançamento de seu novo livro no ano de 2203, quando os humanos já povoaram a lua. Mas é só na parte 4 do romance, que se passa no ano de 2401, que iremos conhecer nosso personagem principal (ou o mais próximo que temos de um personagem principal neste livro), Gaspery. E é só a partir daí que tudo vai fazer sentido, pois há uma estranha experiência que conecta todos esses personagens.
No geral, eu preciso de tempo para me envolver com uma história e fica difícil me vincular quando o livro fica pulando de uma época para outra. Então eu tive que insistir. E valeu muuuuito a pena ter insistido. Não que a história seja 100% original. Na verdade, eu tenho certeza que você, assim como eu, já assistiu ao menos um filme ou leu pelo menos um livro com essa mesma temática. Mas é uma temática tão interessante que não se esgota facilmente. E a autora, Emily St. John Mandel, conseguiu trazer inovação e, principalmente, sentimento pra essa história, com uma pitada de dilemas morais.
Eu sei que estou soando misteriosa e gostaria de poder falar mais sobre minha experiência, mas eu realmente não quero estragar o seu processo de leitura, pois tudo que eu disser a partir daqui será um grande spoiler (apesar da sinopse entregar TUDO). Eu não sou o tipo de leitora que gosta de ficar tentando desvendar os mistérios de um livro. Eu gosto de me deixar levar e de me permitir ser surpreendida na hora que a autora quis que eu me surpreendesse. Isso, na minha opinião, também garantiu que minha experiência de leitura fosse boa, porque eu senti o impacto de cada plot twist. Se você também gosta de se surpreender com o andamento da história enquanto ela acontece, não leia a sinopse do livro. Mas, mesmo lendo a sinopse e sabendo o tema principal, eu garanto que a leitura tem muito mais a oferecer. A revelação final é realmente incrível e muito tocante.
Mas não só de plot twists sobrevive um bom livro, né?! Mar da Tranquilidade também é cheio de reflexões tocantes sobre a vida e as conexões humanas. Eu marquei várias frases e é evidente que a bagagem literária da autora é grande, pois há também várias citações e paráfrases ao longo da história.
Um personagem que me interessou muito foi o primeiro apresentado no livro: o jovem de 1912. Todos os personagens voltam a aparecer posteriormente e eu aguardei ansiosamente o reaparecimento dele. Fiquei pensando que eu facilmente leria um livro inteiro só sobre ele e sobre tudo que o livro não mostrou da vida dele.
É divertido pensar que todas as respostas estiveram ali o tempo todo e esse é um daqueles livros que você tem vontade de voltar ao início assim que termina de ler, pra tentar ver os sinais que você ignorou na primeira leitura.
Terminei o livro com muitos sentimentos. Não foi uma leitura 5 estrelas pra mim, mas chegou muito perto. A história é muito boa, mas faltou envolvimento. Estranhamente, eu cheguei a conclusão de que faltaram páginas. Eu queria mais dessa história, com mais detalhes, mais desenvolvimento e menos saltos abruptos no tempo. Queria ter me apegado mais aos personagens pra ter me importado mais com as coisas que aconteciam com eles. O livro já tem uma carga emocional forte, mas com mais páginas isso teria sido ainda mais intenso. E digo isso principalmente quanto ao Gaspery. A história dele é linda e comovente, mas suas escolhas e decisões são pouco contextualizadas, simplesmente porque parece que não o conhecemos tão bem e não entendemos seus valores e o que o motiva.
Eu diria que foi uma leitura 4 estrelas, mas favoritada. Vocês favoritam livros que não são 5 estrelas? Pra mim não é tão comum, mas acontece de vez em quando. E aconteceu com Mar da Tranquilidade. Foi uma leitura emocionante e inteligente, mas poderia ter sido ainda melhor se eu tivesse me apegado mais aos personagens.
Oi Pri
ResponderExcluirConcordo com você que muito plot twist pode deixar a experiência de leitura. Tem um livro que está com um bom hype que também sofre desse mal....
Respondendo sua pergunta... favorito s partir de 4.5 estrelas